Se você colocou um gato dentro de um ambiente fechado, contendo apenas um aparelho que talvez possa soltar um veneno mortal no felino, como saber se o animal está morto ou vivo, sem violar o local fechado? Essa é basicamente a premissa do jogo Schrödinger’s Cat and the Raiders of the Lost Quark, o novo game indie da Team17, famosa pela série Worms.
Não entendeu nada da explicação sobre a premissa do jogo? Eu também não, pois não conhecia o experimento conhecido como “Gato de Schrödinger”. E como o game também não explica, apesar de ser baseado nele, tive que recorrer à (maravilhosa) Wikipédia para entender. Recomendo você fazer o mesmo, pois a explicação é muito grande e complexa (igual ao nome do jogo). Em resumo, o game usa a incerteza se o felino está morto ou não para criar um super gato ninja que não morre (já que não se sabe sobre o estado de saúde dele) e que é o super agente secreto chamado para encontrar alguns fugitivos do Zoológico de Partículas, local principal onde se passa o game.
SCATROTLQ (até a sigla pro nome do jogo é grande!) é um game de plataforma, side-scrolling, com cenários 2D, gráficos vetoriais e muitas cores – MUITAS mesmo. Misturando referências de Mega Man, Sonic e LittleBigPlanet, você controla o Schrödinger’s Cat, que precisa passar pelo Zoológico de Partículas e encontrar diferentes seres, chamados quarks, que possuem habilidades distintas, porém misturáveis, para ajudá-lo a resolver os pequenos puzzles.
O jogo em si mais parece ser um game educativo do que um produto feito unicamente para divertimento. Com ele, você treina memória, raciocínio lógico e aprende muito sobre física. Porém, a maioria do conteúdo é voltada apenas para quem entende ou gosta da matéria, pois muita coisa também não é explicada. Há também um sistema de perguntas para o jogador ir entendendo o game, entretanto, por mais que algumas piadinhas sejam engraçadas, essa parte é totalmente desnecessária e mais parece um teste de paciência em que todos querem tirar zero.
Os gráficos são muito bonitos e extremamente coloridos – recomenda-se jogar bem longe da TV (e com um óculos escuro). Se você tem cinetose, "a doença do gamer", passe longe deste jogo devido a sua movimentação de câmera, luzes e as cores, MUITAS cores. As cutscenes, apesar de muito bonitas, são apenas desenhos vetoriais sendo trocados na tela. A dublagem do gato e dos personagens passou longe de ter uma sincronização, mas esse é o único problema relacionado ao som, pois todo o áudio, dubladores e a trilha sonora são maravilhosos e empolgantes, mostrando o por que Schrödinger’s Cat and the Raiders of the Lost Quark foi indicado a tantos prêmios nessa categoria.
O gameplay é interessante no começo, mas logo tudo começa a ficar repetitivo. Não só os poderes, que são sempre iguais, mas o que fazer no cenário em si. Além disso, você, já no começo, consegue habilitar os quarks e suas combinações (pode-se combinar até três deles por vez), o que te dá mais de duas dúzias de poderes pra memorizar em meia hora de jogo, fazendo você dar pause toda hora para ver a lista de combinações e conseguir seguir com o gameplay.
O game peca por não ser user-friendly e parecer querer agradar mais a um pequenino grupo de players do que ao público em geral. Porém, como a maioria dos jogos plataforma, ele é desafiador e muito bonito, valendo algumas boas horas de gameplay. Talvez se os produtores fizessem um desenho animado baseado no jogo o sucesso seria maior. Ao final, você não sabe se jogou um game educativo feito para crianças ou um desafiador e engraçado game sobre física que tem muitas cores, MUITAS mesmo.
Veredito
Schrödinger’s Cat and the Raiders of the Lost Quark é tão complexo e mal explicado quanto seu nome, o que pode ser algo bom ou ruim dependendo do jogador. O game é feito principalmente para quem gosta bastante de física, fala inglês técnico na área e curte jogos de plataforma. Mesmo assim, pode ser um prato cheio para jogadores casuais ou que querem matar o tempo.
Jogo analisado com cópia digital fornecida pela Team17.