[PSN] Lone Survivor: The Director's Cut

Recentemente o gênero Survival Horror tem encontrado amparo em jogos independentes ou em produtoras menores, fora do circuito “mainstream”. Lone Survivor, agora em sua versão Director’s Cut, é mais um jogo de destaque deste grupo, ao lado de Amnesia, Outlast, entre outros. No entanto, pode-se dizer que Lone Survivor é único no gênero, por sua composição em pixelart e por sua jogabilidade 2D – algo nada comum neste grupo. O game também traz um aspecto interessante que o diferencia dos demais, a preocupação em manter ou não a boa saúde mental do protagonista, recurso que impacta diretamente na progressão do jogo.

O que confere a identidade do jogo é sem dúvida sua pixelart. Alguns não aprovam essa escolha e classificam este recurso como um método preguiçoso. Eu discordo dessa ótica, mas no caso de Lone Survivor, me senti incomodado com o visual. Na versão PS3 a unidade de pixel parece grande, o que dá uma impressão de sprites estourados, de imagens granuladas e de pouca nitidez. Isto pode ser remediado diminuindo o tamanho da tela pelas opções do game, mas é um desperdício do potencial de sua HDTV (problema que inexiste na versão Vita).

O visual é confuso em alguns cenários, de forma que em determinados momentos fica difícil distinguir partes interagíveis ou sprites em sua composição. Na parte do subsolo, por exemplo, sem o uso da lanterna você dificilmente encontrará algumas portas, visto que camuflam com o background. Também sofri para identificar os ratos no jogo, que durante minha primeira playthrough, achei que eram efeitos de poeira.

Por motivos como esses e pela composição pouco elaborada de assets, o jogo falhou em me absorver plenamente para dentro do seu universo. Ainda sim, é um jogo muito interessante e convidativo, se ele peca um pouco pelo visual, ele compensa pelos aspectos sonoros.

Os efeitos de áudio são excelentes e representam o recurso mais imersivo do game. O som ambiente, barulhos de monstros e objetos, chiados de rádio e uma ótima trilha sonora tornam o mundo de Lone Survivor atraente e autêntico. A trilha sonora nem sempre consta de sons sinistros e são comuns algumas melodias com batidas viciantes, que não se deslocam do contexto do game.

Muitas dessas melodias acompanham cenas de corte do jogo, momento reservado para lhe dar pistas sobre a história. Se você pulou a versão PC, tudo será enigmático e aos poucos você vai captar algumas ideias e formular suas próprias conclusões. Mesmo com o final da sua jornada, muitos elementos ficam em aberto, o que exige muita interpretação do usuário e consequentemente, teorias interessantes sobre o universo do game. Para os familiarizados com o jogo do PC, a versão Director’s Cut traz algumas novidades, entre as mais significativas; novos encerramentos e um new game+.

Lone Survivor bebe muito da fonte de Silent Hill, algo que não é de se espantar, visto que Jasper Byrne (criador do jogo) é fã assumido do segundo game da série. Assim como na franquia da Konami, o terror psicológico é parte essencial de Lone Survivor. Basicamente, você poderá conduzir o jogo de duas maneiras – ignorando ou cuidando de sua saúde mental. Dormir e se alimentar bem são essenciais para manter o seu “sobrevivente” em boa forma. Suas ações nesse sentido afetarão muito o desenrolar do game e, inevitavelmente, o final.

Quanto ao gameplay, Lone Survivor é um jogo de terror que vai lhe exigir amplo domínio dos espaços 2D e escolher entre agir com cautela ou agressividade aos diversos desafios presentes. Infelizmente nem sempre será possível partir para o “stealth” e você precisará bater de frente com inimigos, já que não é todo local do game que possui um segundo plano para você se esconder. Quanto as maneiras de lidar com os obstáculos impostos, a minha maior queixa está na falta de variedade. Ou o jogador usa flares/pistola para atacar ou usa iscas e se esconde dos inimigos. O game também possui pouquíssima variedade de inimigos e ambientes. Tudo isso é agravado pelo tamanho do produto – durante minha primeira jornada, levei apenas 4 horas para terminar.

A curta duração do jogo é compensada pelo new game + que possui algumas novidades, além da possibilidade de fazer novos finais (são cinco ao todo). Um dado importante para os caçadores de troféus: o jogo possui um set com platina, incentivando diferentes experiências no game. A minha recomendação é jogar pela primeira vez de forma descompromissada e no new game+ traçar o caminho oposto da sua jornada original, isto é, alternando entre saúde mental boa e ruim. Também sugiro começar pela dificuldade normal, o que pode lhe evitar algumas frustrações em relação a ausência do confuso, mas necessário, mapa do jogo.

Lone Survivor: The Director’s Cut é mais uma valiosa contribuição para o gênero Survival Horror. Embora seja limitado e curto, o gameplay conta com ideias frescas e uma história instigante. Na parte técnica, os visuais desapontam, mas a qualidade do áudio supre essa deficiência. Seus méritos ultrapassam seus defeitos; é uma experiência curiosa e indicada para o público geral. Já para os fãs de terror psicológico, é essencial.
 


— Resumo —

+ Boas ideias no gameplay
+ História interessante
+ Trilha sonora e recursos de áudio excelentes
+ Newgame+ e diversos finais

Falta de variedade
Pixelart do jogo desagrada
Muito curto

Veredito

80

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Veredict

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