Stick it to the Man é um jogo absolutamente bizarro e fascinante. Você controla Ray, uma pessoa comum que habita em um universo em que tudo é feito de papelão e adesivos. Certo dia, ele sofre um acidente e então passa a ter um braço de espaguete rosa gigante saindo de sua cabeça. Esse braço lhe dá poderes de manipular o mundo, dobrando-o e rasgando-o, e ainda permite que ele use adesivos (stickers) para criar e manipular objetos que encontrar pelo caminho.
O braço misterioso também permite que Ray leia a mente das pessoas e animais que encontrar, descobrindo seus segredos e seus desejos e usando isso para benefício próprio. Contudo, quando ele estava se acostumando com a estranha novidade, Ray começa a ser perseguido por capangas de um vilão chamado apenas de “The Man”, que quer Ray a qualquer preço. A história então se desenrola, e a cada capítulo pode ter certeza de que tudo fica mais estranho.
Stick It é muito bonito visualmente: tudo é altamente estilizado como papel e adesivos, e o mundo parece ter vida própria. As animações dos personagens e cenários também são muito boas, todas mostrando bem como seria um mundo feito de papel. Para completar, o jogo tem um filtro granulado, como se fosse um filme antigo, que combina bastante com o ambiente, sem ser abusivo ou exagerado.
Os personagens são tão bizarros quanto o jogo, indo de um gângster idoso com uma dentadura espetacular até um gorila filósofo que gosta de praticar tiro-ao-alvo. Todos os personagens e diálogos possuem voz, e as atuações são ótimas. O jogo é muito engraçado, com um humor negro e estranho que muitas vezes me fez rir em voz alta, algo incomum para mim. Há muitas piadas o tempo todo, e várias referências a outros jogos que não são óbvias, mas são legais quando percebidas.
O gameplay é bem simples: o jogo alterna momentos básicos de travessia de plataformas com puzzles usando o braço de espaguete. Os puzzles do jogo são todos geniais e geralmente envolvem utilizar algum adesivo encontrado para criar um objeto que permita que você avance no jogo, ou ler as mentes das pessoas e descobrir o que elas estão pensando para que elas possam lhe ajudar. Alguns puzzles são fáceis, outros são bem desafiadores e farão você pensar bastante, mas todos são muito legais de resolver.
Stick it é quase um “jogo de aventura” tradicional, com desafios que exigem mais da cabeça do que dos reflexos musculares, utilizando objetos para avançar na história. A premissa do jogo ser em um mundo de papel permite que muitos puzzles bizarros façam todo o sentido, e interagir com os personagens mais estranhos que eu encontrei nos últimos tempos faz a experiência ser ainda mais interessante.
Contudo, deve ser dito que ele é um jogo de curta duração, levando algumas poucas horas para ser completado, e depois de terminá-lo não há incentivo para jogar de novo, a não ser obter alguns troféus que você possa ter perdido ao longo do caminho – a maioria deles relacionados a missões opcionais que você pode cumprir nas fases. Também vale ser dito que o jogo não possui opção de diálogos ou legendas em português, para aqueles que se importam com isso, e as legendas em inglês sofrem com alguns problemas: nem sempre aparecem, muitas vezes estão sem sincronia e nem sempre o que é dito pelos personagens é o que está escrito no texto.
Jogar Stick it to the Man é uma experiência muito boa, mesmo que seja curta. É um jogo que não tem medo de ser diferente, que oferece um mundo e uma galeria de personagens muito estranhos e muito carismáticos, além de um gameplay repleto de puzzles que farão você pensar bastante para progredir. Por fim, Stick it to the Man é mais uma prova cabal para as grandes produtoras de que, para ter um jogo bom e interessante, não é preciso fazê-lo todo marrom e estrelando um soldado careca que sozinho consegue salvar o mundo.
Jogo analisado com código para download fornecido pela produtora.
Veredito
90