[PSN] I Am Alive

I am Alive esteve em produção pela Darkworks de 2008 até 2010, mas só foi completado pela Ubisoft Shanghai no começo de 2012. E esta troca de estúdio deixa claro que o jogo é mais um daqueles trabalhos que fica durante tempos no limbo após algum tipo de problema em seu desenvolvimento, e depois são finalizadas as pressas por alguma outra desenvolvedora, apenas para não aumentar ainda mais o prejuízo.

O jogo conta a história de Adam, um homem em busca de sua filha Mary e sua esposa Julie, que desapareceram após um evento apocalíptico chamado apenas de O Evento. O problema é que a história parece meio forçada, já que nada do que você faz no jogo a exceção da primeira missão é realmente em busca da sua família. A forma como a história é contada, através de filmagens visualizadas na câmera que Adam sempre tem às mãos, também deixa um pouco a desejar. O que levaria um cidadão em uma situação de desespero a gastar tanto tempo filmando conversas com outros personagens?

O jogo é um “Survival Horror” sem o “Horror”, já que seus oponentes são sempre humanos. Portanto, o foco da aventura acaba não sendo descobrir o que aconteceu com a cidade de Haventon, e sim sobreviver. As principais mecânicas de jogo são a escalada e os combates armados, o que nos faz a primeira vista pensar que I am Alive possa ser um clone de Uncharted ou Tomb Raider, mas isso não passa de impressão. As escaladas de prédios e outros locais perigosos são um tanto mais complexas que as de Nathan Drake, já que existe uma barra de estamina que vai decrescendo à medida que Adam vai subindo paredes. Embora meio artificial algumas vezes (basta abrir o menu, tomar uma garrafa d’água e voilá, estamina cheia novamente), esta situação cria um senso de urgência que vai fazer você ficar desesperado para chegar logo ao topo do edifício ou alguma plataforma em que possa descansar um pouco. E é realmente um alívio e bem recompensador quando conseguimos, não importa quantas vezes já tenhamos repetido.

Já os combates deixam claro que você não é um super-herói, já que um ou dois tiros são o suficiente para dar cabo de sua vida. Normalmente temos a disposição uma arma e uma machete. A arma é útil mesmo sem balas, já que nem todos os inimigos estão armados. Então é possível manter a mira sobre eles quando estamos sem munição, para que eles se rendam e sejam atacados com a machete ou empurrados em direção a um poço ou fogueira. Mas tudo deve ser feito com cuidado: Em uma gangue de três inimigos, ao atacar o primeiro deste modo, os outros não ficarão parados e partirão para o ataque. Então tem que existir certa estratégia. O grande problema é que ela não varia muito. Nunca muda de atirar sua única bala no primeiro, empurrar o segundo de um precipício, e matar o terceiro com a machete, ou empurrar os dois primeiros na fogueira, e matar o terceiro com a machete, quando sem balas. Ou seja, embora ajude a manter a tensão constante, os combates logo se tornam repetitivos e previsíveis, mesmo com a adição de algumas outras armas mais para frente.

Outro fator que ajuda bastante a manter a preocupação com o futuro de Adam o tempo inteiro é a dificuldade de se encontrar suprimentos. Tanto medicamentos quanto munições são bastante raros, e não serão poucas as vezes que você terá apenas uma ou nenhuma bala em sua arma. Pra falar a verdade, durante toda a aventura não me lembro de nenhuma vez que eu tenha conseguido ter mais do que quatro balas a disposição, e isso jogando bem estrategicamente, evitando gastá-las em dois ou três combates anteriores. E o mesmo vale para os medicamentos. Durante o jogo todo não existem mais do que quatro ou cinco medkits para reestabelecer sua saúde por inteiro, devendo o jogador se contentar com outras alternativas também raras, mas um pouco menos difícil de serem encontradas.

Embora vários sobreviventes tentem atacar Adam e se aproveitar de seus poucos bens, nem todos os são inimigos. Alguns pedirão sua ajuda com medicamentos e mantimentos, e ficará sob sua decisão ajudar ou não. Fica sempre aquela pressão de dar um remédio para um cidadão aqui e precisar dele no combate seguinte. Mas pelo menos a decisão por um bom coração e amor ao próximo será recompensada com mais um “Retry”. I am Alive oferece uma mecânica de checkpoints que só podem ser acessados enquanto você tem estes continues chamados de Retry. Quando eles acabam, você tem que voltar do começo da missão, e como algumas missões são bem grandes, não morrer é sempre uma ideia bem-vinda.

Os gráficos de I am Alive são bons para um jogo via download, mas parecem ter sido finalizados às pressas. A paleta de cores baseada praticamente em cinza, marrom e preto é bem utilizada para ajudar a imersão no tema do jogo, mas acaba sendo irritante para os olhos com o passar do tempo. Mas não deixam de ser bonitos por isso, mesmo com serrilhados e certa falta de detalhamento em algumas áreas. A dublagem é apenas razoável, mas a trilha sonora bem trabalhada ajuda bastante, principalmente nos momentos de mais tensão, como quando a barra de estamina está acabando.

O fator replay resume-se a acabar mais uma vez o jogo, em níveis mais difíceis, ajudando todos os necessitados e finalizando todas as tarefas paralelas, para conseguir troféus e subir em um rankings online. I am Alive pode ser finalizado em 4 ou 5 horas, e quando o jogo acaba fica aquele sentimento de “é só isso?”. Não pelo jogo em si, mas pela forma como a história é finalizada.

As escolhas de mecânica para I am Alive garantem tensão constante para o jogo, e obrigam o jogador a sempre agir com estratégia. Só que a história meio mal contada e a repetitividade dos combates tiram boa parte deste brilho. Os gráficos apenas razoáveis não ajudam muito a melhorar este quadro. Sua curta duração e pouco fator replay são pontos negativos, mas o preço de US$ 15 na PS Store americana é um atenuante. Se você tiver este valor dando sopa em sua conta da PSN, vale a compra, já que as horas de tensão que o jogo garante valem a pena. Mas se você não for fã do gênero, dificilmente vai querer adicionar este valor à sua conta.



— Resumo —


+
Mecânica de escalada


+
Tensão constante


+
Escassez de suprimentos garante combates bem estratégicos, pelo menos no começo





Curta duração





Combates repetitivos





História mal contada





Pouco fator replay

Veredito

72

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