[PSN] -KLAUS-

O que esperar de um jogo de plataforma em 2016? Um dos primeiros e mais explorados gêneros que vemos nos videogames dificilmente surpreende alguém hoje em dia. Exceto pelas raras e agradáveis surpresas como FEZ e Braid, a esmagadora maioria é uma série de repetições de mecânicas e cenários que acrescentam perto de nada ao gênero e ao jogador. Felizmente, o surpreendente -KLAUS- do novato estúdio La Cosa Entertainment, lançado exclusivamente para PS4 impressiona pela sua inventividade e merece se destacar no mar de jogos iguais do gênero.

-KLAUS- é um jogo que já começa a se diferenciar pelo seu plot. Se inspirando, segundo os próprios developers, em jogos como Limbo e Thomas Was Alone, a jornada ao longo dos seis mundos e das 34 fases vai desenrolando a história aos poucos, com o jogador ajudando o protagonista a desvendar o mistério do local onde ele está com apenas uma dica: a tatuagem em seu braço dizendo “KLAUS”.

A maneira como essa história é contada é que chama atenção e cativa o jogador. Utilizando-se de uma mecânica já conhecida, com a história sendo contada através de frases escritas no cenário, sem a necessidade de diálogo falado, o jogo não só conta com uma narrativa que compele o jogador a seguir em frente, como também diverte, utilizando de forma efetiva algo que não é tão comum, que é a quebra da quarta parede e a construção de um diálogo entre o protagonista e o jogador.

O fato do jogador ser colocado como um personagem no próprio jogo é uma das muitas poderosas maneiras em que o jogo aumenta a imersão do jogador, seja através da conversa de Klaus com o jogador ou o próprio pensando e admitindo estar sendo controlado, os developers fizeram um ótimo trabalho em converter uma mecânica simples em mais uma ferramenta para contar a história.

Chama muito a atenção o ótimo e intuitivo uso que o jogo faz de uma característica única ao DualShock 4 que muitos developers ignoram: a utilização do touchpad como algo além de um mero substituto do antigo botão ‘Select’. Em vários momentos é necessário utilizar o touchpad para ativar itens e resolver puzzles no cenário, e jogo responde muito bem e muito rápido aos comandos. Muitos desses usos combinam o touchpad e o analógico direito, fugindo da mesmice de segurar o analógico esquerdo para um lado e pular.

Outra boa característica é a maneira como o jogo vai aos poucos incluindo novas mecânicas e novas caracteristicas e desafios cada vez maior para fazer com o jogador se mantenha sempre atento. Você nunca sentirá que aprendeu uma habilidade só para um momento específico e nunca mais fará uso da mesma. Até mesmo um segundo personagem jogável (e muito diferente do Klaus) chamado K1 aparece e muda o ritmo do jogo.

Alguns dos níveis, inclusive, te farão pensar e desafiarão tanto sua agilidade de pensamento quanto a agilidade mecânica do jogador. Em nenhum momento o jogo cansa ou leva ao jogador a se esforçar para continuar. É feito um trabalho fantástico em subverter as expectativas do jogador e surpreendê-lo na maneira como alguns cenários reagem e como eles mudam exatamente quando o jogador se sente confiante e confortável com elas.

A trilha sonora do jogo é muito charmosa e, se não vai deixar ninguém boquiaberto, seu visual é muito agradável. A única reclamação quanto ao jogo é a maneira como os pulos podem parecer, em alguns momentos, difíceis de controlar. Felizmente, o foco está mais nos quebra-cabeças do que nos desafios de plataforma em si, então isso acaba se tornando um problema menor.

-KLAUS- faz um ótimo trabalho para o primeiro jogo de um estúdio. É uma pena que o jogo pareça ter passado despercebido, pois é um dos mais divertidos e surpreendentes jogos independentes à disposição dos jogadores de PlayStation 4. Mesmo não sendo um jogo longo, merece estar no radar de todos.