I Am Setsuna é um RPG que remete a títulos da era SNES/PSX, como Final Fantasy e Chrono Trigger, enquanto que sua produção utiliza de ferramentas modernas. É essencialmente um RPG antigo com produções modernas e um excelente título para aqueles que apreciam jogos como os RPGs mencionados anteriormente.
I Am Setsuna possui uma história simples, mas cada acontecimento em conjunto com a evolução dos personagens a torna cada vez mais interessante. São poucos os personagens importantes para a história, mas todos são memoráveis e ajudam a construir toda a trama do jogo.
A história acompanha Setsuna, uma garota escolhida como sacrifício e que, por causa disso, deve viajar até as “Last Lands”, onde o seu sacrifício resultará numa diminuição dos monstros que aterrorizam a população. Os jogadores assumem o papel de Endir, um homem misterioso que, por certas circunstâncias, acaba por acompanhar Setsuna em sua jornada. É possível escolher as falas de Endir, no entanto, não encontrei diferenças significativas no decorrer da história entre as opções dadas pelo jogo.
O combate é por turnos e dá bastante importância ao preparo da equipe antes de uma batalha do que apenas ao confronto em si. Há um sistema de Spritnite, que consiste em escolher quais magias, habilidades e melhorias passivas cada personagem irá equipar e utilizar, sendo que o número equipado é limitado e algumas Spritnite alteram inclusive mecânicas do jogo, aumentando drasticamente a quantidade de estratégias possíveis. Também dependendo dos Spritnite equipados, os personagens podem realizar comandos em equipe que podem servir para ataque, defesa, cura e muito mais. Em conjunto, há um sistema de talismãs que provém melhoras aos personagens e aos Spritnite, permitindo um ajuste fino das estratégias desenvolvidas.
Cada personagem em I Am Setsuna tem um papel estratégico bem definido no combate, como ataque, defesa, cura, mago, melhoria de status e assim por diante. No entanto, os vários subsistemas como os Spritnite e os talismãs permitem a customização de cada um de maneira bastante dinâmica. Por exemplo, a personagem encarregada de cura pode se especializar apenas em curar ou causar quantidades absurdas de dano com magia, ou um meio termo entre os dois ou, possivelmente, várias outras possibilidades que nem cogitei. O despreparo em Setsuna é algo mortal e, em alguns momentos, fui pego de surpresa em certas batalhas, o que resultou em um aumento considerável de dificuldade e diversos game over.
O conflito em si utiliza do sistema de ATB comum à série Final Fantasy, ou seja, cada personagem aguarda um tempo para realizar uma ação. No entanto, Setsuna adiciona outro sistema,chamado de momento, que altera drasticamente como cada batalha deve ser aproximada. Ao lado das barras de energia e magia há um símbolo que é preenchido de várias formas, como tomando dano ou simplesmente aguardando mais antes de realizar qualquer ação em seu turno. Uma vez cheio, ele garante um ponto de SP, representado por uma pequena esfera de luz na parte superior do símbolo. É possível carregar até três SP, que podem ser utilizados em conjunto com qualquer comando, alterando suas propriedades como dano, recuperação de status negativos, área de efeito, duração de melhorias e muito mais. Cabe ao jogador experimentar com o sistema para ver como cada ataque é alterado e como ele pode ser utilizado de maneira estratégica.
Uma pequena reclamação minha em relação ao sistema de batalha é na questão do posicionamento. Várias magias e ataques têm uma área de efeito e isso influencia drasticamente o combate, pois uma única magia pode atingir vários inimigos ou aliados. Infelizmente, o jogador não tem controle nenhum do movimento dos personagens, fazendo com que existam situações em que eles fiquem próximos e acabem sofrendo dano em conjunto por isso. É perceptível que alguns comandos fazem com que os personagens se aproximem ou se afastem de monstros, mas seria melhor se houvesse um livre controle desse posicionamento.
I Am Setsuna tem uma temática de neve, portanto todos seus ambientes são compostos por cidades nevando, cavernas congeladas, montanhas com tempestades de neve, etc. São cenários visualmente agradáveis e cada um é diferente o suficiente para não cansar os jogadores com assets reutilizados. O jogo é visualmente agradável, mas o destaque fica para a trilha sonora, que utiliza o piano como instrumento principal. Não só ela complementa perfeitamente o tom e o visual do jogo, mas existem diversas trilhas que são simplesmente prazerosas de serem escutadas.
Veredito
I Am Setsuna é um RPG que me surpreendeu. O sistema de batalha é simples, mas todos os sistemas dedicados à preparação incentivam o jogador a desenvolver e experimentar estratégias complexas para derrotar os monstros mais fortes. A história também é simples, mas conseguiu prender meu interesse em seus personagens e suas tramas. Resumidamente, I Am Setsuna não faz nada de particularmente novo ou ambicioso, mas foca em seus pontos fortes de maneira que deve agradar e satisfazer qualquer fã de RPG, seja ele antigo ou novo.
Jogo analisado com código fornecido pela Square Enix.