[PSN] Plants Vs. Zombies

Esta é uma das premissas mais estranhas que eu já vi: zumbis querem invadir sua casa, e como de costume, devorar seus miolos. Entre você e a horda dos putrefatos está apenas o seu quintal, no qual você plantará os mais diversos tipos de vegetais para se defender – inclua nesses vegetais batatas que funcionam como minas, abóboras que funcionam como armaduras, pés de alface que lançam suas folhas sobre os inimigos, cerejas explosivas e miutos outros. O título do jogo é literal: Plants Vs. Zombies (PVsZ) é realmente sobre plantas e zumbis se enfrentando até a morte.

Por trás de toda essa bizarrice, porém, o jogo é reconhecidamente um espécime de Tower Defense para qualquer fã do gênero. As particularidades de PVsZ não são meramente estéticas, mas os elementos que compõem o gênero estão lá. Os recursos que você usa para construir suas linhas de defesa em jogos similares, por exemplo, são (apropriadamente) tratados aqui como “sóis”. Suas plantas exercem funções de ataque, suporte e defesa, e com elas, você deve montar um esquema sustentável que impeça o avanço dos zumbis para sua casa.

Em sua forma mais básica, PVsZ acontece em seu quintal, pela manhã. Você começa com 50 sóis e recebe mais 25 em um certo intervalo de tempo. Plantando girassóis para receber mais sóis, você consegue mais recursos para montar suas defesas, e assim, evitar que os mortos-vivos o devorem. Com o passar do jogo, você passará por momentos à noite (em que você não recebe os 25 sóis intervalados, mas tem à disposição os poderosos e muito mais baratos cogumelos), fases na água (em que você precisará de vitórias-régias para colocar suas plantas) e o telhado (que é desnivelado e exigirá plantas que atirem como catapultas). Talvez tudo soe um pouco complicado na forma escrita, mas PVsZ é simples e fácil de se entender.

Os zumbis também vão progressivamente aumentando sua quantidade, variedade e especializações. Além de mortos-vivos “comuns”, você se deparará com alguns que usam varas para saltar sobre suas plantas, outros montados em golfinhos e outros que são mineradores e atacam suas defesas em pordem inversa, para citar alguns. Sua variedade de plantas também aumenta gradativamente, totalizando nada menos que 49 vegetais diferentes contra mais de 20 tipos de devoradores de cérebros. A boa variedade de inimigos, aliados e situações garante diversidade de estratégias, e o jogo dificilmente cai na mesmice.

O modo principal conta com 50 fases, mas o jogo vai bem além. Após a conclusão do modo principal, você tem acesso a modos de Survival, Puzzle e os meus favoritos, os mini-games. Não bastasse isso, você ainda tem à disposição o Zen Garden (um lugar tranquilo para cultivar e vender plantas) e pode completar a aventura novamente, desta vez mais difícil por ter 3 plantas escolhidas aleatoriamente para você em cada fase.

A versão Vita de PVsZ conta com dois esquemas de controle: um com a touch screen, semelhante às versões iOS, e outro com os botões de face, semelhante ao PS3. Há argumentos favorecendo ambos os tipos de controle, e enquanto eu prefira jogar PVsZ com a touch screen, é bom saber que você não está preso a uma configuração única. Eu tenho, porém, uma queixa quanto à tela de toque – mais especificamente, no que concerne uma planta em especial, o Cob Cannon.

O Cob Cannon é uma das plantas mais poderosas do jogo: ao se colocar dois Kernel-pults lado a lado, você pode substituí-los pora um Cob Cannon, ao custo de 500 sóis. O Cob Cannon age como uma Cherry Bomb reutilizável, podendo lançar seu míssil em qualquer parte do cenário. O Cob Cannon, entretanto, não é automático como as outras plantas, e exige que o jogador o ative manualmente. Essa ativação frequentemente causa problemas, com o toque sobre o vegetal não sendo detectado ou o jogo se recusando a lançar o míssil sobre a área escolhida. Nos modos em que o Cob Cannon é mais usado, como Survival: Endless, isso causa problemas desnecessários que podem desmoronar a estratégia do jogador.

Num lado positivo, a versão Vita conta com uma funcionalidade única que é muitíssimo bem-vinda: você pode optar por, ao mexer levemente o portátil, todos os sóis e moedas na tela sejam coletados automaticamente, sem a necessidade de se clicar em cada um individualmente. Pode parecer pouco, mas é uma ajuda imensa nas fases em que você planta muitos girassóis e recebe mais sóis do que consegue contar.

PVsZ é visualmente muito simpático e agradável. Os gráficos são cartunescos, e enquanto não ofereçam o “fator uau” de um Uncharted ou Wipeout, são belos e cumprem bem seu papel. Os zumbis são caricatos e possuem boas animações, com destaque para o caminhar lento e poderoso dos Gargantuars. As plantas, porém, são de muito longe o maior destaque, esbanjando designs que, com o perdão do trocadilho, afloram suas personalidades – o olhar sereno dos girassóis, as “caras de mau” dos Torchwoods, Doom-shrooms e Cherry Bombs e as lágrimas másculas dos Tallnuts dão emoções aos seus aliados, e é divertido observar os detalhes de cada membro do seu quintal.

O jogo roda sem problemas na maior parte do tempo, mas a quantidade de absurda de plantas e zumbis na tela nos modos Endless, e em especial no Survival: Endless, traz consigo um slowdown considerável e que incomoda muito. Não é algo que estrague o jogo, mas é estranho ver um problema de slowdown em um jogo de gráficos relativamente simples rodando em uma plataforma tão poderosa quanto o Vita.

O áudio de PVsZ é um show. Muito da popularidade do jogo veio do vídeo “Zombies On Your Lawn”, em que um simpático girassol canta a divertida e viciante música-tema do jogo. Composta e interpretada por Laura Shigihara, a OST de PVsZ é agradável e combina muito com o jogo, agregando bem os elementos de diversão e “terror”.

PVsZ é espetacular, sendo facilmente um dos melhores jogos do gênero. Entretanto, cabe aqui uma questão importante: como a versão Vita se compara às outras? Particularmente, acho a versão Vita a mais completa de todas, combinando os elementos da versão iPhone com a do PS3, permitindo controles com touch screen ou botões, e com um troféu de Platina para completar o pacote. O preço, porém, é um tanto mais salgado que o das outras versões, custando 15 dólares contra 4 ou dólares das versões iOS e a versão “grátis” que os donos de PS3 com Plus receberam há algum tempo.

Este é o único impedimento real que consigo ver quanto ao jogo: se você já o possuir em alguma outra plataforma, em especial o iPhone ou o PS3, os 15 dólares não justificam a aquisição da versão Vita, salvo a caça à platina. De resto, considero PVsZ um jogo obrigatório – não só para o Vita, mas para qualquer plataforma que o possua.

— Resumo —

+ Original e divertidíssimo.
+ Quantidade impressionante de extras.
+ Controles por touch-screen ou por botões, a escolher.
+ Ótima trilha sonora.
+ Uma das versões mais completas do jogo.
+ Troféu de platina para os caçadores.

Alguns problemas de frame-rate.
Algumas falhas de detecção do toque com o Cob Cannon.
Não vale muito a pena para quem tem as versões do PS3 ou do iPhone.
Preço elevado em relação às outras versões.

Veredito

95

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