Metal Gear Solid V: The Phantom Pain


O Episódio 18 foi escolhido para ilustrar esta análise pois apresenta poucos spoilers de história e exemplifica a variedade de gameplay.

Metal Gear Solid é uma das franquias mais respeitadas dos videogames. Mais do que isso – é considerada uma obra-prima. Mesmo com vários jogos, sua qualidade se manteve e finalmente chegou a hora de fechar tudo com uma chave de ouro (ao menos sob os olhos do criador Hideo Kojima). Metal Gear Solid V: The Phantom Pain chega para evoluir ainda mais o que esperamos de um jogo eletrônico.

Antes de nos aprofundarmos, gostaria de deixar claro que, para entender bem a história do jogo, é preciso jogar pelo menos os títulos que antecedem este, considerando a cronologia da série. Em outras palavras, jogue pelo menos Metal Gear Solid 3, Peace Walker e Ground Zeroes. Jogar Portable Ops e os outros (1, 2 e 4) também ajuda, mas não são tão triviais quanto os anteriores.

Mas, mesmo se você não jogar nada, não será tão afetado assim e já entenderemos o motivo disso.

The Phantom Pain começa no ponto em que Ground Zeroes terminou. Big Boss (ou Snake, se preferir) finalmente acorda de seu coma e você deve escapar do hospital em um prólogo extremamente marcante e impactante. Após isso, você finalmente é introduzido às mecânicas que serão usadas nas dezenas de missões que virão.

A estrutura de jogo de The Phantom Pain pode intimidar no início, principalmente por ser um mundo aberto, mas você logo observa que existe um padrão a ser seguido: escolha a missão, vá para a região onde ela acontece, chegue exatamente ao objetivo, faça o objetivo (mate ou salve alguém, ou ainda alguma outra coisa) e fuja sem que ninguém esteja atrás de você. Parece simples e realmente é. O desafio está nas entrelinhas dessa história.

Tudo começa na Mother Base. Trata-se da base de onde Snake comanda todos os seus recursos. Falaremos sobre ela mais adiante. Partindo da Mother Base, você escolhe a missão que deseja fazer e vai de helicóptero até ela (é possível fazer missões de forma seguida, então não é necessário que volte para a Mother Base, apesar do jogo recomendar que você faça isso de tempos em tempos). Antes de chegar à região, você escolhe qual equipamento quer usar e qual parceiro o auxiliará. Veículos também podem ser definidos e até mesmo o personagem (se quiser, não precisa usar Snake). Escolhido isso, finalmente você chega à região da missão e parte para cumpri-la de forma discreta.

Tudo que eu disse já envolve um monte de detalhes que podem ser descritos em vários parágrafos. Primeiramente vamos falar sobre a Mother Base. A base deve ser considerada sua casa e sua fábrica, ou seja, não a ignore. Para evoluí-la, é preciso ter membros em sua equipe e você os obtêm extraindo nas missões com o Fulton (uma espécie de balão) ou de forma voluntária conforme completa as missões. Recursos como combustíveis e metais também devem ser pegos nas missões. Conforme mais pessoas e mais recursos são obtidos, você pode construir mais plataformas para a sua base, como a medicinal e a de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Cada plataforma possui uma função: a de P&D, por exemplo, conforme evolui de nível, possibilita criar armamentos mais poderosos para as missões. A de inteligência, por sua vez, oferece mais detalhes da região que você se aproxima, como inimigos ou itens. Cada membro de sua equipe possui uma aptidão para cada uma dessas plataformas e você precisa colocá-los onde se encaixam melhor. A Mother Base ficará cada vez maior conforme evolui no jogo e cabe a você administrá-la de forma eficaz.

A Mother Base é um sistema interessante e você vai querer administrá-la da melhor maneira possível. Mas se você não é do tipo que se importa com isso, existe a possibilidade de distribuir os membros automaticamente por aptidão e nem se preocupar mais com ela. Há alguns aspectos, entretanto, que ainda será preciso se preocupar e que não posso entrar em detalhes, mas você consegue passar batido por toda essa parte de administração de recursos se assim desejar.

Ainda sobre a Mother Base, há as chamadas "FOB" (Forward Operating Bases). São bases que você pode criar a partir da sua Mother Base e que ficam online para que outros jogadores invadam (e para que você invada a deles). Se uma invasão acontecer, você recebe uma notificação de que isso está acontecendo e tem a opção de deixar sua equipe tentar cuidar disso (se você a preparou) ou cuidar com suas próprias mãos indo até lá. É um sistema divertido e que oferece ainda mais diversão multiplayer enquanto Metal Gear Online não chega (ele será analisado separadamente por nós).

Aliás, são nas FOB que estão as polêmicas microtransações. Você pode abrir uma base sem pagar nada, mas as outras custam uma moeda in-game, que você pode obter sem gastar dinheiro real, mas gastando será mais fácil obter os itens em questão. Vale ressaltar que ainda há um outro dinheiro in-game chamado PMB (Pontos Mother Base) que não possuem relação com o sistema de FOB e que são gastos no desenvolvimento de itens, armas, roupas e da Mother Base em si.

Outro sistema importante de The Phantom Pain é o parceiro. No início, Snake possui apenas o D-Horse (o cavalo), que pode ser útil para se locomover rapidamente pelo cenário. Mas logo você pode encontrar D-Dog, Quiet e D-Walker, que oferecem diferentes mecânicas de ajuda. É bastante interessante essa mecânica, pois são ainda mais maneiras de completar a missão. Para exemplificar um pouco, com D-Dog você pode mandá-lo matar um inimigo ou simplesmente distraí-lo. Mas só consegue fazer isso se não tiver muitos outros soldados pela região, pois D-Dog não pode morrer, mas pode sentir dor e ter que ser extraído da missão.

Recapitulando: Mother Base, criação (e até customização) de armas, sistema de parceiro e finalmente a missão em si. Isso tudo são opções de jogo e nem entramos no mundo aberto ainda. Como dito, são muitas variáveis para um jogo de ação, mas tudo é explicado de maneira progressiva e devagar. A partir do momento que você precisa aprender algo novo, sem dúvida já terá masterizado o aprendizado anterior.

Sobre a missão em si e o gameplay, é aqui que The Phantom Pain brilha mais ainda. As opções de invadir cada posto de segurança encontrado no caminho para a missão, ou o próprio local do objetivo final, são diversas e todas elas recompensadoras. Se conseguir ser discreto, parabéns, fez o que deveria ter feito em primeiro lugar. Se chamar a atenção de um inimigo, ainda pode tentar consertar o erro com o "Reflex" (quem jogou Ground Zeroes reconhecerá – você possui alguns segundos em slow motion para derrubar o inimigo que o viu). Se o inimigo o viu e tocou o alarme, nem tudo está perdido: ser Rambo de vez em quando é divertido e também recompensador, ainda mais se estiver cheio de explosivos para matar quem estiver em seu caminho. Faça um favor a si mesmo: esqueça o rank na primeira vez que faz as missões – preocupe-se com isso depois, divirta-se com o jogo primeiro e com sua história.

A história… você reparou que já escrevi vários parágrafos e não falei quase nada sobre a história? Isso é bastante estranho para um Metal Gear Solid, jogo conhecido por ter mais cutscenes do que horas de gameplay. The Phantom Pain possui cutscenes, mas são em uma proporção muito, mas muito menores que as horas de gameplay. Na verdade, chega até um ponto em que você se pergunta se a história empacou ou se está realmente avançando. É aqui que o jogo perdeu os 2% que você já deve ter visto na nota final.

Explico: o jogo possui inúmeras missões (não quero dizer quantas para não estragar sua diversão, mas acredite, há bastante). Há ainda as paralelas (Side Ops), que são muito mais ainda. Mas essas missões (episódios, na verdade) parecem todas paralelas, porque não avançam muito na história e são com personagens aleatórios que não enriquecem o enredo. O verdadeiro avanço da história está nas fitas cassetes que Snake pode escutar em seu iDroid. É nelas que você sabe diversos detalhes dos personagens, sejam de The Phantom Pain ou até mesmo o que aconteceu com Chico, por exemplo, após Ground Zeroes.

É por causa disso que jogar os títulos anteriores não se torna tão trivial como qualquer outro Metal Gear Solid. Não que isso seja ruim, mas a história é algo que um fã de MGS procura num jogo da série, principalmente as cutscenes. Mas isso vai além: Big Boss é agora dublado por Kiefer Sutherland (que faz uma boa dublagem do personagem). Mas parece que estamos jogando com um personagem mudo. Em muitas cenas, Snake fica calado e os outros personagens soltam o bico. Lembra-se daquelas conversas do tipo: "Metal Gear está sendo construído", "Metal Gear?", "Sim, e neste hangar", "Neste hangar?", "Sim, duas salas daqui", "Duas salas?", etc. Essas perguntas constantes não existem mais. Não que sentiremos falta, mas há momentos que você claramente quer que Big Boss fale algo e nada acontece. Porém, devo deixar claro que Big Boss não é mudo, ele só fala poucas linhas. Nas fitas cassetes, por exemplo, por algum motivo ele fala pelos cotovelos.

Há ainda um outro ponto da história que incomoda. Em um certo momento, você alcançará o que chamamos de Capítulo 2. O que deve ser feito nele, e da maneira que foi realizado pela equipe de desenvolvimento, parece algo incompleto, feito nas pressas. Claramente a equipe tinha ideias de expandir ainda mais, mas por falta de tempo teve que fazer do jeito que vemos no jogo. Não é algo crítico, pois até chegar neste capítulo o jogo já oferece conteúdo que muitos outros títulos jamais ofereceriam. Mas fica aquele gostinho de que poderia ser diferente. Isso sem contar a polêmica de que o final "verdadeiro" foi cortado do jogo; mas enfim.

Pela internet afora, li algo curioso e cito: "The Phantom Pain é um excelente jogo, mas não é um excelente Metal Gear Solid". Não digo que concordo totalmente, mas é algo a se pensar no sentido do que um fã da série procura num título da saga.

Passei os últimos parágrafos criticando alguns pontos, mas acredite, são os únicos defeitos dessa obra-prima, se é que podem ser chamados de defeitos. No caso, são aspectos que, se vistos por um determinado ângulo, podem agradar ou desapontar os fãs. Mas não se engane: ainda é um título obrigatório e mais uma obra-prima de Hideo Kojima.

Veredito

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é um jogo incrível, estupendo e viciante. Facilmente um dos melhores títulos de 2015 e que concorrerá a diversos prêmios. Pode desapontar em alguns pontos de sua história e enredo, mas há conteúdo de sobra, gameplay sempre variado e com elementos novos a cada passo que você dá no jogo. É simplesmente obrigatório para todos os donos de PS4 (e de PS3, 360, Xbox One, PC). Por favor, jogue.

Jogo analisado com cópia física fornecida pela Konami e pela Sony.

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98

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