Dead Space surpreendeu a todos quando foi lançado em 2008 (confira nosso review clicando aqui). Misturando elementos de terror e ficção científica, aliados a gráficos, sons e jogabilidade excelentes, o jogo conseguiu construir uma legião de fãs e iniciar uma série já cultuada, mesmo tão cedo após surgir. Dead Space Extraction foi lançado para o Nintendo Wii em 2009 e contava os eventos anteriores ao jogo original. Ele será relançado para os consoles de alta definição juntamente com a tão esperada sequência, Dead Space 2 (DS2), no começo de 2011.
Para diminuir a ansiedade dos fãs, e ganhar uns trocados a mais, a EA lançou em 12 de Outubro de 2010 Dead Space Ignition para a Playstation Network. Ignition não é exatamente um jogo: é uma história em quadrinhos digital e animada, que contém alguns mini-games, e cujo objetivo é contar a história da estação espacial Sprawl, local onde se passará DS2, antes dos eventos desse jogo.
Ignition possui uma boa história, incrementada com quatro caminhos diferentes que podem ser escolhidos no decorrer da aventura e que aumentam o fator replay. O jogador assume o papel de Franco Delisle, um técnico da Sprawl que consegue contornar os diversos problemas encontrados ao longo da história hackeando diversos equipamentos. A premissa é um pouco forçada, e serve unicamente para introduzir e justificar os mini-games.
São três tipos de jogos, distribuídos em diversos pontos da história: Hardware Crack consiste de um tabuleiro no qual se deve conectar lasers, utilizando espelhos para refletir a luz, até pontos determinados. System Override permite que você utilize diversas formas de vírus para infectar o sistema que está sendo atacado e dessa forma chegar ao núcleo desse sistema. Por último, Trace Route é uma espécie de jogo de corrida no qual se deve guiar uma linha de energia até o final de um traçado e chegar lá antes de oponentes controlados pelo computador.
Ignition era uma ideia excelente, mas que foi muito mal executada. Ele só pode ser recomendado para quem é realmente fã de Dead Space e quer ter um pouco a mais da história antes de DS2 (e a cena final de Ignition com certeza irá empolgar esses fãs). Também é recomendado para quem quiser alguns troféus fáceis: em 2 ou 3 horas é possível obter 100% dos troféus dele.
Em suma, Ignition é muito fraco, e quem não está desesperado para jogar Dead Space 2 não precisa nem passar perto dele. Seus únicos benefícios são a história, a cena final e o fato de que ao terminá-lo, o jogador ganha itens que poderão ser usados em DS2: uma armadura (hacker suit) exclusiva, além de power nodes, créditos e logs de áudio extras. Ignition custa 5 dólares (ou pode sair de graça: se DS2 for comprado em pré-venda em algumas lojas do exterior, o comprador recebe um código para baixar Ignition da PSN), um preço realmente baixo para quem é fã, mas alto demais para quem não é. Mesmo para os fãs, ter que aturar as diversas iterações de Trace Route para terminar todos os caminhos da história é pior do que ser estrategicamente desmembrado.
Quando pensamos em Dead Space, o que vem à mente é uma história empolgante, gráficos espetaculares, combate sistemático e estratégico e, claro, terror puro. De Dead Space, então, Ignition tem apenas a história, com muito esforço. Claro que a proposta é diferente – apresentar a Sprawl em uma espécie de HQ (minimamente) interativa cuja participação do jogador se dá por 3 mini-games -, mas Ignition está muito aquém do que esperamos para qualquer coisa com o nome Dead Space cravado no título. O traço da animação não é de todo ruim, mas não chega nem aos pés do que podemos ver, por exemplo, em Uncharted: Eye of Indra. Os mini-games são tediosos, e embora Hardware Crack seja interessante, nada é capaz de compensar o monumentalmente chato/mal-feito/quebrado Trace Route, que quando muito, é apenas banal.