[PSN] Sonic the Hedgehog 4: Episode I

Sonic the Hedgehog 4: Episode I é a tentativa da SEGA, após anos, de trazer o ouriço ao mundo 2D. Mundo este que, se levarmos em consideração a situação atual do personagem, nunca deveria ter sido abandonado. Mas qual é o resultado final? Esta é uma resposta complicada para ser respondida em poucas palavras, mas podemos resumir que, para garantir que não existissem erros nessa transição, parece estarmos jogando um remake com uma nova física do que um novo título feito pela SEGA.

Sonic 4 segue o estilo clássico da série, sugando elementos de todos os outros jogos de Mega Drive. Há quatro zonas com três atos cada, lembrando Sonic 1. De Sonic 1, podemos ver também que, além do óbvio (Sonic ser o único personagem), temos o primeiro chefe clássico sem tirar nem pôr, o estágio especial (colete 50 anéis e entre no anel ao final da fase) que é parecidíssimo mas com um controle um pouco melhor que o original (não que isso signifique alguma coisa) e mais outros elementos. Sonic 2 e Sonic 3 também influenciaram em diversos pontos, desde o som de ganhar uma vida de Sonic 3, até Super Sonic.

Porém, o que mais foi sugado dos outros títulos e que passa um ar de um remake como dito anteriormente, são as fases e seus chefes. Apesar de você poder selecionar as fases e jogá-las como quiser, todas elas são baseadas nos outros jogos. Splash Hill Zone é uma Green Hill Zone (Sonic 1), Lost Labyrinth Zone é uma Labyrinth Zone (Sonic 1), Mad Gear é uma Metropolis Zone (Sonic 2) e Casino Streets Zone é uma Casino Night Zone (Sonic 2). Quando é dito “é uma” é que lembra tanto, mas tanto, que o chefe de cada zona é exatamente o mesmo das fases mencionadas. Isso que não menciono o chefe final, o qual também é um já enfrentado pelos jogadores em um título de Mega Drive.

Mas é tudo tão igual assim? Não, obviamente. Cerca de 50% são baseados nesses jogos antigos (inimigos, temática, chefes e elementos das fases, sendo que este último suga não só da fase mencionada, mas também de fases de mesmo tema – por exemplo, os canhões de Carnival Night Zone de Sonic 3 estão em Casino Streets Zone).

E os outros 50%? São novidades e serão nelas provavelmente que as críticas surgirão. As próprias zonas não são puros remakes (na verdade, todos os momentos plataforma são coisas novas, a repetição fica apenas na temática, inimigos e chefes, como dito), como a Casino Streets Zone com suas cartas e a Lost Labyrinth com seus puzzles (Sonic carrega uma tocha em um determinado ato e acredite: há alguns puzzles que farão você parar para pensar o que deve ser feito). Não há nenhuma música reaproveitada em Sonic 4, todas são criações novas e é um ponto positivo para a SEGA. Todas tentam buscar inspiração nas originais de Mega Drive e conseguem agradar. Apenas pessoas que não têm nostalgia pelos jogos antigos não apreciarão as novas composições.

Mas a maior novidade e que era algo que preocupava os fãs é o Homing Attack. Esse golpe de Sonic, existente desde alguns jogos antigos como Sonic 3D Blast e aprimorado em Sonic Adventure, poderia simplesmente “estragar” Sonic 4, pois facilitaria muito o elemento plataforma em pular em cima dos inimigos. Ele é ativado apertando o botão de pulo durante o ar, mas devido ao seu curto alcance colocado em Sonic 4, funcionou muito bem. Se usado sem ter um inimigo em sua mira, ele funciona apenas como um dash aéreo, algo muito útil considerando a física desse jogo.

A física é algo que é preocupante em Sonic 4. É impossível agradar a todos, portanto existirão pessoas que aprovam ela, enquanto outras a odiarão eternamente. Como todos jogos que existem na face da Terra, é tudo uma questão de se acostumar à jogabilidade. Mas há dois fatos que posso destacar e fornecer os meios que contornam esses mesmos fatos para exemplificar: na fase Casino Streets Zone, como em Sonic 2, existem os momentos em “U” gigantescos. Se considerarmos a física dos outros jogos, bastava girar com o personagem, ganhar velocidade e pronto, sairia desse “half-pipe”. Em Sonic 4, o giro do personagem (não o “spin dash”, para baixo e pulo, mas sim o giro apertando-se diagonal inferior enquanto corre) é lerdo e mesmo girando no half-pipe ele não conseguirá a velocidade necessária para sair. Como passar? Corra. Por mais bizarro que isso seja, a corrida de Sonic tem uma prioridade maior que o seu giro. Outro ponto que isso causa uma consequência é a aceleração do personagem: Sonic demora eras para adquirir uma boa velocidade. Mas há duas técnicas para contornar isso: o próprio spin dash ou o homing attack aéreo sem mirar em um inimigo. Há vários outros exemplos que podem ser discutidos aqui, mas para todo argumento apresentado existirá uma contra-resposta. Por isso, a física é simplesmente um “ame ou odeie”, ou melhor dizendo, “acostume-se ou deixe-a”.

A física também atrapalha os estágios especiais. Essas fases foram o pior erro da SEGA. Sonic 1 possui, de longe, as piores fases especiais de toda a série. Os controles não possuem resposta adequada e o único meio de chegar a elas era coletando 50 anéis nos atos. E é justamente isso que vemos em Sonic 4: controles sem resposta e a necessidade de terminar a mesma fase várias vezes toda vez que você deseja coletar a esmeralda. Não dá para entender o motivo de escolherem as fases bônus do primeiro jogo da série, ao invés das fases infinitamente melhores de Sonic 2 e principalmente Sonic 3 & Knuckles.

Coletando as sete esmeraldas, você pode virar Super Sonic em qualquer fase. Vale ressaltar que, além de um modo “Score Attack” (modo padrão do jogo), existe um “Time Attack”, que pode ser ativado na seleção de fases e consiste apenas em terminar as fases no menor tempo possível sem morrer. Se você virar Super Sonic (algo que só acontece com 50 anéis e é ativado apenas se apertar um botão no ar, lembrando Sonic 3 e não Sonic 2), existirá uma indicação em seu ranking pessoal. Há rankings online tanto para o Score quanto para o Time Attack.

Sonic the Hedgehog 4: Episode I possui quatro zonas e três atos cada (os quais são relativamente grandes), além do chefe. Há uma fase extra que é o chefe final mais todos os outros chefes que precisam ser enfrentados novamente. E, por fim, sete fases especiais para se coletar as esmeraldas. Considerando tudo isso, é um jogo grande para um sistema de downloads, mas o seu preço de 15 dólares talvez seja acima do ideal.

Definitivamente, não é o jogo que fará o personagem voltar à sua era de ouro. É divertido, bem produzido, sua física necessita de compreensão e adequação do jogador e faz inúmeras referências aos jogos anteriores. Ele é altamente indicado para os fãs do ouriço, recomendado para as pessoas que gostem de um bom jogo e deve ser ignorado pelas pessoas que não dão chance ao personagem, achando que ele já deveria ter sido enterrado há anos. Não será aqui, mesmo em uma versão 2D, que essas pessoas mudarão de opinião.

Veredito

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