Apesar de hoje no PlayStation 4 possuirmos uma variedade imensa de gêneros, que vão de FPS a RPG, é perceptível que alguns tipos de jogos são bastante raros, devido a uma diversidade de fatores. Entre eles está o RTS que, por mais que seja apreciado pela comunidade gamer nos PCs, ainda não conseguiu ser trazido com perfeição para os consoles de mesa, mesmo depois de tanto esforço por parte das desenvolvedoras. Masters of Anima é mais uma destas tentativas, um jogo de aventura 3D que combina elementos de RTS e puzzle para criar uma experiência híbrida entre Age of Empires e Pikmin e que, apesar de seus problemas, consegue entregar uma experiência agradável e divertida.
Em Masters of Anima, somos apresentados a Otto, um jovem rapaz que treina arduamente com o objetivo de se tornar um mestre modelador (Shaper, no idioma original) e ser finalmente capaz de casar-se com Ana, que além de ser sua noiva, é a Moldadora Suprema do vilarejo. Modeladores são pessoas que conseguem extrair a energia da vida que existe na terra e utilizá-la para criar poderosos seres, semelhantes a estátuas vivas, chamados de guardiões, que servem para diversos fins.
Durante o exame final para que Otto se torne um mestre, sua noiva é atacada por Zahr, um moldador corrompido pelo poder dos golems e que deseja libertá-los de seu aprisionamento, realizado há milhares de anos atrás. Com sua magia, Zahr divide o corpo, a mente e o coração de Ana diante de Otto, e os envia a lugares remotos, incapacitando a única pessoa que conseguiria ser capaz de detê-lo. Cabe agora ao jovem Otto viajar pelo mundo, reunindo poder e cada um dos fragmentos de sua noiva para trazê-la de volta e, juntos, impedirem o plano de Zahr.
No geral, a história é um pouco clichê e previsível, e existem muito poucos personagens secundários para interagir ao longo da jornada, sendo alguns desses mais desenvolvidos que outros. Outro fator que decepciona é a incapacidade do jogo em explorar e apresentar mais características deste mundo extremamente interessante que os desenvolvedores foram capazes de criar. Desta forma, apesar de vermos ambientações belas, construções e estilos com aspectos únicos, o sentimento que temos é o de vazio, como se algo faltasse para complementar aquilo que vemos.
Toda a história é contada por meio de textos e conversas entre os personagens ao longo de cada nível e existem algumas cutscenes animadas em alguns pontos, porém, estas (até o momento da análise) não possuem uma boa resolução e, quando exibidas em televisões com muitas polegadas, ficam com uma péssima qualidade, sendo possível enxergar os pixels na tela. Tanto o texto quanto a dublagem estão em seu idioma original, o inglês, e não há suporte algum para nosso idioma. A dublagem é boa e possui diversas vozes que combinam com cada personagem, apesar de ter me incomodado um pouco com a atuação e o forte sotaque britânico do responsável por dar voz à Otto.
O jogo é visto através de uma perspectiva isométrica e, no controle de Otto, somos capazes de invocar cinco tipos de grupos diferentes de guardiões, cada um com design, função e habilidades específicas para formar tropas que nos auxiliarão em cada batalha. Ao final de cada estágio é possível realizar melhorias e desbloquear novas habilidades para Otto e seus Guardiões com pontos obtidos ao se subir de nível. Para invocá-los é necessário utilizar Anima, que é armazenada em pequenas esferas no canto direito inferior da tela e pode ser coletada quebrando vasos, plantas e outros elementos do cenário com os ataques físicos de Otto ao apertar o botão quadrado no controle.
A progressão é feita em 10 estágios diferentes, cada um podendo ser finalizado em torno de 30 a 40 minutos em uma primeira jogada. Neles você pode encontrar fragmentos de crystal ou runas que, uma vez completos, irão aumentar a vida máxima e o limite máximo de Anima de Otto (semelhante aos olhos de górgona e penas de fênix em God of War). Existem ainda missões secundárias que podem ser realizadas para se obter mais experiência. Cada nível do jogo é divido em sequências de puzzle e combate. Os puzzle são muito bem feitos, em que se deve combinar diferentes tipos de Guardiões para solucioná-los. Por exemplo, certo tipo de Guardião consegue empurrar objetos, outro pode atirar em botões que estão em locais elevados, etc.
O combate, por sua vez, tem uma dificuldade bastante elevada sendo, necessária uma boa dose de astúcia e estratégia para formar seu exército, uma vez que existem diversos tipos de golems diferentes, cada um exigindo uma abordagem específica por parte do jogador. Visto isso, é bastante comum falhar no combate até aprendermos todos os padrões de ataque do inimigo e construir uma formação sólida para vencê-lo (por sorte, temos checkpoints antes de cada batalha e o tempo de loading é bem rápido).
Antes de certos ataques de nossos adversários, uma área será exibida no chão, indicando onde seus golpes acertarão, dando um intervalo de alguns segundos para realocar tanto Otto quanto os Guardiões, visando impedir perdas graves no exército. Ao final de cada confronto, o desempenho é avaliado e recebemos um rank que vai de E até S (como na série Devil May Cry) e uma quantidade de XP bônus.
O maior problema em Masters of Anima é, sem dúvida, seu esquema de controles que, além de ser nada intuitivo, é um dos motivos pelo qual os confrontos são tão complicados. Ao invés de controlarmos Otto com o analógico esquerdo e o cursor (que tem a mesma função da seta de um mouse) com o analógico direito, os desenvolvedores optaram por colocar as duas funcionalidades em uma única alavanca, neste caso a esquerda (o direito apenas faz com que o personagem role no chão). Isto causa uma confusão gigantesca durante os confrontos avançados, pois quando precisamos criar, selecionar, ou mover uma unidade, acabamos movendo nosso personagem no processo.
Além disso, cada botão funciona de uma forma diferente, conforme é pressionado. Por exemplo, se você apertar o botão X, estará ordenando a uma unidade que se mova ao local desejado ou ataque um alvo. Já ao segurar o botão, estará ordenando que todas as unidades daquele tipo realizem as ações mencionadas. Você repetirá a mesma batalha diversas vezes, pois perdeu suas tropas por ter dado o comando Y pensando que era o Z. É totalmente visível que o jogo foi desenvolvido para ser jogado utilizando o teclado e mouse, semelhante a jogos RTS como Warcraft e Age of Empires, e este é um dos principais motivos do porquê temos poucos jogos do gênero com versões para consoles.
Os gráficos do game são muito bonitos, com uma paleta com cores vivas e que dão um charme cartunesco aos ambientes. Estes são muito variados: florestas, campos, montanhas, desertos, vulcões. Cada um destes ambientes é belíssimo, o que torna a jornada de Otto bastante agradável e empolgante. Existem vários efeitos e partículas que tornam as magias e batalhas um amálgama de luzes e cores, contribuindo ainda mais para a construção dos combates. A trilha sonora é regular e durante os confrontos é difícil escutá-la em meio a tantos sons de golpes dos Guardiões.
Veredito
Masters of Anima é uma adição mais que bem vinda à biblioteca do PlayStation 4 e, apesar de possuir uma história simples e uma série de problemas nos comandos de sua versão de console, deverá divertir àqueles que adoram um bom RTS, com suas batalhas e puzzles divertidos e desafiadores.
Jogo analisado com código fornecido pela Passtech Games.
Veredito
Veredict
Masters of Anima is a more than welcome addition to the PS4 library and, despite having a simple story and some gameplay problems in its console version, it should please those who love a good RTS, with its challenging and fun puzzles and battles.