Definitivamente, Run Like Hell! está no lugar errado. Por mais que o PlayStation Vita nos tempos atuais esteja recebendo uma enxurrada de jogos oriundos de plataformas mobile, este jogo da Mass Creation pouco agrega em termos de identidade para o portátil e a conversão deste jogo, lançado há algum tempo para Android e iOS, consegue ficar mais perdido do que seu próprio protagonista, que se encontra em uma misteriosa ilha, na qual deve escapar de maneira incessante das garras de canibais sedentos por uma carne fresca.
Tal qual o título denuncia, estamos diante de um jogo no estilo runner, que consiste em ser guiado pelo persongem cenários adentro (ao estilo on-rail), apenas se preocupando em desviar de obstáculos. Caso já tenha tido algum contato com Temple Run ou Subway Surfers (dois dos mais famosos do gênero), terá uma noção do que encontrar em Run Like Hell!. Todavia, desta feita, a progressão nos é dada em 2D e lateralmente.
Há um enredo que vai se delineando em raros e rasos diálogos e situações. Contudo, na esmagadora parte do tempo, estaremos entretidos em fugir de um destino nada glorioso. Ainda mais com a disparidade entre os modos de corrida do protagonista e da tribo carnívora. Aliás, não se torna tarefa difícil perceber características similares entre o herói (um caçador de tesouros) e outro famoso caçador de tesouros, mais bem-sucedido, porém não mais sortudo quando se mete em suas aventuras. Nos deparamos até mesmo com algumas linhas de diálogos semelhantes.
Tanto o personagem quanto os seus inimigos devem passar pelos mesmos desafios em cenários praianos, florestais, em ruinas, dentre poucos outros. Os obstáculos são maquiados para que pareçam diferentes, mas, com o tempo, o jogo entrega uma sucessão repetitiva, exaustiva e com poucos méritos. Tais barreiras (naturais ou não) e armadilhas exigem que o jogador tenha sincronia para saltar e deslizar, duas das mecânicas mais decorrentes. Errar causa uma punição dolorosa, ainda mais ao ver que na sua cola estão adversários portando lanças, mas que curiosamente não sofrem das mesmas arguras para passar por esses obstáculos, o que torna pouco crível as perseguições. Para contornar este desequilíbrio bizarro, Run Like Hell! proporciona um sistema tímido, porém eficiente, de power-ups que também testam a habilidade do jogador em conseguir pegá-los no contexto da correria frenética. Há a possibilidade de o jogador aumentar a velocidade de sua corrida ou, ainda, conseguir reduzir a velocidade dos canibais implacáveis.
Contudo, tais recursos ditos funcionam relativamente bem quando estamos diante do modo online do jogo, à parte do modo história. Em tais modos, você pode desafiar seus amigos, além de jogar contra até quatro jogadores em cenários reaproveitados do modo single-player. As corridas ocorrem de maneira fluida e existe a possibilidade de adquir power-ups previamente, desde que o jogador tenha moedas suficientes para gastar na loja do jogo. Além de poderes especiais, é possível destravar muitos personagens, alguns custando centenas de milhares de moedas, acumuladas no multiplayer e no single-player.
Veredito
Por mais que tenhamos um esforço para mostrar uma gama de conteúdo, o caminho para desfrutá-lo em Run Like Hell! é penoso devido aos seus insucessos. Simples ao extremo e um estranho no ninho dentro do PlayStation Vita, a Mass Creation nem ao menos se deu ao trabalho de possibilitar o uso da tela de toque para executar saltos e deslizar, algo que aproximaria o jogo de uma experiência mobile. Apesar de contar com um modo online relativamente divertido, a experiência, em sua totalidade, é totalmente dispensável no portátil da Sony.
– Jogo analisado com cópia digital fornecida pela Mass Creation