Pro Evolution Soccer, que antes era conhecido mundialmente por Winning Eleven, foi (ou ainda é), aqui no mercado brasileiro, o símbolo-mor da era PlayStation, por vezes até sendo núcleo-base de um estereótipo de uma parcela de jogadores que praticamente respiravam o futebol virtual por meio da franquia da Konami. Entretanto, nesta geração, apesar de ainda manter um bom número de adeptos, a franquia futebolística clássica perdera terreno devido à ascenção meteórica da série FIFA. Nesta temporada, tudo se mantém de forma igualitária: a EA vence mais uma vez, porém há motivos para o jogador escolher Pro Evolution Soccer 2013 e a Konami, apesar de alguns erros pontuais, está melhorando a cada edição.
Por mais que sejam do mesmo estilo, as abordagens, quando vistas em campo, são diferenciadas. Pro Evolution Soccer infelizmente não consegue, em campo, nos oferecer a mesma fluidez vista em FIFA. Enquanto a franquia da EA nos oferece um imersão em jogabilidade, física e inteligência artificial, PES até coleciona seus méritos, mas revela suas fraquezas. A física do jogo se torna praticamente simplória. Os contatos existentes entre os atletas, seja nas divididas ou em lances de disputa de bola via esbarrões ou uso do braço para intervenção, pouco nos remete a uma identificação realista com o futebol real. Muitos podem reclamar do "momentum script" dos jogos da EA, entretanto, a marca positiva do mesmo é dar ao jogo contextos situacionais que tornam cada partida diferente da outra. Em PES, por mais que você dispute uma partida acirrada, as alternativas pouco variam, pois não serão 90 minutos marcados por cansaço de atletas, algo íntimo às suas características ou oportunidades proporcionadas por erros naturais.
A mecânica de passe se conflitua por ser simples demais e pecar pela variedade também, mesmo existindo alguns movimentos bacanas como o famoso 1-2, conhecido como tabelinha. Dificilmente há a sensação de que a bola está quicando no gramado, tudo trabalhando quase sempre em linha reta, independemente da distância de um jogador para o outro. ]
A inteligência artificial, em dificuldades elevadas, apresenta um certo desafio, forçando o jogador a procurar alternativas inteligentes para sair de uma defesa bem postada ou se defender diante de ataques bem efetuados. Entretanto, a mecanização das ações e a pouca variação das partidas nos faz cair numa mesmice enfadonha, caindo por terra parte da propalada IA Pro Active, nos fazendo buscar no multiplayer uma alternativa para partidas mais imprevisíveis e distintas.
Algo que também incomoda é a mecânica de chute. Devido aos mesmos motivos de falta de realismo ao mesmo, os chutes se superficializam em cada investida, seja o arremate de um Messi ou de um Fucile. Incomoda ver que o jogador claramente procura a "chapa do pé" para um tiro certeiro. Ok, isto pode acontecer, entretanto, mais uma vez vemos que a naturalidade se encontra quase ausente. Raramente você verá um jogador tentar um chute de "três dedos" ou sair gols de bico, por exemplo, mesmo com a existência de uma comunhão entre a sensibilidade do botão correspondente de chute e os botões de gatilho. Para acentuar a complicação do fundamento, detectamos um pequeno, porém indigesto slowdown no caminho do chute até estufar as redes do goleiro, dando ares de lentidão à ação.
Nem tudo são espinhos, entretanto. Há duas novidades vitais para um jogo de futebol que mostram uma tentativa bem sucedida da Konami em se igualar ou até mesmo superar FIFA: sistema de dribles e sistema de defesa.
Driblar em Pro Evolution Soccer 2013 é bem mais fácil e revigorante. O sistema dos comandos responde bem e segurar a bola, na frente do jogador, para aí então executar cortes secos ou arrojados com o analógico esquerdo apresenta uma ótima resposta, o que poderá combinar com diversos comandos unidos a algum botão de ombro configurável para a apresentação de diversos dribles dotados de técnica e habilidades sem igual, dependendo do jogador no comando.
Apesar de o gol ser o momento máximo do futebol, os defensores devem se mostrar como se fossem os pulmões, dando gás ao time numa partida difícil. O sistema de defesa em PES nos traz uma vertente do Tatical Defending dos FIFAs recentes, de forma menos arrojada, menos dotada de esmero tático, porém com uma precisão maior em muitos momentos, principalmente nas técnicas de desarme. Você pode cercar o jogador e efetuar o desarme com o mesmo botão, numa simples alternância entre segurar e pressionar duas vezes no momento certo para o "bote". Isso pode ser determinante, principalmente em partidas online. Efetuar carrinhos aqui se faz com mais exatidão. Dificilmente o jogador errará o carrinho e abrirá campo para a defesa. Ou ele tomará a bola do adversário de forma limpa ou fará a infração, o que vai depender de seu timing.
Essas e outras técnicas podem ser aprendidas por meio de um modo Training mais contextual, quase parecido com os Skill Challenges do FIFA, todavia mais conectado a diversos objetivos (as famosas trials) dentro de linhas de passe, defesa, chute, cobranças de falta, dribles e muito mais. Alguns são muito difíceis e isto testará as habilidades de quem se aventurar nesses desafios em prol do incremento de seu domínio técnico para ser utilizado em partidas em campo.
Um dos sérios problemas de PES 2013 é a continuidade de uma inexistente conexão do futebol virtual com o futebol real via eventos. Este é o grande charme de FIFA, incrementado este ano com o sistema Match Day. Nisso, PES perde de goleada massacrante. As vitrines continuam sendo a Champions League e a Copa Libertadores da América, em seus campeonatos oficiais, com toda a imersão dada desde a composição das equipes, todas oficiais, até as entradas no gramado, afinal, todo adorador do esporte bretão deve admirar o tema oficial da Liga dos Campeões da Europa. Mas a coisa para aí. Isso é oferecido durante anos e apenas nos dá uma mesmice, mesmo que convidativa. Ainda falta ousadia por parte da Konami.
Outros dois modos de jogo que primam pelo continuísmo são a Master League e o Become a Legend. Ambos dão um tom de imersividade. A primeira, nos mostra a apresentação em cena do Manager, até as principais investidas, sejam em interações com jogadores ou com dirigentes por meio de negociações de atletas, controlar vaidades, dar oportunidades a este ou aquele, barrar algum por má conduta, enfim, a Master League ainda tem o seu charme singular. Por sua vez, o Become a Legend nos traz um atleta já existente (ou de preferência criado por você, tal qual o Manager) rumo ao estrelato em competições nacionais, internacionais ou, até mesmo, na Copa do Mundo, com objetivos primários como ser líder de assistências em um jogo, marcar um número de gols, manter posse de bola, até outros mais ousados como chegar a ser convocado para a seleção nacional ou ser artilheiro numa Copa do Mundo vencida por sua seleção. Entretanto, tais modos mostram o seu envelhecimento por falta de inovadoras ideias ou interações online mais robustas, apesar de a Master League ter a sua interação online pautada por negociação de atletas, mas ainda pouco imersiva.
Já mencionando o modo online, ele oferece o básico: partidas simples e copas e a já citada Master League, porém sem aquele glamour visto em FIFA. Partidas rolam com uma fluidez e os servidores da Konami, ao menos, não te deixam tanto na mão quanto os da Eletronic Arts.
A apresentação gráfica do jogo nos remete a linhas passadistas como a apresentação dos atletas no gramado, composição para os hinos nacionais, passando por algumas novidades, como a captura de movimentações e outras ações de diversos atletas do mundo real, algo denominado pela Konami como “player ID”. Cristiano Ronaldo, a grande estrela desta edição, junto com atletas como Messi, Ibrahimovic, Rooney, Iniesta e até mesmo Neymar, pelo lado do Brasil, nos trazem movimentações em campo condizentes com suas próprias condutas, inclusive em comemorações, vide a dancinha do "Ai se eu te pego" do Neymar. Já mencionando, a música cantada por Michel Teló, a mesma faz parte da trilha oficial do jogo e se torna até estranha, porém faz parte de uma variedade primando por diversos estilos. A fisionomia dos atletas mais conhecidos estão bem mais condizentes que em FIFA. A franquia da EA traz uma beleza gráfica mais limpa, entretanto, alguns recursos de PES superam, como os melhores momentos no final do jogo, vistos em diversas tomadas de câmera.
Um fator provavelmente essencial para nós brasileiro é o suporte que a Konami deu neste ano. Lembra dos diversos "patch-bombas" existentes no PlayStation 2 para que jogadores desfrutassem de um campeonato com times brasileiros, com uniformes oficias, dentre outros fatores? Neste ano, em Pro Evolution Soccer 2013, temos um campeonato brasileiro oficial, com equipes oficiais. De Corinthians, São Paulo, Fluminense e Grêmio, passando por Bahia, Sport e Atlético-GO, todos estão lá, apesar de alguns erros datados que podem ser corrigidos no futuro, como o PH Ganso ainda jogando no Santos. Uma pena que o suporte a estádios ainda seja reduzido, porém a Vila Belmiro e o Morumbi nos dão uma bacana imersão da atmosfera que poderá ser prolongada nas próximas edições. Junto a isto, temos ainda a narração inigualável de Silvio Luiz que coloca qualquer Thiago Leifert em seu devido lugar e ainda somado aos comentários inteligentes de Mauro Beting, temos uma dupla que melhor nos mostra, via voz, os eventos esportivos de PES 2013.
PES 2013 pode não ser o melhor jogo de futebol já feito pela Konami e muito menos melhor que seu concorrente, mas ele, apesar de carecer de melhorias que nos propiciem uma integração entre futebol real e virtual, ainda traz os seus charmes diferenciados e, apesar de suas fraquezas, a edição de 2013 mostra que a EA deve ficar de olhos bem abertos, pois em alguns aspectos, a Konami melhorou bastante e possivelmente poderá ir com tudo ao ataque nas próximas edições para voltar em pé de igualdade à disputa, caso uma dose a mais de ousadia nos seja oferecida.
— Resumo —
+ Novo sistema de dribles
+ Novo sistema de defesa
+ Modo de treino desafiante
+ Aumento do suporte aos fãs brasileiros
– Problemas nos sistemas de chute e passe
– Previsibilidade da inteligência artificial
– Falta de ousadia na junção entre futebol real e virtual