Quando vi o trailer de Lost Orbit, o primeiro jogo que me veio à mente foi Velocity. Apesar de algumas mecânicas serem semelhantes, o jogo da indie PixelNAUTS tem sua própria identidade. Seu objetivo é navegar pelo espaço em pequenas fases, coletando Obtainium e desviando-se de obstáculos que podem te causar uma grande variedade de mortes.
Ao invés de uma nave, sua navegação é com o próprio protagonista, chamado Harrison, que é o “cara da manutenção” – no caso, manutenção de relés de comunicação no espaço sideral. Após um acidente que o deixou isolado no espaço (e sem que ninguém se importasse em resgatá-lo), ele criou equipamentos que permitiram sua navegação pelo espaço, na procura para voltar a sua terra natal (que não parece ser a Terra).
Durante sua jornada, Harrison acaba sendo salvo por Null, uma máquina dotada de inteligência artificial que também navega pelo espaço (e que faz as vezes de narrador do jogo). Null parece sofrer uma crise existencial, observando a jornada de Harrison e fazendo comentários e questionamentos em relação a seu comportamento.
Devo admitir que as primeiras fases do jogo me engaram pensando que haveria uma história densa por trás, o que, infelizmente, não se provou verdade. As conversas entre Harrison e Null possuem um tom de solidão e busca por companheirismo que despertam interesse. Entretanto, fiquei aguardando por alguma reviravolta ou um daqueles momentos “uau” quando, de repente, o jogo acabou. Foi um pouco decepcionante.
O jogo é composto por dezenas de fases de curta duração, com a adição gradual de novos elementos que podem servir como obstáculos ou facilitadores. A navegação é diferente, mas fácil de aprender: quando você move para esquerda ou direita, o personagem segue nessa direção, mas realizando um movimento circular.
Lost Orbit não é um “jogo de navinha” clássico, de sair atirando em inimigos. O espaço se mostra um local solitário (daí muitos questionamentos de Null) e seu objetivo principal é desviar de obstáculos diversos, em sua maioria asteroides e planetoides. Alguns inimigos aparecem mais ao final do jogo, mas também servem apenas para serem desviados.
As fases são modeladas de modo a tornar a morte uma constante, com obstáculos colocados em posições estratégicas. Houve até uma preocupação da desenvolvedora em tornar essa parte mais divertida, com diversos “estilos” de morte, baseado no contexto e nas ações tomadas momentos antes.
Para facilitar a navegação, é possível realizar upgrades com Obtainium, itens coletados pela fase. Com eles, pode-se melhorar a aceleração e a frenagem, magnetizar a roupa, facilitando a coleta de mais Obtainium, e até mesmo realizar um movimento acrobático saudosista (“Do a Barrel Roll”).
Ao final de cada fase, é feita uma avaliação baseada no tempo levado para finalizá-la, na quantidade de Obtainium adquirido e no número de vezes em que morreu. A classificação vai do bronze até a platina, a qual é extremamente difícil de conseguir. Essa é uma das abordagens que aumentam bastante o replay do jogo.
Outro elemento que aumenta a vida útil de Lost Orbit é a presença de leaderboards (mundial, 10 melhores e comparação com amigos). A classificação é baseada no tempo para se completar a fase. Existe também um modo “Contra o tempo”, para você se desafiar em cada fase, com o auxílio de um fantasma, que mostra a navegação feita por você em seu melhor tempo.
Aqueles que não gostam da parte competitiva ou de repetir continuamente níveis irão encontrar pouco conteúdo no jogo, pois é possível finalizá-lo em cerca de 4 horas. Apesar da curta duração, a diversão é garantida, pois as fases são bem feitas. Algumas trazem momentos emocionantes, quando você consegue gravar onde estão os obstáculos e os elementos facilitadores, realizando o percurso e fazendo os desvios necessários em uma ação frenética. A música também ajuda no clima do jogo, trazendo batidas animadas nos momentos certos.
O jogo está localizado em pt-br, o que é louvável em se tratando de um jogo indie. Ela, entretanto, ficou regular. Existem erros de tradução, bem como a ausência desta em alguns menus e títulos. É possível também notar alguns problemas de sincronia com a narração e as legendas. No entanto, nada disso é grave ou chega a comprometer o jogo.
Veredito
Lost Orbit é divertido, porém, curto. Existe um estímulo a ser rejogado várias vezes na busca por melhores classificações, principalmente no alto nível de exigência para obter a platina em cada fase. Com níveis bem trabalhados e a possibilidade de upgrades, é um jogo despretensioso que pode te prender pela narração, mas que termina de maneira abrupta. Vale a pena como um passatempo.
Jogo analisado com código fornecido pela PixelNAUTS Games.