Omega Quintet, o mais recente e primeiro esforço da Compile Heart no PS4, continua com uma tradição que já vem desde os tempos do PS3: os custos de produção são baixos, os gráficos tendem a ser ruins, o sistema de batalha é funcional e a história é usualmente boba, com vários momentos engraçados e divertidos, e um ou outro momento raro realmente surpreendente. É a definição básica de um RPG mediano e que não se destaca, sendo também verdade em relação a Omega Quintet. Mesmo assim, o jogo possui algumas particularidades que merecem destaque.
A história do jogo se passa um século após quase toda a população ser eliminada por uma força chamada BLARE. Os sobreviventes então se refugiam em uma última cidade, que é constantemente atacada por criaturas criadas pelo BLARE. Sua única forma de defesa contra essas criaturas são as Verse Maidens, ou mais especificadamente Idols, que podem eliminar o BLARE com armas e o poder de suas músicas.
Obviamente, a história não é para ser complexa ou muito menos para ser levada a sério, servindo mais como uma paródia à indústria de Idols (particularmente famosa no Japão) e lembrando shows como Sailor Moon. Mesmo os personagens dificilmente saem de estereótipos do gênero. No entanto, há momentos genuinamente engraçados com esses estereótipos, tornando essa uma história mais divertida e estúpida do que propriamente séria.
Onde Omega Quintet se destaca, muito mais que outros jogos da Compile Heart, é em seu sistema de batalha. Trata-se de um RPG por turnos, em que cada personagem pode realizar várias ações em um único turno e, dependendo das ações escolhidas, essas podem se combinar em ataques mais fortes. Em especial, a ordem dos ataques é importante, pois é necessário causar o máximo de dano possível em um curto espaço de tempo e, algumas vezes, é possível gastar vários turnos se preparando para aproveitar o momento ideal de ataque. As mecânicas incentivam que o jogador planeje bem suas jogadas, pois não é incomum ver criaturas com danos muito altos e que podem matar sua party inteira caso seja descuidado.
Esse entendimento do sistema de batalha é pivotal para se aproveitar o título. Inicialmente, muitas batalhas são facilmente vencidas apenas com ataques normais, mas conforme os chefes e inimigos normais tornam-se mais fortes, será necessário usar e abusar de todas as mecânicas disponíveis. Dessa forma, foi possível matar alguns bosses num único turno, porém, conforme a dificuldade aumentava, eu precisava tomar mais cuidado até com inimigos normais, que tinham ataques fortes e quantidades consideráveis de vida. Felizmente, o jogo tem ótimos tutoriais para explicar gradativamente ao jogador todas as mecânicas principais e secundárias.
A curva de dificuldade é agradável, sendo que para completar um capítulo é preciso realizar missões em que é necessário eliminar criaturas e eventualmente um chefe. Há também diversas missões opcionais para coleta de itens, usar ataques especiais e derrotar outra variedade de inimigos, portanto, há várias oportunidades para ir se acostumando aos sistemas. No final, existirão monstros que irão complicar a vida do jogador, mesmo quando o mesmo pense que sua equipe está muito forte.
Outro aspecto que me impressionou foram os mapas a serem explorados. Existem mapas enormes com diversos caminhos e áreas exploráveis. No entanto, é necessário adquirir e melhorar certas habilidades para conseguir explorá-los completamente. É um sistema interessante, pois ao adquirir uma nova habilidade, abrem-se novas possibilidades de exploração. Um único ponto negativo desse sistema é o fato de que os melhoramentos estão atrelados a missões opcionais e esses melhoramentos são necessários para se avançar na história principal.
Conforme se avança, as personagens vão gradativamente evoluindo. Cada Verse Maiden é customizável, podendo escolher suas vestimentas, acessórios, equipamentos, habilidades, etc. Em especial, as habilidades são aprendidas em um sistema bastante parecido com a Sphere Grid de Final Fantasy X, em que você irá gastar pontos para aprender e melhorar seus golpes. Com os itens obtidos dos inimigos, é possível criar novos equipamentos, vestimentas, acessórios e vários outros itens que podem ser necessários para melhorar a capacidade de combate das Verse Maidens ou servirem apenas como itens puramente cosméticos.
Como é comum em jogos da Compile Heart, aqui também existem múltiplos finais e um new game plus, além de conteúdo que só é aberto após a primeira jornada. Para os que gostarem, há bastante conteúdo que irá dar uma sobrevida considerável ao título.
Devido à temática “Idol” existem ainda alguns extras em relação a isso. Por exemplo, o modo PV permite criar coreografias de dança e salvá-las em vídeo. São poucas as músicas disponíveis, porém é possível escolher entre vários passos de dança, qual das garotas canta qual trecho da música, posição de câmera e muito mais. Apesar de ser apenas um modo extra, é notável que houve um esforço considerável da produtora em criá-lo.
Veredito
Omega Quintet não será lembrado como um dos RPG destaque do PS4, mas o título tem qualidades que não devem ser ignoradas. O sistema de batalha é estratégico e permite bastante experimentação por parte dos jogadores. O jogo tem bastante conteúdo principal e extra para evitar que o mesmo torne-se repetitivo e entediante. Para os que procuram um RPG por turnos e não se importam muito com a história, Omega Quintet pode satisfazer esse nicho.
Jogo analisado com cópia digital fornecida pela Idea Factory International