[PSN] Batman: The Telltale Series – Episódio 2: Filhos de Arkham

[ATENÇÃO: O TEXTO ABAIXO CONTÉM SPOILERS DE EPISÓDIO 1. SE VOCÊ NÃO JOGOU, RECOMENDO LER APENAS O VEREDITO]

Na segunda parte de Batman: The Telltale Series a situação se complica quando Bruce tem que lidar com seu papel de herdeiro dos Wayne ao confrontar as possíveis alegações de que seus pais estiveram envolvidos em corrupções com a máfia de Falcone, fazendo-o questionar não só suas próprias decisões, mas o próprio legado de sua família.

O passado e presente de Bruce envolvem-se de forma intrínseca à trama. Personagens como Selina Kyle e seu antigo amigo, Oz Cobblepot, têm suas importâncias desenvolvidas na história e se tornam peças fundamentais para o que virá a seguir. O cliffhanger do episódio anterior intensifica os questionamentos de Bruce em relação a Thomas Wayne, entregando eventos e reviravoltas realmente interessantes, que irão alterar significantemente o cenário da história. A mídia e os noticiários são algo constante na narrativa da série e servem para mostrar como escolhas do jogador acabam sendo vistas pela cidade de Gotham.

Nas cinco partes do episódio há um bom equilíbrio na ação com Bruce e seu alter ego encapuzado. Bruce é a parte mais detetivesca, investigando os fatos através de diálogos e negociações com outros personagens, enquanto Batman resolve as situações através dos punhos e interrogações brutais em suas vítimas. Não apenas o jogo oferece um bom balanço entre os dois momentos, (especialmente ao final do episódio, em que a ação evolui para um clímax tenso), como também dá a possibilidade de escolha em determinado momento de como a investigação será abordada por Bruce Wayne ou Batman, alterando o ritmo da história da forma como o próprio jogador desejar.

Batman vez ou outra volta à batcaverna para investigar objetos e rastrear sinais de ligações com seus aparatos tecnológicos, conferindo dados e perfis de outros personagens através do códice, que é atualizado de acordo com os eventos e escolhas do jogador na trama. Nesses momentos, Bruce sempre recebe os conselhos de Alfred que, neste episódio, aparece constantemente para advertir Bruce e garantir que ele não acabe engendrando para um caminho que acabe arruinando a sua missão como vigilante de Gotham.

O que mais impressiona é como a Telltale, mesmo preservando grande parte da mitologia e de como os personagens foram retratados em mais de 50 anos de quadrinhos, consegue dar sua própria interpretação de personagens clássicos e apresentar novas ameaças para o morcego, com uma visão que pareça genuinamente nova e ainda assim respeitando o que nos é familiar. E o melhor é que há dicas de como o jogador poderá ajudar a construir esta nova história a partir daqui.

As coisas realmente esquentam na segunda parte do episódio, com um clímax decisivo para o destino de personagens-chave para a trama. Certos momentos-chave são reconhecíveis para quem conhece outras histórias de Batman e saberá onde cada escolha acabará levando. Mesmo assim, você começa a desenvolver certas ligações com alguns personagens que tornam as opções mais difíceis nesses momentos e que selarão destinos não só de Bruce, mas daqueles ao seu redor. Não só de eventos futuros, mas coisas que acontecem ainda no segundo episódio, dando um pay-off mais imediato para o jogador.

Algumas mecânicas que atrapalhavam a ação – como os momentos de controlar o analógico em direção ao círculo de ação na tela e depois apertar o R2 – são colocadas em menor quantidade aqui. A ação parece ser mais equilibrada em seus QTE. Há mais fluidez no combate do que no episódio anterior, apesar de muitas decisões mecânicas serem meramente estéticas, oferecendo imersão e sensação de estar na pele do personagem na hora da porradaria, sem precisar de uma jogabilidade no estilo dos jogos da série Arkham da Rocksteady.

Infelizmente, em certas cenas o framerate do jogo acaba engasgando, especialmente na inicial, em que Bruce se encontra diante de eventos perdidos no tempo e em sua memória, e fatos do passado e presente se entrelaçam em um beco escuro no meio de uma noite chuvosa. Neste caso, a queda provavelmente deve-se ao fato de ser em um cenário chuvoso e com diferentes focos de luz. Outra crítica em relação aos gráficos fica para o visual repetitivo de bandidos e pessoas no fundo do plano. Alguns mudam a vestimenta a cada cena e até mesmo aparecem nelas de forma duplicada, tirando o brilho da construção visual cartunesca do jogo.

Jogo analisado com o código fornecido pela desenvolvedora.