Divekick é um jogo com uma origem no mínimo inesperada. Quem acompanha a comunidade dos jogos de luta na América do Norte, provavelmente reconhecerá metade do elenco no mais recente título da One True Game Studios e da Iron Galaxy Studios.
Houve uma época que Super Street Fighter IV Arcade Edition possuía como personagens "mais apelões" (ou seja, top tier) Yun e Yang, que haviam sido recém-adicionados ao game. Ambos possuem o que chamamos de "dive kick", um chute que pode ser feito em qualquer momento durante o pulo e que vai na diagonal para o chão. Normalmente, esse chute pode abrir uma possibilidade de combos se for acertado, além de ser ambíguo (o jogador que dá o dive kick pode escolher se deseja cair na frente ou atrás do adversário, tornando sua defesa não tão simples assim). Mas "dive kick" também não era exclusivo de Street Fighter. Podemos citar Marvel vs Capcom 3 com Dr. Doom e Wolverine com seus chutes no ar.
Com essa mecânica em mente, surgiu Divekick nas mãos de Adam Heart. Sua ideia era fazer algo apenas com esses chutes e nada mais. E podemos ir além: jogar com apenas dois botões. O jogo foi demonstrado aos poucos, apenas como uma brincadeira nos campeonatos nos EUA e, com o tempo, acabou chamando tanto a atenção que resolveu-se criar uma campanha no Kickstarter para torná-lo real. Antes mesmo da campanha terminar, a Iron Galaxy Studios entrou na jogada e agora temos o título para o PS3 e Vita.
Como dito, Divekick é jogado com apenas dois botões. DOIS BOTÕES. Não há direcional, não há movimentos complicados e não há combos. Um botão pula para o alto, enquanto que o outro faz o chute. Se pressionar o botão de chute no chão, você pode pular para trás. Um gameplay simples e extremamente viciante que qualquer pessoa pode jogar.
Há 13 personagens diferentes a serem escolhidos. A maioria você reconhecerá de algum lugar, como Markman (atualmente da MadCatz), S-Kill (Seth Killian, ex-Capcom e atual Sony Santa Monica Studio), Stream (uma paródia com os "monstros do stream", ou seja, as pessoas que não fazem outra coisa a não ser acompanhar os streams no Twitch), Jefailey (paródia de Alex Jebailey, responsável por organizar o campeonato CEO na Flórida) e os próprios "Dive" e "Kick", que são o "Ryu" e "Ken" do jogo (Dive é claramente inspirado no personagem Yang de Street Fighter). Cada personagem possui uma habilidade própria. O "formato" do seu dive kick é único ou seus golpes especiais são diferentes.
Sabendo como se joga, agora você deve entender as regras. Cada luta deve ser vencida com 5 rounds. Quem vencer 5 rounds primeiro, ganha. Há até brincadeiras como "Fraud Detected" (fraude detectada) quando um dos lutadores está ganhando por 4 a 0, ou "Choke Detection", ou seja, o oponente estava ganhando e acabou perdendo tudo em seguida.
Um round é finalizado quando um dos lutadores acerta, com sucesso, o seu dive kick. Se por acaso acertar na cabeça do oponente, será considerado um "headshot" e no próximo round, ele ficará tonto. Isso afeta a velocidade do seu pulo, por exemplo, por alguns instantes. O tempo que isso ficará afetado pode ser visto na barra inferior da tela.
Essa barra também serve como especiais. Ou seja, você a enche dando dive kicks (mesmo no "nada"). Enchendo uma certa %, já pode dar um golpe especial do personagem (que é ativado apertando os dois botões juntos). Há duas versões desses especiais: no chão ou no ar (basta apertar os dois botões nestas situações). Se encher completamente, você entra no "kickfactor" (uma paródia do X-Factor de Marvel vs Capcom 3), ficando mais rápido.
Divekick também faz uso de gemas, como em Street Fighter x Tekken. Mas sua mecânica é bem mais simples de se entender: cada gema aumenta em 10% as estatísticas, como ganho de barra, pulo ou chute. Já uma outra, chamada "YOLO", fornece quatro rounds ao adversário e você fica com tudo no máximo. Ou seja, é completamente arriscado usá-la.
Por fim, a última mecânica a ser explicada é a "Hold the Line". Para evitar empates via "time over" (com o tempo acabando), surge uma linha vermelha no cenário. Quando o tempo acabar, a pessoa que estiver mais perto dela vence o round.
Divekick é extremamente divertido e simples de se jogar com os amigos. Seus gráficos podem passar uma imagem errada do jogo, mas ele possui uma profundidade bastante elevada considerando sua proposta.
O maior problema de Divekick é para o jogador solitário. Existem apenas três modos: Story, Online e Versus. O Story é o "Arcade Mode" com uma história simples via artes no início e no fim dele para cada personagem. O Versus é uma disputa offline com os amigos (no caso do Vita, é possível jogar no mesmo portátil – um controla o D-Pad e o outro os botões – falaremos mais sobre a versão de Vita numa mini-análise no futuro), enquanto que o Online possui partidas ranked ou normais. Ou seja, não foge muito do padrão. O problema mesmo é encontrar adversários online. Em nossos testes, as buscas levaram de 5 a 10 minutos para encontrar um oponente. E isso não é algo que aconteceu somente conosco: há diversos relatos em fóruns que a busca do modo ranked realmente está ruim.
Outro problema de Divekick é a navegação nos menus. Na tela de abertura você escolhe quais botões deseja que sejam o "dive" e "kick". Por padrão, é L1 e R1. Depois, para navegar no menu, você usa também os dois botões (um vai para a esquerda, outro para a direita, seleciona a opção desejada com os dois juntos e retorna segurando o da esquerda por alguns segundos). É uma complicação totalmente desnecessária.
Portanto, Divekick é um jogo extremamente divertido e que merece ser conferido se você tiver amigos – seja online ou offline. Se você é do tipo solitário ou que depende da busca dos modos online para se divertir, poderá ter sérios problemas, pois as escassas opções offline não valem o investimento.
Vale ressaltar que Divekick possui cross-buy e cross-play com a versão de Vita. A versão de Vita é superior à de PS3 em alguns sentidos (a experiência toda do jogo é perfeita para um portátil), além do modo Versus num mesmo portátil mencionado anteriormente, mas os problemas do modo online persistem. Falaremos mais sobre a versão de Vita numa futura mini-análise.
Jogo analisado com código fornecido pela desenvolvedora.
— Resumo —
+ Inovador
+ Viciante com amigos
+ Divertido e hilário
+ Cross-play e cross-buy com Vita
– Navegação no menu desnecessariamente complicada
– Modo ranked leva muito tempo para achar adversários
– Opções offline escassas