[PSN] Spelunky

Há um certo prazer estranho em gostar de jogos difíceis. Alguns deles abrem mão da acessibilidade e oferecem desafios quase desumanos para os jogadores, e muitos de nós aceitam isso de braços abertos e nos dedicamos a masterizar algo quase impossível de ser dominado. Essa é uma onda contrária à grande maioria dos jogos modernos, que fazem de tudo para facilitar a experiência do jogador, puxando a sua mão e ensinando a ele como dar cada passo no jogo. Spelunky faz questão ir contra isso e oferece uma jornada difícil, desafiadora e muito viciante.
 
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Spelunky é um jogo de plataforma 2D em que você controla um explorador e percorre dungeons em quatro mundos principais coletando ouro e pedras preciosas. O charme do jogo é que todas as fases são geradas de forma aleatória: uma fase nunca será igual à outra. A estrutura básica das fases é ter uma entrada no topo e uma saída na parte inferior do mapa, mas a forma como trafegar entre elas é sempre diferente, por bem ou por mal.
 
A morte é uma companheira constante no jogo. As fases são repletas de inimigos e de armadilhas de diferentes tipos e comportamentos, ambos também distribuídos aleatoriamente pelas fases. Não há save points, checkpoints ou “vidas”. Você inicia o jogo com 4 pontos de HP e ao perder todos eles e morrer, não há continuação: você é levado de volta para o começo do jogo. Apesar da maioria dos inimigos e armadilhas tirarem 1 HP por ataque, vários deles conseguem te matar com apenas um toque, causando mortes acidentais que certamente farão você utilizar todo o seu vocabulário de palavrões.
 
O jogo oferece um pequeno tutorial no começo, para ensinar o básico do básico, mas a maior parte das mecânicas de Spelunky devem ser descobertas ou por sorte ou por tentativa e erro. A ênfase aqui é no “erro”, pois você pode ter certeza de que morrerá centenas de vezes e muitas delas de forma, basicamente, idiota.
 
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Você precisa ter muita atenção quando joga, pois qualquer movimento em falso pode te levar para a morte prematura. Mas quem gosta do jogo e se dedica a entender o seu funcionamento com detalhes terá uma experiência muito boa aqui. Conforme você joga, você se aprimora e consegue dominar alguns aspectos do jogo que, inicialmente, podiam parecer impossíveis. Você nunca pode jogar de forma relaxada, mas com o tempo você começa a ficar mais ousado, e gosta disso.
 
Os comandos que o jogo oferece são bem simples. Você pode andar ou correr, pode atacar usando o seu chicote, outra arma que encontrar ou vários tipos de objetos comuns que pode atirar (como pedras e caixas), e tem à disposição bombas para matar inimigos e destruir partes do cenário e cordas para subir em locais outrora inalcançáveis.
 
O dinheiro acumulado na sua jornada serve tanto para colocar você mais alto no ranking das fases quanto para adquirir itens em lojas encontradas pelo jogo. Como tudo em Spelunky, as lojas aparecem aleatoriamente e oferecem itens também aleatórios, como bombas e cordas extras, espingardas, uma luva que permite você escalar paredes, pára-quedas e até um jetpack. Aprender para que serve cada item e como aproveitá-lo ao máximo é outro desafio que o jogo oferece.
 
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É muito interessante como o jogo parece simples à primeira vista mas vai apresentando suas camadas aos poucos, para aqueles que realmente se dedicam a ele. Itens e fases secretas estão por todo o lado e você deve descobrir sozinho como chegar até eles, e muitas recompensas aguardam aqueles que perseveram.
 
Você pode escolher o personagem com quem joga, mas nenhum deles possui nenhum tipo de “status”, sendo diferentes apenas na aparência, que é ótima por sinal: os personagens são muito bonitinhos, desenhados muito bem e com um estilo super-deformado, além de serem bem animados. É possível jogar com até outras 3 pessoas no modo cooperativo (que tem muito de competitivo), mas infelizmente esse modo não pode ser usufruído online, sendo apenas local.
 
As músicas do jogo, apesar de simpáticas no começo, com o tempo acabaram me cansando. Elas são repetitivas, considerando que você vai morrer a toda hora e vai escutar a mesma música centenas de vezes, e algumas são realmente chatas desde a primeira vez. A trilha sonora aqui deixou bastante a desejar.
 
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A tela OLED do Vita ajuda muito o jogo a parecer bonito, mas nenhuma outra característica do Vita é bem utilizada em Spelunky. Você usa a touch screen na tela de Press Start e nas telas de resultado entre as fases, e só. Os menus principals não podem ser selecionados via toque. O acelerômetro é usado nos menus para mexer os cenários de fundo, e só.
 
Faltou explorarem melhor os recursos únicos que o Vita oferece. Um uso interessante poderia ser a touch screen ou o touch panel traseiro sendo usados para olhar para cima e para baixo das fases, ação que atualmente só pode ser feita segurando o direcional para o lado desejado durante alguns segundos. Hotline Miami fez algo nesse estilo e essa foi uma adição muito bem vinda naquele jogo.
 
 
 
Também vale ressaltar que a dificuldade do jogo não é para todos. Você morre muito facilmente e a todo momento, e isso exige paciência e perseverança do jogador. Muitos provavelmente não teriam ânimo de jogar as “mesmas” fases por centenas ou até milhares de vezes e nem assim conseguir chegar ao final do jogo, mas isso é comum de acontecer aqui.
 
Spelunky é um jogo muito difícil, muito desafiador e que vicia muito aqueles que querem se dedicar a ele. A aprendizagem por repetição fará de você um jogador melhor, e os desafios sempre novos oferecidos pelas fases aleatórias não deixam que o jogo pareça repetitivo. As músicas não são tão boas e os recursos únicos do Vita são mal aproveitados, mas mesmo assim Spelunky é uma ótima experiência e um jogo que merece ser conferido por todos. O importante é não ter medo da morte. Ela será a sua maior companheira no jogo.
 
Jogo analisado com cópia digital adquirida na PlayStation Store.

Veredito

85

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