[PSN] Mervils

Mervils: A VR Adventure é um exemplo de que não se deve julgar um livro pela capa. Neste caso, não se deve julgar um bom jogo por seus gráficos. Dito isso, vamos logo falar daquilo que é mais evidente: Mervils possui gráficos ultrapassados, que se encaixariam em um jogo de Nintendo 64. Suas texturas possuem poucos detalhes e definição, bem como a modelagem dos personagens e cenários são bem simples. Mesmo assim, não chega a ser feio; tudo que está ali é identificável e serve a seu propósito.

Até mesmo a equipe de desenvolvimento reconhece a limitação gráfica e se justifica por ser um time pequeno (e que provavelmente possui um orçamento limitado). Desse modo, eles tomaram a decisão de concentrar seus esforços nas mecânicas de jogo e no design de fases, e posso dizer que foi uma sábia decisão, pois, tirando as limitações gráficas, Mervils é um jogo agradável e muito divertido.

O jogo se passa no Reino dos Mervils, pessoinhas que levam suas vidas pacatas de mineração e colheita. Você é um aventureiro que foi escolhido (como sempre…) para combater o mal que assola o reino: Balazar, um Mervil exilado por lidar com magia negra, está retornando e planeja vingança contra todos.

O reino é protegido por um campo de força mágico criado pelo Grande Livro Mervil. Porém, as páginas do livro estão espalhadas pelas diversas regiões que compõem o reino, e com isso sua magia está enfraquecendo. Cabe então a você coletar estas páginas e ganhar poder suficiente para derrotar Balazar.

O jogo é classificado como "RPG de plataforma mundo aberto", porém, considero isso ambicioso demais, dado o seu escopo. Eu o classifico como sendo um jogo de plataforma em terceira pessoa, que mistura mecânicas de ação e aventura, com pitadas de RPG. Cada região é bem extensa e há bastante coisa para ser explorada, mas não dá para dizer que seja um "mundo aberto".

O Reino de Mervils é dividido em quatro mundos, compostos por três fases e pelo menos uma batalha contra um chefão em cada. Os mundos possuem sua própria temática e suas fases são muito bem feitas, trazendo puzzles, combate, itens e locais secretos, além de quests e subquests, todas bem simples. Seu objetivo principal em cada fase é coletar as páginas do Grande Livro Mervil, sendo que algumas estão na sua cara, enquanto outras ficam escondidas em pontos estratégicos ou são recompensa de alguma quest ou ação.

A primeira fase é uma introdução às mecânicas básicas do jogo e confesso que esse começo me deixou meio desapontado, pois estava achando muito simples e sem graça. No entanto, o jogo vai sofrendo uma evolução constante, incluindo sempre algumas novidades em cada fase, e acaba se tornando muito divertido. Houve um bom esforço da desenvolvedora em fazer puzzles criativos e variar nas mecânicas de plataforma para sair da mesmice. As fases de "carrinho", por exemplo, foram umas das minhas preferidas (lembram vagamente as de Donkey Kong), principalmente por estar dentro de um ambiente de Realidade Virtual.

É possível perceber referências claras aos jogos de Mario e Zelda. A escolha de mundos e fases me lembrou muito Mario 64 (as páginas de Mervils são as estrelas de Mario), fora a coleta de moedas. O esquema de combate, exploração e abertura de baús lembra Zelda, inclusive a primeira vez que abri um baú, já estava aguardando meu personagem levantando um item ao som de uma música animada (isso, porém, não acontece). Não quer dizer que Mervils seja uma cópia barata desses jogos, longe disso, ele possui sua própria identidade em suas mecânicas e design de fases.

O combate é bem simples e até mesmo bobinho, possuindo um sistema de colisão ruim. O R2 ataca e não há botão de defesa, ou seja, você acaba usando a estratégia "ataque, corra/pule, ataque novamente". Isso, no entanto, não é tão relevante, pois o combate não é o coração do jogo, à exceção das lutas contra chefões, mais bem feitas e com mecânicas mais elaboradas.

Vamos falar então sobre os chefões. Comparado com os inimigos espalhados pelo cenário, as lutas contra os chefões são intensas e bem criativas, se utilizando bastante da exploração do ambiente (as lutas finais são ótimas). Cada chefão possui seu próprio estilo e ponto fraco. Algumas batalhas variam e acontecem em primeira pessoa, fazendo um bom uso do capacete para a mira.

Mervils traz a possibilidade de criar e customizar seu próprio personagem, embora isso seja uma ferramenta simples e com poucas opções. Você escolhe o gênero e tem algumas opções para mudanças estéticas como cabelo, rosto e vestimentas. Além disso, é possível equipar seu personagem com algumas armas e armaduras que trazem melhoria de vida e status, sendo que a maioria deve ser comprada com as moedas coletadas pelas fases.

Há dois modos de câmera no jogo. Um é a câmera padrão em jogos 3D normais, aquela que acompanha o personagem, só que no PSVR esse tipo de câmera pode ocasionar enjoo por movimento. É aí que estra o segundo modo; neste, a câmera se mantém fixa em um ponto até que você a mova ou a rotacione. Para aliviar problemas de enjoo, a rotação é feita por meio de "blink", isto é, a transição é instantânea, sem animação do movimento. Trocar entre os dois modos, bem como fazer alguns ajustes, é simples e benéfico em algumas situações, bastando acessar o menu pressionando o botão Options. Vale apontar que em alguns momentos a câmera atrapalha o jogo, pois fica "dentro" ou tapada por objetos do cenário.

A trilha sonora de Mervils me impressionou. As músicas são bem feitas e se encaixam bem na temática de cada mundo/fase. As fases de carrinho, por exemplo, trazem músicas bem animadas, deixando o jogo mais divertido. Algumas, inclusive, têm uma melodia bem chiclete, que gruda na sua cabeça, e vira e mexe eu me pegava assoviando elas.

A dublagem (apenas em inglês, bem como as legendas) também é bem feita, com entonações e sotaques variados, e apenas uma ou outra dublagem ruim ou sem emoção. Aqui faltou ser implementada a opção de avanço nos diálogos, pois alguns são bem extensos e é necessário se ouvir até o fim para poder acessar uma opção.

A utilização do PSVR foi bem implementada e acabou sendo uma experiência nova para mim, por fugir da visão em primeira pessoa. Um jogo de plataforma em terceira pessoa no VR te dá meio que uma visão de um tabuleiro e possibilita mais liberdade para enxergar o mundo de diferentes ângulos. Apesar disso, não vejo muita razão para ele ter sido feito exclusivamente para plataformas de realidade virtual; a desenvolvedora poderia ter feito uma versão não-VR, o que possibilitaria ampliar sua base de jogadores.

Resumindo o que falei no começo, Mervils tem qualidades suficientes para relevar seus gráficos ultrapassados (5 minutos de jogo e você já nem se importa com isso). É um jogo agradável e divertido, que sempre coloca elementos novos em cada fase. Suas 6 horas de duração (mais, caso queira completar todos os objetivos) também é um ponto positivo, quando comparado com a duração de outros jogos para o PSVR, fazendo valer o preço cobrado. Se tiver uma oportunidade, dê uma chance ao jogo.

Veredito

Apesar de uma clara limitação gráfica, Mervils: A VR Adventure é um jogo divertido, com mecânicas variadas e um level design bem feito. Não dava muita bola ou esperança a ele, e acabei sendo surpreendido a cada nova fase. Por sua simplicidade, ele é recomendado tanto a crianças quanto a adultos. Apesar de não ter legendas em PT-BR, suas mecânicas e objetivos são fáceis de serem entendidos. Tire seu preconceito com relação a gráficos e entre no mundo de Mervils pela diversão.

Jogo analisado com código fornecido pela desenvolvedora.


 

Veredito

82

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Veredict

Even though having a visible graphical limitation, Mervils: A VR Adventure is a fun game, with varied mechanics and a well-done level design. I confess I started playing it without any expectative and I ended up being surprised on each new level. For its simplicity, the game is recommended for children and adults. Even though it does not have Brazilian Portuguese subtitles, the game’s objectives and mechanics are easy to understand. Do not focus on graphics and dive into the world of Mervils for all its fun.


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