Mais do que nunca, parece que o PS3 é a casa dos games artísticos. A PSN já conta com games extremamente abstratos como Journey, The Unfinished Swan, Rain, entre outros. E para ser adicionado à lista de títulos do console que parecem ter sido feitos por desenvolvedores que largaram a faculdade de artes para fazer games, chega Master Reboot, produzido pela desenvolvedora galesa Wales Interactive. No entanto, ao contrário dos jogos citados anteriormente,o game acaba morrendo em sua interessante premissa e falhando em diversos aspectos.
A história de Master Reboot gira em torno da Soul Cloud, uma empresa que fornece uma espécie de backup das memórias de pessoas que já morreram. Dessa forma, familiares podem revisitar esses momentos gravados para a eternidade na nuvem. O sistema promete acabar com a mortalidade da humanidade, mesmo que ainda assim as memórias sejam apenas playbacks de coisas que já aconteceram. Você é então colocado na pele de uma personagem sem nome que explora a Soul Cloud e acaba se deparando com um mau funcionamento do programa. Memórias bizarras e extremamente perigosas são acionadas erroneamente, contando até mesmo com ursinhos de pelúcia gigantescos e assassinos. Além disso, na maioria dos cenários você irá se deparar com uma garotinha com um estilo diabólico que será seu carrasco na maioria dos cenários do jogo.
Apesar da desenvolvedora descrever o jogo como um "terror sci-fi", a atmosfera assustadora não é sentida de forma impactante. Há até alguns cenários mais bizarros e sustos que embalam a jornada, mas não espere nada no nível de Outlast ou da série Dead Space, por exemplo.
Os puzzles, quando não simples demais, apenas são colocados de qualquer forma ao jogador. Não existe muita lógica em como resolvê-los, visto que depende muito da exploração de quem está jogando.
Um bom exemplo disso é no cenário do Playground, onde há um escorregador e acima dele um item necessário para avançar, em um nível extremamento alto e não alcançável. À primeira vista, não há nada de errado com o escorregador. Porém, após explorar o cenário inteiro diversas vezes, encontra-se um objeto azul que acaba sendo usado como um degrau que estava faltando no brinquedo. O problema é que o visual do jogo é tão simplório que esse item nem ao menos remete a um degrau e o escorregador parece em perfeitas condições de uso, o que acaba confundindo muito quem se aventura pela fase. Em raras exceções os puzzles conseguem ser engenhosos, mas ainda assim nada de espetacular é apresentado no decorrer do jogo. Alguns deles irão nos remeter até mesmo àqueles testes de lógica que encontramos em exames psicotécnicos.
O sistema de memórias divididas em casas do "hub" principal é interessante, mas após passar por algumas logo se nota que cada uma delas é apenas um minigame sem muita inspiração. A mecânica do jogo se baseia demais em quick time events poucos inspirados e exploração em primeira pessoa de cenários extremamente diminutos.
A narrativa dos eventos contados através de documentos espalhados pelo cenário é até interessante, entretanto, ainda assim não prende o jogador o suficiente para encarar os desafios propostos com muita empolgação. Por muitas vezes, parece que as partes jogáveis estão apenas lá para justificar Master Reboot como um game e não um filme interativo.
Veredito
Master Reboot deixa um gostinho amargo de que poderia ter sido mais bem executado. Sua ideia é extremamente promissora e chama atenção daqueles que procuram um game com uma proposta diferente e fora do habitual. No entanto, ele acaba se perdendo em meio a mecânicas preguiçosas e falta de capricho nos principais aspectos que seriam o destaque dele: os puzzles e cenários.
Jogo analisado com código fornecido pela Wales Interactive.