[PSN] Armikrog

Adventure e stop-motion, tá aí duas coisas raras de se ver hoje em dia, especialmente juntas em um game lançado para os consoles, mas Armikrog vem para mudar isso. Desenvolvido pelo estúdio Pencil Test Studios, formado pela equipe de The Neverhood, adventure de 1996, e de jogos como Skullmonkeys para o Playstation 1, por meio de uma parceria com o animador e criador de Earthworm Jim, Doug TenNapel.

Arrecadando mais de $950,000 dólares em sua campanha de Kickstarter, a equipe retorna à ativa depois de quase 20 anos do jogo original para criar o sucessor espiritual ao clássico adventure point-and-click, em um game rodeado por nostalgia e que lembra muito os trabalhos anteriores da equipe, e ainda sim tem um estilo completamente próprio.

A história envolve o astronauta Tommynaut e seu fiel companheiro canino falante, Beak-Beak, que são enviados ao planeta Spiro 5 pela sua raça para trazer um mineral chamado P-tonium, o único na galáxia que pode salvar sua raça da eminente inanição. Assim, Tommy acaba saindo de sua terra natal chamada Ixen e parte para esse planeta inóspito. No meio do caminho, sua nave colide com um asteroide e acaba despencando no planeta. Sem nave e fugindo das perigosas criaturas do local, Tommy e Beak-Beak se deparam com uma fortaleza chamada Armikrog, um local misterioso que guarda desafios e mistérios do seu passado para os nossos heróis desvendarem.

A mecânica de point and click tradicional do gênero adventure é implementada de forma bem simples aqui. Com o analógico ou o touchpad do controle, você movimenta o pointer azul na tela. Com o X, você movimenta ou ativa uma ação com Tommynaut e, mudando a cor do pointer para marrom com o triângulo, Beak-Beak.

Controlar individualmente os dois personagens é importante para avançar em determinadas seções do jogo. Beak-Beak, por exemplo, pode se enfiar em buracos pequenos que o transporta para uma dimensão paralela, coletando objetos importantes para o avanço nos puzzles. Mas fora dessas partes, Tommy e seu cachorro andam juntos se movimentados pelo cursor em sua cor original.

O game não enrola nem um minuto para começar, te jogando automaticamente em cenários recheados de puzzles nos diversos espaços de Armikrog, não sendo exatamente muito amigável para quem não é acostumado com o gênero. Os puzzles, aliás, se assemelham muito aos de jogos antigos do gênero adventure de PC dos anos 90, como Grim Fandango e Day of the Tentacle da finada LucasArts.

Há uma boa variedade de design dos puzzles ao longo da história, com alguns sendo mais mecânicos e outros mais randomizados, que geram problemas de forma diferente a cada jogada, o que desafia jogadores mais preguiçosos que preferem olhar algum vídeo na internet com a resposta, dando aquela fiel experiência de resolver o problema por si só como na época do auge do gênero e que ainda é extremamente satisfatória quando se é superada.

Infelizmente, apesar de simples, o sistema não foi tão bem implementado como deveria no controle do console quando comparado a um mouse, se tornando enfadonho em algumas resoluções de puzzle e movimentações do personagem. Algumas tarefas, que deveriam ser simples, se tornam cansativas e frustrantes devido ao pointer travar constantemente em objetos muito próximos um do outro. Além da própria natureza do jogo complicar seu avanço com tal problema, já que muitas tarefas se repetem ao longo da trama e se tornam gradualmente mais difíceis.

O jogo mistura gráficos 2D e 3D que trazem à tona a carismática e distinta animação feita com massinhas de modelar. Desde seu menu de entrada, a animação em stop-motion e claymation é linda e dá o tom singular à experiência. Dos cenários às bizarras criaturas, o jogo acaba cativando o jogador a adentrar cada vez mais em seu mundo para descobrir as suas excêntricas ideias. Ver as marcas dos dedos que moldaram os bonecos de massinha nos painéis de controle e paredes dos cenários dá uma sensação especial para seus gráficos.

Em alguns momentos-chaves, há também vídeos animados com a mesma técnica que mostram todo o cuidado dos animadores em dar vida àqueles bonecos. Além do visual diferente, a aventura é permeada por uma trilha sonora exótica feita por um dos compositores originais de Neverhood, Terry Scott Taylor. Tal trilha combina com o bizarro mundo do jogo, usando instrumentos e vozes em um ritmo bem humorado que dá o tom para o universo feito de massinha.

A história tem aproximadamente 4 horas de duração, sendo bem curto até para os padrões do gênero. Ao fim, o jogo cativa pelo visual e por seu gênero raro de se ver, com mecânicas simples e puzzles interessantes. Porém, por ser um jogo feito para o mouse e teclado, a versão de PS4 sofre com um controle que frustra em algumas situações que exigem certa precisão. Além do sistema criado para o touchpad ser extremamente confuso e impraticável. E, infelizmente, não há dublagem nem legendas em PT-BR.

Veredito

Armikrog é certamente uma experiência diferente de muitos jogos lá fora. Tendo visual e gráficos únicos, em uma história que no geral parece mais um desenho animado dos anos 90. Com o clássico e quase extinto gênero de adventure point-and-click, o jogo carrega em seu DNA toda a experiência dos seus predecessores dos anos 90, com puzzles tão malucos quanto seu visual e um humor constante no mundo do jogo. Apesar disso, seu gameplay cria um obstáculo para os jogadores de consoles, com um sistema de pointer que atrapalha em alguns puzzles e tiram a imersão da curta aventura de Tommyrod e seu cachorro Beak-Beak. Assim, é recomendado para fãs do gênero e entusiastas da animação em stop-motion, que ainda se lembram de uma época em que nem tudo era feito em computação gráfica.

Jogo analisado com o código fornecido pela desenvolvedora.


 

Veredito

75

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