Mega Man: Legacy Collection

Quando anunciado, Mega Man: Legacy Collection não foi exatamente o que os fãs do robô azul mais aguardavam. Mesmo sem uma edição realmente inédita, a nova coletânea projetada pela Capcom é bem-vinda por retirar o personagem do limbo, trazendo diversos extras que devem agradar aos colecionadores.

A ausência de suporte para jogos de PSone no PlayStation 4 faz desse produto a única maneira possível de apreciar os jogos da série no último console da Sony. É, portanto, uma boa justificativa para que novatos nos games possam experimentar esses clássicos em uma plataforma atual. O preço também é convidativo, por US$15.00 o jogador terá acesso a seis jogos completos, além dos já mencionados extras.

Mega Man já passou por tempos melhores e foi bastante popular. Hoje, infelizmente, já não carrega o mesmo prestígio. Para os que desconhecem, é um jogo de ação e plataforma, dividido em várias fases. Foi um dos grandes sucessos “side-scrolling” do NES e marcou época por seu level design criativo (exceto pelo pavoroso Mega Man 1). Seu objetivo no game é derrotar o chefe final de cada cenário e obter o seu poder. Para isso, antes será preciso passar por diversos obstáculos – inimigos, buracos, espinhos e outras armadilhas.

Sua pixel art é simbólica para a era dos 8-bits e serviu de referência para diversos outros jogos (ou cópias). Os visuais de Mega Man são agradáveis até hoje, assim como sua trilha sonora. Os chiptunes da série são excelentes e dispensam versões remixadas. A trilha de Legacy Collection permanece inalterada, remixes só estão presentes nos menus do jogo.

Legacy Collection é fiel demais e isso tem um lado ruim. A lentidão constante por conta da framerate é o que mais atrapalha no gameplay. Basta acumular três inimigos e o tempo de resposta dos controles é bastante prejudicado. Outros problemas, como o “flicker” nos sprites do jogo e glitches no aúdio também estão presentes. Todas as limitações e problemas da versão do NES existem na coletânea.

As novidades são poucas, mas complementam o pacote do jogo. A trilha sonora de cada um dos seis primeiros jogos da franquia pode ser acessada por um menu especial. Além disso, existem diversas artes conceituais, materiais de promoção e informações sobre cada personagem e inimigo presente nesses Mega Man. São conteúdos de altíssima qualidade que saciam a curiosidades de qualquer fã. No entanto, a principal implementação inédita em Legacy Collection são os challenges.

Nesse novo modo, diversos desafios com contagem de tempo são impostos aos jogadores. Em suma, são modos de “speedrun” e “boss rush”. Contudo, tais desafios são frutos de um trabalho preguiçoso – não existem ambientações novas ou arranjos das fases antigas, com reposicionamento de objetos ou inimigos. O jogador vai passar pelos mesmos cenários de cada Mega Man que se interligam por meio de um teleporte.

É um modo bastante decepcionante por não oferecer desafios variados ou inéditos. Todavia, a presença de leaderboards para cada challenge é um fator estimulante e colabora para que os jogadores invistam em tal modo. Apesar da baixa qualidade, ao menos existem muitos challenges (mais de 50), proporcionando muitas horas de jogo. Longevidade é o recurso que esse produto oferece de melhor.

Mega Man também é conhecido por sua dificuldade típica dos tempos do NES. Não é injusto (novamente, exceto por Mega Man 1), mas para os desacostumados com esse nível de exigência, a ferramenta de “save state” (similar a de emuladores) permite que os jogadores salvem e carreguem o jogo a qualquer momento. Um bom recurso que deixa o game menos frustrante para os jogadores casuais. O jogo também tem suporte ao idioma português do Brasil, todavia, restrito ao menu principal.

Jogo analisado com código fornecido pela Capcom.