Mortal Kombat vs. DC Universe

Em um mundo que já vimos todos os crossovers que eram simples sonhos de criança (Capcom com a SNK, Mario e Sonic e principalmente Marvel e Capcom em um mesmo jogo) se tornarem realidade, a Midway lançou no final de 2008 um novo jogo de luta baseado nos universos da DC Comics e de sua franquia mais famosa: Mortal Kombat.

Mortal Kombat vs DC Universe é um daqueles jogos que marcam história só pelo simples fato de ter sido anunciado. Mas e a sua qualidade? Será que corresponde ao seu “hype”?

Vou direto ao ponto: Mortal Kombat vs DC Universe é um título de qualidade “adaptável”. Essa qualidade “adaptável” será explicada mais adiante, mas quero ressaltar que a quantidade neste caso influenciará na qualidade, ao contrário do que os velhos ditados dizem.

MK vs DC possui mais modos de jogo que os games convencionais de luta apresentam: além do clássico Arcade, Training e Versus, temos um modo Story, Kombo Challenge e o modo Online.

O modo Story é um dos pontos principais. Há a história “vista” pelo ângulo da saga Mortal Kombat e outra pela DC Universe. É um modo lotado de cut-scenes que agradarão apenas os fãs. Se uma pessoa não tiver noção das histórias das duas franquias, não entenderá o enredo e poderá até achar ruim. Para quem entende, é um prato cheio. Há menções que fazem qualquer fã adorar. Além das cut-scenes, este modo é dividido em capítulos, sendo que cada um é focado em um personagem. Cada capítulo é composto de cerca de 3 a 5 lutas. Dessa forma, por exemplo, o primeiro capítulo da saga DC começa com Flash. Você realiza um número de lutas controlando o personagem, enquanto que a história avança. No segundo capítulo, Batman entra em ação e assim por diante. A mesma lógica é aplicada no Story da franquia Mortal Kombat.

Sendo sincero, o enredo criado para o jogo é consistente e não algo completamente aleatório como pode se imaginar. No entanto, é o que eu disse anteriormente: apenas fãs vão entender o enredo. Não há um desenvolvimento dos personagens. O jogo parte do princípio que você sabe a história de cada um deles e quais são seus vilões e propósitos.

Mortal Kombat vs DC Universe é um bom jogo de luta e que agradará no que ele se propõe. O modo Arcade é consistente e é possível até mesmo escolher se deseja enfrentar apenas personagens da DC, MK ou um misto. O Kombo Challenge é composto de dez combos que devem ser feitos por cada um dos personagens do game. É um belo desafio aos jogadores, mas é aqui que começa a minha crítica a ele.

O jogo peca, como dito, na quantidade. Antes de entrar neste ponto, quero focar em um outro ponto negativo: a interpretação de input dos comandos. Não entendeu? É simples. O Kombo Challenge é a melhor visualização desse problema. Digamos que você precise realizar um combo que, na sua metade, é necessário acertar o “gelo” do Sub-Zero. Se você, por ventura, realizar o comando de duas “meia-lua” ao invés de apenas uma (como o golpe realmente é realizado), o combo é cortado e a interpretação do jogo é que você não fez o que foi pedido. Ou seja, se você, na empolgação da luta, aperta duas vezes um determinado comando, o game interpreta uma ação indesejada. Além disso, muitos combos requerem um input preciso (em relação ao tempo) dos comandos. Parece uma reclamação sem argumentos, mas o problema é que, analisando o que foi dito anteriormente (de “duas meias-luas” cancelarem o combo), torna tudo muito problemático. Pegue um golpe do Superman: se você apertar um determinado botão após ele ter subido com o adversário, o golpe será diferente do que o normal. Mas ele só será diferente se você não apertar absolutamente mais nada até o momento que o botão específico deve ser apertado. Isso complica demais o fluxo do combate e pode frustar o jogador.

Exceto esta parte técnica, o game está lotado de possibilidades de combate. Lembra a engine dos outros Mortal Kombat recentes, mas com algumas adições, principalmente o Klose Kombat, Free-Fall Kombat e Rage. O primeiro, acionado ao apertar um botão (que pode ser configurado pelo jogador) perto do adversário, funciona assim: o adversário é “chamado” para uma briga mais “mano-a-mano”. Quem “chama” tem prioridade de ataque. Os ataques podem ser desferidos com os quatro ataques normais. O adversário tem a possibilidade de contra-atacar se acertar o mesmo botão apertado pelo oponente. É possível causar até 30% de dano, caso você acerte todos os golpes e o inimigo não contre-ataque nenhum. O Free-Fall Kombat é semelhante, mas acontece quando um dos personagens é chutado para fora da arena. O contra-ataque aqui é mais poderoso, podendo reverter o dano. Quem ficar por cima, não leva dano. Já quem ficar por baixo leva todo o dano que foi somado. Por fim, o Rage é uma espécie de ataque “devastador”. Você vai levando porrada e enchendo uma barra amarela de dois níveis. Quando um nível estiver cheio, é possível realizar um “quebra-combo”. Sabe quando está levando aquele combo de 20 hits e não há o que se fazer? Então, esse golpe é justamente para isso e gasta um nível da barra de Rage. Já com os dois níveis cheios, você pode entrar no modo Rage e desferir golpes de maneira “invencível”. O seu personagem levará dano, mas não sentirá o efeito de “porrada/knockback” do golpe dado pelo adversário. O efeito de Rage leva poucos segundos, no entanto.

A equipe de produção de Mortal Kombat vs DC Universe deixou bem claro que escolheu apenas os personagens mais característicos de cada um dos universos. O jogo possui 11 personagens para cada universo, sendo que 1 deles é o chefe secreto (Shao Kahn e Darkseid). E esse é um dos pontos que a quantidade afeta a qualidade. 22 personagens é um número extremamente baixo para representar a imensa quantidade de figuras carimbadas das duas franquias. Provavelmente existirá um MK vs DC 2 (principalmente agora que o estúdio de desenvolvimento de Mortal Kombat faz parte da Warner Bros.), o que explica a inclusão (futura) de mais personagens. Os cenários são pouco representativos, além de estarem em pequena quantidade. Ok, Metrópolis e Gotham estão muito bem representadas, além de outros do universo DC; mas o universo MK tem cenários que não “batem o olho e são associados a algum momento da série”. A música, então, é pouco notada nas lutas – recordo do tema da batcaverna ser boa, mas o restante, mesmo depois de umas 10h de jogo, não lembro nada.

Resumindo a ópera: Mortal Kombat vs DC Universe possui um modo Story consistente e uma boa variação de opções. Para quem busca algo competitivo, recomendo escolher outro jogo, pois além dos problemas de input mencionados, é notável o desbalanceamento dos personagens (Superman e Lanterna Verde estão muito à frente com sua enorme variedade de golpes). Vale lembrar, no entanto, que o modo online existe e é uma boa opção para quem deseja algumas partidas descontraídas com amigos que moram longe.

A falta de personagens é notória, e o capricho nos gráficos (as mulheres, principalmente a Mulher Maravilha, parecem ter caras de homens) é praticamente nulo. Em contrapartida, há alguns efeitos como os danos nos personagens, como as roupas ficarem rasgadas conforme a luta progride (recomendo ver os danos de Scorpion para entenderem como ficou legal esse efeito). Os extras compensam, sendo que ao zerar o Arcade com cada personagem, há uma história que mescla os dois universos. Por exemplo, o final do Sub-Zero mescla elementos de Batman.

Por fim, os Fatalities: eles estão presentes, mas os mais brutais são censurados. Ou seja, a tela fica preta no momento que o Fatality é executado. Os heróis da DC possuem os chamados “Heroic Brutalities”, pois são Fatalities bem mais “leves” do que estamos acostumados a ver na franquia Mortal Kombat.

Não se engane. Mortal Kombat vs DC Universe é um bom jogo como eu sempre disse na texto, porém está muito longe da perfeição devido aos pontos levantados na análise. Todos e quaisquer outros pontos que não tenham sido comentados podem ser considerados positivos.

Veredito

75

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