Anunciado dez meses atrás, Paradise Lost se passa numa versão alternativa do resultado de uma guerra sem vencedor. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas lançaram mísseis nucleares em grande parte da Europa, agora assolada pela destruição. Após a morte de sua mãe, o protagonista Szymon, de apenas 12 anos de idade, encontra um bunker nazista na Polônia enquanto anda por todo aquele deserto radioativo. Em busca do homem em uma fotografia que sua própria mãe mantinha consigo, ele entra para procurar por pistas.
Com todos os acontecimentos da guerra, algumas pessoas perdem totalmente a esperança, enquanto outras baseiam sua vida em qualquer coisa à qual possam se agarrar. Desta forma, apesar de um bunker vazio em relação a seres humanos, Szymon se depara com imagens e outras evidências de rituais pagãos, além de uma tecnologia bastante avançada para a época. Mas o que exatamente teria acontecido ali?
Devido ao grande sofrimento enfrentado por Szymon, tanto pela situação pós-guerra quanto pela perda da mãe, Paradise Lost é dividido em cinco capítulos, que são referidos como os cinco estágios do luto: Negação, Raiva, Negociação, Depressão e Aceitação. Em cada uma dessas partes, é possível perceber a evolução do personagem conforme ele vai adentrando o passado e descobrindo novas informações por meio de cartas e documentos espalhados pelo bunker.
O que mais você vai achar durante o jogo são coisas escritas, sejam oficiais ou pessoais, de alguns dos envolvidos com os acontecimentos do bunker. Minha primeira crítica é que não existe um inventário para todas essas coisas, diferente de tantos outros jogos com foco na história. Após deixar o local onde uma carta foi encontrada, não será mais possível lê-la novamente. Se você gosta de prestar atenção nos mínimos detalhes, vai desejar aos poucos ir juntando as peças do quebra-cabeça que é Paradise Lost, e sem ter acesso a tudo que foi encontrado previamente, talvez essa missão se torne mais difícil, e assim como eu, você pode se frustrar um pouco.
Algo que pode te ajudar a entender essa realidade alternativa da guerra é o “Last Story on Earth Series”, série de documentos, cartas e até artigos de jornal disponibilizada em inglês pela própria distribuidora All In! Games de julho a novembro de 2020 justamente para contextualizar a situação do jogo. Você vai encontrar informações sobre famílias, operações secretas, entre outros documentos históricos que compõem o universo ampliado de Paradise Lost. Além disso, recomendo também assistir a este trailer, que dá detalhes sobre os acontecimentos que antecederam sua jornada no bunker.
Logo no início do jogo, Szymon é contatado por uma garota chamada Ewa através do tecnológico sistema de comunicação do bunker. Ela está numa sala de controle, e por isso pode ver quase que cada passo do garoto, e assim conseguiria ajudá-lo em sua busca. Porém, ela também precisa de ajuda, pois se encontra trancada. É você que vai decidir se confia nela ou não, aos poucos tomando decisões que vão traçar seu destino no jogo.
Paradise Lost tem vários trailers, tanto de gameplay quanto de história. No meu caso, quando os assisti, tive uma impressão do que seria o jogo, mas no fim das contas me deparei com um cenário diferente. Todo o enredo da guerra, dos ataques, das operações, servem mais como um fundo para a verdadeira história que Szymon vai desvendar durante as cinco fases de seu luto. Pouquíssimos são os momentos de susto (apesar do suspense ser constante); inclusive, em vários momentos me senti num jogo de abrir portas, sem nada relevante acontecendo. Minha sugestão é: jogue sem criar expectativas.
Szymon, além de informações relevantes sobre o passado do bunker, também encontra coisas completamente desnecessárias, mas que deixam o jogo legal, como desenhos e afins. Um easter egg que achei maravilhoso foi uma ficha do RPG Dungeons & Dragons preenchida por algum dos ocupantes anteriores do local.
Os controles de Paradise Lost são os mais simples possíveis: vc usa o X para interações (e para abrir portas ou gavetas num combo com o R2) e o quadrado para ampliar o conteúdo de coisas escritas em algum papel. O L2 pressionado ativa um pequeno zoom na cena, e andando dá uma impressão de “passos largos” que até agora não sei dizer com certeza se era só coisa da minha cabeça. A câmera também parecia muito lenta no início, mas logo fui capaz de ajustá-la nas configurações e deixá-la um pouco mais rápida.
Não tenho muito que reclamar da parte visual. Os gráficos são incríveis e carregados de realismo, especialmente no quesito de luz e sombra, possibilitando uma imersão ainda maior no universo do game. Um ponto fraco são as expressões faciais, o que não é um grande problema, já que são poucos os momentos em que aparecem pessoas.
Há também alguns bugs em Paradise Lost que parecem fáceis de consertar (e espero que corrijam isso em algum patch em breve), como por exemplo o do travesseiro voador na imagem acima. Há também uma carta que você pega para ler e está toda preta, mas todo o seu conteúdo aparece na tela quando você aperta quadrado. Contudo, o que mais me incomodou foi quando passei com Szymon na frente de um espelho, e o reflexo dele não apareceu. Dei um giro de 360º e constatei que todo o ambiente ao redor era refletido pelo espelho, exceto o corpo do protagonista.
O bug mais bizarro foi em um momento que virei para outro lado e as paredes do local tinham desaparecido. Até andei um pouco por lá, e tentei passar por uma porta que dava para o nada, resultando numa queda na água e a impossibilidade de voltar ao ponto onde eu me encontrava. De lá, olhando para cima, dava para ver vários objetos flutuantes e partes da construção sem chão, teto ou paredes.
A tradução também precisa ser melhorada. De fato, tudo está muito bem adaptado, mas existem cartas que apareceram em inglês, apesar de todo o resto do jogo estar em português do Brasil. Há casos também de documentos que começam em uma língua e terminam em outra.
Fiquei desanimado com a falta de um troféu de Platina em Paradise Lost. Eles são poucos, um para cada estágio do luto pelo qual Szymon passa e outros para decisões específicas que você vai precisar tomar durante a jogatina. O game possui alguns finais diferentes, baseados em certas escolhas, e inclusive um dos troféus é garantido a quem assistir a todos. Para isso você vai precisar jogar tudo de novo algumas vezes, visto que uma vez terminado, não é possível carregar o mesmo save de antes, sendo a única opção começar a aventura novamente.
No geral, Paradise Lost é um jogo curto. Promete muito mas, ao meu ver, não consegue entregar todo o esperado. Seus momentos de ápice não são tão empolgantes, e os personagens não cativam tanto. De forma alguma é um jogo ruim, mas eu estava com altas expectativas e posso dizer que me decepcionei um pouco. Ele tenta ser grandioso, mas com localizações sem possibilidades de exploração, essa grandiosidade toda demonstra ser apenas uma grande fachada.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela All in! Games.
Veredito
Paradise Lost tenta ser algo grande, mas na realidade não consegue entregar tudo o que promete, além dos vários bugs encontrados. Apesar de todo um universo ter sido criado para sua chegada, os preparativos se mostraram melhor do que o jogo em si.
Veredict
Paradise Lost tries to be something big, but in reality it fails to deliver everything it promises, in addition to the various bugs found. Although a whole universe was created for its arrival, the preparations proved to be better than the game itself.