Operation Abyss: New Tokyo Legacy

Operation Abyss, o mais novo Dungeon RPG para Vita, é na realidade um remake dos dois primeiros jogos da trilogia Generation Xth, originalmente lançados para PC no Japão. O remake é um ótimo Dungeon Crawler, com um sistema de batalha estratégico, equipamentos customizáveis e level design excelente. No entanto, é também bastante obtuso em vários aspectos e isso pode resultar em diversos momentos de frustração.

Ao se iniciar o jogo, há duas opções a serem escolhidas: Classic e Basic. Usualmente, essas opções seriam atreladas à dificuldade do jogo, no entanto, servem simplesmente para escolher entre artworks clássicas da série ou as novas. Não há uma opção para se alterar a dificuldade – e deixe-me adiantar que Operation Abyss é um título bastante desafiador, com alguns picos de dificuldade durante a jornada. Em especial, o começo é o mais problemático, pois seus personagens são fracos, seus equipamentos, ruins, o jogador ainda está se adaptando a todos os sistemas e tudo ao seu redor quer te matar. Até o final do jogo, o perigo ainda é constante, porém você estará muito mais bem preparado para enfrentá-los.

Felizmente, o tutorial faz um bom trabalho em explicar o básico aos jogadores para enfrentar as adversidades encontradas, porém, devido ao grande número de sistemas, isso tudo pode parecer inicialmente confuso. Além disso, o tutorial não explica abertamente todos os detalhes de cada sistema, sendo necessário descobrir por conta própria ou ler uma espécie de manual incluso no jogo. Gradativamente, o uso desses sistemas se torna instintivo e são ferramentas extremamente importantes para se desenvolver estratégias para se conquistar uma dungeon ou se derrotar um chefe. Como havia mencionado anteriormente, Operation Abyss não é fácil e ir bem preparado é um pré-requisito.

Em relação à história, o jogador comanda a “Abyss Company”, um grupo de pessoas que trabalha para uma organização secreta e são capazes de eliminar os Variants, monstros que têm sido responsáveis pelo desaparecimento de pessoas em Tokyo. Gradativamente a história fica mais interessante com algumas conspirações e reviravoltas, porém história não é um forte do título e a mesma foca em vários outros personagens, fazendo com que a “Abyss Company” do jogador aja como coadjuvante.

A “Abyss Company” pode ser completamente alterada, sendo possível criar novos membros, excluir os antigos, alterar classes, personalidades, alinhamentos e muito mais. Cabe ao jogador definir quem e como serão seus integrantes. No entanto, é difícil recomendar que se troque de personagens, já que os novos começam em nível 1 e é necessário investir uma quantidade considerável de tempo e esforço até que se tornem úteis.

Os combates são realizados por turno e são em primeira pessoa, assim como a exploração das dungeons. Sua equipe se organiza em três integrantes na linha de frente e três na de trás e, dependendo da posição, isso irá definir quais ataques podem ser utilizados e qual o dano que causam. Os inimigos também se organizam em linhas e, normalmente, é possível escolher qual linha atacar ao invés de um único integrante da mesma.  Conforme seus personagens morrem ou sofrem com adversidades como paralisia, as posições da equipe se alteram e é necessário se adaptar rapidamente às novas condições de batalha.

Inicialmente, apenas o ataque normal e algumas poucas magias são utilizáveis, mas conforme se evolui, novas habilidades, magias e técnicas são aprendidas. Existem técnicas em grupo que dependem da barra de Unity e podem aumentar status dos seus aliados por alguns turnos, diminuir a velocidade dos inimigos ou realizar um ataque em conjunto. A barra de Unity é basicamente a moral do seu time e, conforme boas jogadas são feitas, ela se enche. Saber utilizar a Unity já salvou minha vida mais vezes do que posso contar e é altamente recomendado abusar dessa mecânica.

Blood Codes são as classes disponíveis para cada personagem e, apesar de serem bastante distintas entre si, depende do jogador definir o papel de cada integrante em sua equipe. Por exemplo, a arqueira é uma classe altamente eficiente para a linha de trás, no entanto, minha equipe tem uma arqueira que também serve para absorver dano por causa do equipamento dela. É possível escolher qual status aumentar ao se evoluir um nível, portanto, se desejar um padre focado em força ou um cavaleiro inteligente, tudo é possível.

O combate é excelente e cria situações imprevisíveis para evitar que se torne tedioso. Apesar disso, o ponto mais forte de Operation Abyss está em suas dungeons. Cada uma é visualmente distinta entre si e há inúmeras passagens secretas, armadilhas e tesouros para serem encontrados. É possível passar horas explorando, pois sempre há algo novo para se encontrar ou novos perigos que requerem um cuidado e atenção especiais.

Conforme se derrota monstros, o nível de periculosidade aumenta. Esse nível é demonstrado no canto superior esquerdo da tela e, quando está alto, inimigos mais fortes aparecem com mais frequência, sendo também possível enfrentar os “Wanted Variants”, que servem como chefes secretos de uma fase. Para diminuir o nível de perigo, basta fugir de uma luta, porém, quanto maior o nível de periculosidade, maior será a chance de se obter itens raros.

Novas áreas se tornam acessíveis conforme se progride na história, entretando, pode ser difícil encontrar os acessos a essas novas áreas, o que pode resultar em horas de exploração procurando por uma porta secreta ou um botão escondido. Eu admito que usei um guia (disponível aqui em inglês pelo google translator. Mapas aqui.) e isso me poupou de muita frustração procurando por uma porta secreta, por exemplo. Foram poucos os momentos em que isso ocorreu, mas que poderiam resultar em dezenas de horas a mais sem nenhum avanço significativo.

Jogo analisado com código fornecido pela NIS America.