Recentemente o segundo capítulo da aventura de Ogden e seus companheiros chegou aos sistemas PlayStation. No entanto, o primeiro episódio de Dragon Fantasy, certamente passou desapercebido por muitos jogadores. Para quem não conhece, trata-se de um RPG moldado a partir dos JRPG’s da era 8 Bits – fazendo clara homenagem a jogos da época como Final Fantasy, Dragon Quest e Mother/Earthbound. Soa interessante com referenciais tão aclamados, mas será que o RPG da Muteki passou batido por acaso?
Dragon Fantasy Book I é dividido em quatro capítulos em um menu inicial. A ordem segue sua preferência, no entanto há uma numeração indicada e ideal para melhor compreensão do enredo. Vamos começar pelo primeiro capítulo, o maior e principal do jogo, que conta a história do protagonista Ogden; um guerreiro que triunfou contra o mal no passado e agora está aposentado. O Clichê impera logo no início, quando o herói se depara com a família real em apuros e testemunha o rapto do príncipe – surge aí seu objetivo do jogo. Parece boçal até agora? Paciência pois estamos apenas começando.
O jogo não consegue aprofundar sua história. Tudo o que você extrai vem de diálogos ou monólogos em caixinhas de texto típicos dos RPG’s da época. Antes limitado por recursos técnicos, hoje tal artíficio é difícil ser tolerado. Book I tenta contornar este aspecto com humor, utilizando elementos da cultura pop (ou gamer), mas falha miseravelmente. Talvez tenha esboçado um sorriso por três ou quatro vezes durante o jogo, e só.
Além de não gerar interesse pelo seu universo, Dragon Fantasy Book I não possui um bom gameplay. Ele testa sua paciência e consome seu precioso tempo com inúmeras batalhas descerebradas, que são absolutamente necessárias para progredir no jogo. O jogo segue a fórmula dos antigos Final Fantasy: passe por “grind”, suba inúmeros níveis, compre os melhores equipamentos disponíveis para então dar um rumo a sua jornada […] até aparecer inimigos mais difíceis, fazendo o ciclo se reerguer.
Após algumas horas repetindo esse processo, as palavras que melhor definem o que eu senti são: tédio e gastura. O jogo segue com esse ritmo até o fim do capítulo de Ogden e os demais não diferem muito, a não ser por adicionar novos membros ao grupo e introduzir habilidades inéditas dentro da luta.
O jogo também é linear, não existem side quests praticamente. E o mapa não oferece razões para você explorar, é tudo muito vazio e sem propósito. O jogador se preocupa apenas em ir para um vilarejo – dungeon – vilarejo – dungeon – e por aí vai. A única parte que quebra esse ritmo é o terceiro capítulo do jogo, quando a história de Jerald começa. Nessa parte, o game fica um pouco mais aberto, possibilitando a escolha da ordem das dungeons. Outra grande crítica minha é a inexistência de loot (os inimigos não “droppam” itens) e o número de itens é baixo, não há variedade.
O game ainda abusa mais de você, entregando uma trilha sonora repetitiva e pouco inspirada. O som dos efeitos também não se destaca, contudo é algo previsível para um jogo inspirado nos sistema 8 Bits. O visual recebeu um upgrade em relação a edição original para iOS, ainda lhe possibilitando escolher o filtro antigo, mas não há nada motivador aqui também.
Mesmo para um retrogamer, Dragon Fantasy Book I é intragável. Foram cerca de 8 horas de agonia para completar o game. Algo relativamente rápido para um jogo do gênero, mas isso graças a possibilidade de aumentar a velocidade do jogo – recurso que evita um pouco os bocejos e agiliza o grinding. As vezes aquela doce saudade pode bater e clamar por aquela sensação de nostalgia dos primeiros Final Fantasy ou Dragon’s Quest, no entanto ela muito provavelmente não será correspondida com esse jogo.
Análise feita com a versão do PlayStation 3.
— Resumo —
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Possibilidade de aumentar a velocidade do jogo
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Capítulo de Jerald é um pouco mais agradável
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Alguns raros momentos de humor
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Grinding monótono e necessário para a progressão do jogo
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Repetitivo e linear
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História desmotivadora
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Trilha sonora fraca