[PSN] Shovel Knight

Nos últimos anos o fenômeno Kickstarter se mostrou como um canal viável para a concretização de sonhos e projetos independentes, incluindo os jogos. São diversas propostas interessantes surgindo, porém nem todas, mesmo algumas financiadas, dão as caras. Há também situações em que o produto entregue não cumpre as promessas e qualidades anteriormente apresentadas.

Fruto de uma campanha de sucesso no Kickstarter, Shovel Knight talvez não tenha arrecadado quantias absurdas e estabelecido algum recorde nesse sentido. No entanto, o primeiro jogo da Yacht Club Games representa um marco pelo produto que foi entregue: caprichado, divertido, carismático e ganhador de diversas premiações.

Praticamente um ano depois do lançamento original, a aventura do distinto cavaleiro que usa uma pá como arma finalmente chega às plataformas da Sony. Conforme a descrição na página da campanha, Shovel Knight é uma "carta de amor aos 8 bits”. Pode parecer um produto endereçado somente aos retrogamers, mas o game possui apelo suficiente para conquistar novos jogadores.

Sua homenagem à geração 8 bits recorre a diversos clássicos do final de década de 80 e 90. Jogos como Megaman, Zelda II, Ducktales e Castlevania são alguns que compõem a estrutura do gameplay do jogo. Mas Shovel Knight não está preso à simplicidade do passado, o jogo tem um cuidado contemporâneo, especialmente no level design que deixa os jogos 8 bits bem simples em comparação.

A narrativa do jogo não se desprende do formato retrô, com imagens sem animação e textos contando a história. Contudo, a história de Shovel Knight tem seu charme, e isso se deve especialmente a seus personagens carismáticos.

A jornada do pequeno cavaleiro começa a ser contada pela sua relação com a Shield Knight. Juntos, são companheiros de aventuras e muito próximos, até que um amuleto amaldiçoado faz Shield desaparecer. Desolado pelo sumiço de sua aliada, Shovel Knight aposenta e começa a levar uma vida solitária. No entanto, na iminência de uma nova ameaça, o cavaleiro retoma sua aventura para trazer ordem ao reino, agora ameaçado por uma feiticeira e seus servos.

É interessante o tom romântico que o jogo dá para a relação de Shield e Shovel Knight. Ao final de alguns cenários, o protagonista tem pesadelos envolvendo sua companheira, em um formato de minigame. Nota-se uma ênfase na relação dos dois, embora não seja algo muito implícito. Shovel Knight também reencontra velhos conhecidos durante sua jornada, agora inimigos que obedecem às ordens do novo reinado.

O jogo é dividido em várias fases interligadas por um mapa similar ao de Super Mario Bros 3. Todas as fases “principais” contam com um chefão no final e diversos itens escondidos, entre eles uma relíquia – habilidade ou poder que diversifica ainda mais o gameplay. Existem também algumas fases mais curtas (para coleta de joias), duelos e vilarejos. Diversos personagens excêntricos povoam estas vilas e lhe oferecem produtos em troca de suas joias coletadas durante as fases.

A diversão do jogo vem dos desafios bem construídos de cada fase. Além de um jogo de plataforma que exige precisão nos pulos e movimentos, existem empecilhos envolvendo cada area temática do game. A exploração bem feita de cada cenário também recompensa o jogador adequadamente. Paredes falsas e algumas entradas escondidas devem estimular os exploradores.

Inimigos e chefes oferecem uma parcela do desafio, mas não são tão severos quanto os buracos e espinhos do jogo. Os power ups ou relíquias, se bem utilizados, sempre garantem lutas tranquilas e relativamente fáceis. O game é bastante “amigável” e não deve frustrar os jogadores que não suportam a dificuldade exagerada dos jogos antigos. A única queixa nesse aspecto fica por conta do sistema de punição do jogo. Não existem vidas; ao morrer o jogador perde parte do seu dinheiro e sacolas de jóias ficam jogadas pelo cenário. No entanto, é muito comum que tais sacos fiquem em lugares inacessíveis, impedindo que o jogador os recupere.

A qualidade visual e sonora é outro grande destaque do jogo. A pixel art herda o que existia de melhor nos jogos do velho Nintendinho, mas com uma paleta de cores muito mais rica. As animações são variadas e bem elaboradas também. Detalhes no background como o movimento da vegetação provocado pelo vento indicam um tipo de recurso que era praticamente impossível de se notar nos clássicos 8 bits. A trilha sonora é fantástica e embala as aventuras do jogador com chiptunes contagiantes. Como grande apreciador desse tipo de música, fazia tempo que não ouvia uma trilha tão inspirada.

Nem tudo em Shovel Knight é perfeito. A aventura é curta, característica essa que deveria ser divergente dos jogos 8 bits que tem como referência. Por mais que seu conteúdo seja aceitável, podiam existir mais fases, itens e duelos. O mapa do jogo é um pouco limitado e nos deixa carentes por mais desafios. Os duelos com personagens aleatórios também são estranhos, muitos deles parecem mal aproveitados para só um encontro. Todavia, a desenvolvedora já prometeu uma série de DLCs gratuitos, o que deve remediar parte desse problema. O conteúdo adicional “Plague of Shadows” será o primeiro a ser lançado, com uma nova aventura para um dos cavaleiros presentes no jogo.

Para quem esperou tanto tempo, as versões PlayStation possuem um pequeno extra – o duelo contra o Kratos de God of War. Vencendo o Deus da guerra, Shovel Knight ainda ganha acesso a um novo item. No Vita, existem algumas funcionalidades envolvendo a tela de toque, mas não é um aspecto que acresce muito ao jogo. A opção cross-buy está disponível, assim como cross-save, tornando essa versão ainda mais interessante. A existência de um conjunto de troféus com platina também é entusiasmante, especialmente pela dificuldade absurda de algumas conquistas que devem enfurecer até mesmo os retrogamers mais preparados.
 

Veredito

Não só um modelo para campanhas do Kickstarter, Shovel Knight é também um exemplo de como se deve retomar os elementos estéticos, sonoros e interativos dos clássicos 8 bits, sem ter “cara de velho”. É talvez o jogo perfeito para apresentar aos jovens de hoje o que havia de melhor nos games do passado.

Jogo analisado com código fornecido pela Yacht Club Games

Veredito

90

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