Far Cry 3: Blood Dragon é um dos jogos mais inusitados de 2013. Baseado livremente na ambientação de Far Cry 3, o jogo é uma carta de amor a tudo que existiu nos anos 80: filmes, desenhos, músicas e muito mais. Sendo a continuação do meu jogo favorito de 2012, o jogo tinha uma responsabilidade muito grande, e felizmente ele a cumpre com louvor.
Blood Dragon se passa no “futuro”, no distante ano de 2007, e coloca você no controle de um soldado cibernético chamado Rex “Power” Colt, “parte homem, parte máquina, totalmente ciber-comando”, dublado por Michael Biehn. A missão de Rex é investigar as atividades do Coronel Sloan, um agente condecorado do exército americano que aparentemente decidiu fazer as coisas do seu próprio jeito.
O clima de anos 80 de Blood Dragon é nada menos que sensacional. A ambientação, a história, os personagens, os diálogos, os vídeos defeituosos ao melhor estilo de vídeo cassete, as músicas, o neon que brilha em todos os cantos… Tudo exala aquela década, até mesmo as cenas de animação do jogo: são todas em pixel art, com animações simples e toscas que não poderiam combinar mais com o restante do jogo.
O jogo se passa em uma nova ilha, não relacionada àquela de Far Cry 3 (FC3), mas a organização do mapa e os objetivos são bem similares. Você possui missões principais, que avançam a história do jogo, mas também há missões opcionais liberadas depois que você libera os quartéis dos inimigos (similares aos outposts de FC3). Também há dezenas de colecionáveis para encontrar por todos os cantos.
O gameplay também é reminiscente do de FC3, mas com algumas ressalvas. Aqui você também possui o seu arco-e-flecha (todo coberto por neon, claro) e pode buscar sempre uma abordagem mais discreta para matar os inimigos, mas esse não parece o foco do jogo. Eu achei o stealth muito mais difícil de fazer aqui do que em FC3. Muitas situações e posição de inimigos me levavam a começar tiroteios com eles, enquanto em FC3 você quase sempre podia se esgueirar e fazer takedowns sem ser visto.
As armas do jogo merecem um comentário à parte: são todas muito bonitas e exageradas, combinando perfeitamente com o clima do jogo. Há desde uma pistola que homenageia Robocop até um super-rifle que parece disparar tiros de canhão. Várias armas podem ser melhoradas com upgrades, mas infelizmente nem todas podem receber melhorias (o arco, por exemplo, não pode ser incrementado).
A trilha sonora do jogo é simplesmente fenomenal. Feita pela dupla australiana Power Glove, as músicas do jogo são um encaixe perfeito para o jogo e para o clima de anos 80 dele. Essa trilha é tão boa que merece ser adquirida por si só, algo que pretendo fazer em breve. Seguem alguns exemplos:
Blood Dragon é um jogo exagerado e ele não tem vergonha disso; pelo contrário, ele usa isso a seu favor. O jogo faz piada de tudo e de todos, até de si mesmo, o tempo todo. O tutorial já começa ridículo, e a história e diálogos a partir daí também são absurdos. Praticamente tudo no jogo tem seu nome prefixado com “ciber”, desde a visão biônica de Rex (que substitui os binóculos de FC3) até os ciber-tubarões que você encontra no mar. Até as dicas das telas de loading são ridículas e sensacionais.
Os animais que dão o título ao jogo também são uma novidade. Os Blood Dragons são similares aos Dragões de Komodo de FC3, mas aqui eles são 10 vezes maiores, são cobertos de neon e, obviamente, disparam ciber-lasers de seus olhos. Eles são os inimigos mais difíceis do jogo e inicialmente são quase impossíveis de se matar, mas conforme você progride irá descobrir formas e conseguir meios para derrotá-los mais facilmente.
Eles também podem ser “domados” no decorrer do jogo, e essa é uma ferramenta muito útil para você evitar confronto direto com os inimigos. Quando você derrota um soldado inimigo, pode inspecionar o corpo dele para roubar seu ciber-coração. De posse desse item, você pode jogá-lo onde quiser e os dragões irão para aquele ponto atrás do objeto. Caso haja algum inimigo ali, o dragão irá tomar conta dele por você. Para quem jogou Half-Life 2, lembra muito a seção em que você controla os Antlions.
Apesar de ser muito bom no geral, Blood Dragon não deixa de ser um jogo curto. É possível terminar as missões principais em mais ou menos 5 horas, e em no máximo 10 você já deverá ter cumprido todas as missões, encontrado todos os colecionáveis e adquirido todos os troféus (não há uma platina). A ilha poderia ser maior e ter mais quartéis de inimigos para liberar.
Rex corre mais rápido que Jason em FC3, pula mais alto e não toma dano de quedas, o que melhora muito a exploração do mapa, mas sendo ele pequeno, explorá-lo acaba sendo uma atividade curta. Com a quantidade de exageros do jogo, fica a sensação de que ainda poderiam ter feito um pouco mais. A wingsuit de FC3 não aparece aqui, mas eu só imagino como seria sensacional se ela voltasse na forma de um jetpack ou algo similar para você poder voar por uma ilha ainda maior. Quem sabe em uma eventual sequência.
Far Cry 3: Blood Dragon pode não ser um jogo longo, mas com certeza é uma experiência muito divertida. Com um clima de anos 80 impecável, novas armas, uma nova ilha para explorar (apesar se pequena), músicas simplesmente excelentes e dragões gigantes que atiram lasers de seus olhos, Blood Dragon é recomendado para todos que gostam de uma boa ação.
— Resumo —
+ Clima de anos 80 maravilhoso
+ Músicas excelentes
+ Engraçado, faz graça de si mesmo
+ Belas armas
+ Dragões de neon que disparam lasers dos olhos
– Curto
– Foco menor em stealth
– Poderiam ter feito ainda mais
Jogo analisado com código fornecido pela produtora. Imagens: divulgação (baseadas na versão de PC).
Veredito
90