Hitman é um dos poucos casos no mundo dos games em que o nome do jogo é tão forte e está de tal forma enraizado na cultura pop, que chega ao ponto de a simples menção à palavra hitman (no sentido de matador) ligar diretamente à icônica imagem do Agente 47 e seu indelével código de barras tatuado na nuca.
Programado para ser lançado ao longo de 2016 no formato de episódios, no primeiro deles, Hitman nos leva a um grande evento de moda em Paris. Apresentando maiores semelhanças com Blood Money, lançado em 2006, do que com seu antecessor direto, Absolution, lançado em 2012, Hitman demonstra ter grandes ambições logo em seu primeiro episódio, apresentando grandes cenários e vários bonecos simultaneamente em tela. Logicamente que a um custo, que nesse caso é a inconstância do framerate, além de menus lentos e travados. Para quem se sente desconfortável com a instabilidade de frames, há um limitador, que trava o jogo a 30 fps.
Seguindo a tradição da série, o level design é extremamente bem elaborado, quase que um sandbox, possibilitando vários tipos de aproximação e, por conseguinte, incontáveis maneiras de eliminar seus alvos. Aos mais travessos, afogá-los na privada ou envenenar sua bebida é uma ótima opção. Já para os mais conservadores, o bom e velho duo “garrote e pistola com silenciador” são o suficiente.
A quantidade de disfarces também é absurda. Desde o manjado traje de garçom ou de segurança particular, até mesmo o de sheik ou ainda de mágico, cada um deles tem sua utilidade se usados no momento e local certo.
A arquitetura do prédio principal, dos veículos e das construções em volta do cenário são extremamente bem construídos. Em contrapartida, os gráficos de alguns detalhes deixam a desejar, em especial as árvores. Entre os bonecos coadjuvantes há diversos modelos diferentes, alguns muito bem feitos, outros, porém, nem tanto.
Apesar de a missão em si ser curta, memorizar os movimentos dos seguranças, encontrar os disfarces certos, para os locais certos, para então chegar ao alvo, requer algumas boas horas de jogatina. Não à toa o fator replay é talvez o maior dos trunfos de toda a série.
Um dos grandes pontos negativos do jogo é a inteligência artificial. Ela não só parece não ter evoluído desde os últimos jogos da série, como parece ter sido reduzida. Inimigos a dez metros de distância sequer fazem menção de perceber que o jogador está ultrapassando uma área proibida. As pessoas a sua volta parecem não se importar se você está correndo – mas em contrapartida se sentem muito incomodadas em ver o jogador agachado. Enfim, em certos momentos a conivência do jogo para com o jogador chega a ser incômoda.
Nesse momento entra em cena outro ponto negativo do jogo: a facilidade. Ouvindo as conversas de determinados personagens espalhados pelo mapa, é possível aproveitar as “Oportunidades” que o jogo oferece, que podem também ser acessadas diretamente via menu, tornando mais fácil ainda a sua execução. A sensação é de que o jogo tenta guiar o jogador pela mão o tempo todo. Claro que tudo isso pode ser evitado simplesmente ignorando as ajudas que o jogo tenta te passar, andando assim às cegas e descobrindo tudo na base da tentativa e erro.
Os Contratos estão de volta, maiores e mais robustos do que em Absolution. O modo de criação é bem simples e intuitivo, mas permite criar missões consideravelmente difíceis. Sendo alimentado constantemente pela comunidade e até mesmo pela IO Interactive, o modo Contratos dá ainda mais longevidade ao jogo. Resta-nos saber se os servidores darão conta do recado, pois à menor instabilidade, o jogador é expurgado ao menu principal, e isso não somente no modo Contratos, mas também no modo história. E mesmo nos dias que antecediam o lançamento, isso tem sido mais frequente do que o desejável.
Veredito
Salvo os problemas de performance, o primeiro episódio de Hitman é excelente. Talvez o seu maior problema seja justamente o fato de ser divido em episódios, não sendo este o melhor gênero para tal, já que não há cliffhangers no fim do episódio. Para quem não tem certeza se o jogo vale ou não o preço que é vendido, só resta aguardar pela versão em disco a ser lançada em janeiro de 2017.
Jogo analisado com código fornecido pela Square Enix.