Ray Gigant faz parte dos DRPG, ou dungeon role-playing game. Com exploração em primeira pessoa, este é mais um jogo da Experience, desenvolvedora por trás de jogos como Demon Gaze, Operation Abyss e o recente Stranger of Sword City. A marca registrada da Experience é desenvolver jogos do mesmo gênero, mas cada um com seu traço único, e Ray Gigant não foge à regra.
Em comparação com outros jogos da mesma desenvolvedora ou mesmo do gênero, Ray Gigant chama a atenção por ter um foco grande na história e sua estética de anime. Você começa o jogo com Ichiya Amakaze, um garoto que descobre possuir habilidades especiais com seu Yorigami, um ser misterioso, logo no dia em que a Terra é invadida por seres extraterrestres, os Gigants.
Cabe à Ichiya, como um dos poucos “naturals”, aqueles que conseguem controlar o poder dos Yorigamis, e também aos outros “naturals”, lutar contra os Gigants e tomar o controle da Terra de volta. Em Ray Gigant, apesar de começar controlando Ichiya, a história vai se desenvolvendo e o jogador vai conhecendo os outros protagonistas da história, todos com o mesmo objetivo de derrotar a ameaça extraterrestre.
O estilo em que a história é construída relembra episódios de anime, ou mesmo RPGs antigos divididos em capítulos. Cada capítulo possui um mapa diferente e um chefe no final dele. Cada capítulo introduz uma novidade à história e uma trama ao enredo. Ao final de cada um, uma mensagem de “To be continued…”, algo como “continua…”, espera o jogador.
A história em si não é das mais originais, mas ela faz uma boa adaptação da boa e velha “invasão alienígena”. Cada personagem tem sua motivação própria para participar da luta e conhecer grupos diferentes, cada qual com seu plano final, é algo bem interessante. A história sabe quando deve ser levada a sério e quando é o momento de descontrair.
Toda a exploração do jogo se dá em primeira pessoa e os mapas já começam marcados com os inimigos. Não existe encontros aleatórios enquanto explora, apesar de existirem caminhos em que o combate é inevitável. Com o progresso do jogo, novas artimanhas são introduzidas à exploração, como pisos de teletransporte e buracos disfarçados.
As batalhas são a parte que mais chama a atenção no jogo. Com sua estética anime em 2D, os seus personagens devem derrotar os mais variados inimigos durante a sua jornada, principalmente chefes com mais de vinte andares de altura. São poucos os jogos que adotam esse estilo “2D em 3D”, o mais conhecido é o Time & Eternity de PS3, inspiração para o estilo desse jogo.
Durante a batalha, você possui uma quantidade de pontos para gastar com ações em cada turno. Ataques, habilidades e magias, cada um gasta uma quantidade específica desses pontos, que são recuperados aos poucos a cada turno, ou quando o jogador seleciona que algum dos personagens simplesmente esperem e não façam nada naquele turno.
Não é um sistema novo, mas também não é um sistema muito usado. Ele acaba incentivando que o jogador acabe usando apenas um de seus personagens e faça os outros não agirem durante as batalhas. No final das contas, acaba virando um sistema de apertar os mesmos botões e repetir depois de todo turno, sem variar muito, já que a dificuldade não exige do jogador muita estratégia.
A dificuldade do jogo é um ponto que pode ser positivo ou negativo, dependendo do jogador. Comparativamente com outros do gênero, Ray Gigant é muito fácil. Tão fácil que você não vai precisar trocar de estratégia se conseguir encontrar uma combinação que funcione. Também de certa forma, é o melhor jogo para se introduzir ao gênero, já que os outros costumam ser muito difíceis ou mesmo pouco explicativos.
De certa forma, o jogo acaba ficando um pouco “raso” em quase todos os aspectos, menos na história. Fora ela, o que chama mais a atenção é a arte e a trilha sonora, ambas sendo as mais bem acabadas da desenvolvedora, talvez pelos recursos destinados ao jogo, de forma que o jogo foi publicado pela Bandai Namco no Japão, uma empresa que dispõe de mais recursos do que os outros parceiros da desenvolvedora.
Contando com 19 capítulos no total e com pouco incentivo à jogar toda a história novamente, é possível terminar o jogo por volta de 30 horas e a platina vem quase que naturalmente com a história, exceto por alguns troféus que podem ser obtidos em pouco tempo, sem nenhuma preocupação de perdê-los durante o jogo. O jogo conta com dublagem em japonês e legendas em inglês.
Chegando ao final do jogo, acabei por satisfeito com as 27 horas que passei com Ray Gigant. É um jogo que contou uma história do começo ao fim, introduzindo personagens e dinâmicas novas ao jogo ao longo da jornada, e que em nenhum momento deixa de ser interessante. Talvez por ser fácil demais ou não explorar uma riqueza em diversidade, seja nas habilidades ou na estratégia, ele não seja o melhor do gênero, mas acaba sendo a melhor indicação para quem esperava uma boa oportunidade de jogar um bom DRPG.
Veredito
Ray Gigant traz um DRPG em forma de anime, com arte e trilha sonora compatíveis. Talvez tentando ser uma experiência universal, peca por ser fácil demais, porém continua sendo um dos melhores do gênero até hoje.
Jogo analisado com código fornecido pela Acttil.