Poucas franquias foram tão exploradas nos últimos 10 anos quanto Assassin’s Creed. Com lançamentos anuais desde que a série nos levou a Renascença e a marcante história de Ezio Auditore em 2009, a série se fez presente em todas as plataformas de diferentes maneiras, explorando vários diferentes momentos da história moderna e levando os fãs da série a clamarem por diversas ambientações que pareciam perfeitas.
A sub-série Assassin’s Creed Chronicles parece ter sido feita pensando nisso. Uma série de jogos menores se passando em ambientações muito esperadas (principalmente a tão aguardada visita da série a China Imperial), sem precisar de todo o custo de desenvolvimento (e consequentemente financeiro para os jogadores) que um dos jogos principais da franquia precisariam. Esse objetivo de ser um jogo menor fica bem claro no mais recente jogo, Assassin’s Creed Chronicles: India, tanto para o bem quanto para o mal.
Uma das primeiras características do jogo que chama a atenção é o quão graficamente bonito os ambientes são. Mesmo sem toda a pompa dos grandes jogos 3D da série, o jogo faz um uso brilhante de sua estética 2,5D (mesmo que a idade da Unreal Engine 3 esteja começando a aparecer) e em momento algum deixa a desejar. Desde o começo é possível perceber o cuidado com o visual e com o áudio do jogo, do inglês com sotaque indiano ao som das ruas, tudo é muito bem acabado e bem trabalhado.
Esse mesmo cuidado se estendeu as mecânicas de jogo. Quase todos os clichés de jogos da série se encontram aqui: o jogador escalará paredes, irá se esgueirar por palácios e casas e usará de diversas distrações e diferentes tipos de assassinato para alcançar os objetivos do protagonista, Arbaaz Mir e sua saga para recuperar uma das várias Peças do Éden, o diamante chamado Koh-i-Noor. Felizmente, a maioria dessas mecânicas funcionam bem, mesmo que demandem um pouco de adaptação para se começar a enxergar as possibilidades num espaço 2,5D para quem está acostumado com os amplos espaços e oportunidades dos jogos 3D.
Felizmente, as mecânicas funcionam bem, já que a história, mesmo com a interessante ambientação, já que o jogo se passa em 1841, em meio a Guerra Sino-Sikh e poucos anos antes da Primeira Guerra Anglo-Sikh (ambos momentos marcantes e importantes na queda do Império Sikh e aumento da influência do Império Britânico na Índia), muitas vezes peca e não traz nada que quem já está ambientado aos outros jogos da franquia não tenha visto antes. Arbaaz é um personagem interessante e relativamente conhecido dos fãs (assim como Shao Jun, protagonista de AC Chronicles: China e Nikolai Orelov, protagonista do vindouro AC Chronicles: Russia, Arbaaz já havia aparecido em outras mídias), mas em alguns momentos parece uma tentativa de criar um “Ezio indiano”, o que acaba tirando um pouco da originalidade do personagem.
Os ambientes e fases de AC Chronicles: India são bem espaçosos e longos, sendo divididos em pequenas sessões na qual, ao terminá-las, o jogador recebe uma classificação (bronze, prata ou ouro) e pontos baseados nas mesmas, com alguns desafios específicos exibidos no começo de cada fase. Existe ainda um New Game+ e um New Game+ Hard e um modo de trials, com mais desafios e uma IA mais desafiadora, o que dá uma sobrevida ao jogo.
Os trechos de plataforma realmente são o destaque do jogo, já que, mesmo que seja possível entrar em combate direto com os inimigos, o jogo não estimule isso, prezando por algo que deveria ser o principal foco dos assassinos mas que em vários momentos é abandonado: o Stealth. Mesmo que com a presença dos cones de visão isso parece simples (e acabe se tornando, como em todo Assassin’s Creed, um jogo de decorar padrões de movimento dos guardas) é um desafio melhor do que correr pelas fases matando todo mundo.
Os itens são, em sua grande maioria, bem limitados, fazendo com que em alguns momentos seja necessário improvisar. O jogo permite roubar itens dos inimigos e ir repondo o estoque, mas, em dados momentos, o jogador pode acabar se vendo sem um item necessário por alguns instantes até poder repor. É uma pena que em vários momentos isso acabe se tornando só uma questão de decorar aonde os inimigos estão e o posicionamento das armadilhas, já que essas limitações, se melhor implementadas, proporcionariam um ótimo desafio.
Fora a IA as vezes desafiadora e as vezes completamente estúpida, os controles são, em sua maioria, bem responsivos e o jogo possui boas mecânicas de plataforma. É uma pena que as terríveis missões de perseguição dos jogos principais da franquia tenham vindo para os jogos da série Chronicles e continuem não funcionando bem aqui, mas, fora isso, é uma boa conversão para 2,5D de uma série que sempre brilhou em largos e ricos ambientes 3D.
Mesmo com seus problemas, Assassin’s Creed Chronicles: India, assim como o seu antecessor, Chronicles: China, é um bom jogo e que merece atenção. É uma boa opção para os fãs de jogos de plataforma e para os fãs da série que desejam mais Assassin’s Creed após o ótimo Syndicate lançado em 2015.
Veredito
Se não converterá novos fãs, Assassin’s Creed Chronicles: India é um bom jogo de plataforma que acrescenta ao portfolio de bons jogos que a série ostenta. Com uma ótima ambientação e mecânicas muito boas, a história fraca acaba não sendo um impeditivo para se aproveitar o jogo.
Jogo analisado com código fornecido pela Ubisoft.