A Capcom é uma companhia com um histórico invejável devido às suas séries clássicas, dentre elas os crossovers com a Marvel. Apesar da série Versus ter agradado a maioria dos jogadores com a sua última versão (Ultimate Marvel vs Capcom 3), muitos fãs ficaram com receio de Marvel vs Capcom: Infinite. Resumidamente, posso dizer que quem busca um modo competitivo ficará bastante satisfeito com o novo título – já quem quer conteúdo single-player, nem tanto. Vamos entender isso.
Como uma espécie de volta às origens, as batalhas de Marvel vs Capcom: Infinite acontecem em duplas, e não trios. Isso, no entanto, introduz diversas mecânicas novas que até os mais veteranos terão que sentar para estudá-las.
Antes de falar do gameplay e destrinchá-lo, vamos discutir os modos de jogo. O que mais chama a atenção, primeiramente, é o modo história (traduzido de forma errada como estória – vale mencionar brevemente aqui que há algumas traduções estranhas em todo o game). É um modo que os jogos de luta estão seguindo atualmente: um enredo à la filme e com lutas pré-definidas no meio das cutscenes. A história envolve uma fusão de Ultron e Sigma. Esse novo vilão busca as seis Joias do Infinito, sendo que já possui duas em mãos. Cabe agora aos diversos personagens, tanto da Marvel, quanto da Capcom, impedir que isso aconteça, obtendo as Joias antes de Ultron Sigma.
O modo história é uma adição interessante e tem um enredo curioso. É difícil imaginar uma história que englobe todos os personagens da Marvel e da Capcom, mas ela foi criada e dá para engolir. Mas há muitos momentos previsíveis e outros sem graça. Há pessoas que gostarão do que foi criado, enquanto outras acharão um lixo – não será unânime. No meu caso, achei bom, mas podia ser melhor.
Outro ponto que talvez irrite as pessoas é que três dos futuros personagens DLC já confirmados (Sigma, Pantera Negra e Monster Hunter) aparecem na história. Personagens DLC são inevitáveis atualmente (além dos três mencionados, teremos Venom, Viúva Negra e Soldado Invernal), mas deixá-los no modo história mostra que a Capcom ainda não aprendeu com os erros de Street Fighter x Tekken.
Além do modo história, há outros dois modos para os jogadores solitários. O modo missão é dividido em dois: temos um tutorial que explica bem todas as mecânicas do jogo, assim como 10 missões propriamente ditas para cada personagem (as famosas trials).
O outro modo é o Arcade. A polêmica de sua ausência em Street Fighter V ainda dá o que falar, mas não se anime aqui. Apesar de possuir cinco oponentes aleatórios e duas batalhas contra chefes, não há um fim específico para cada personagem. As únicas recompensas por acabar o modo é uma cor alternativa para a dupla usada e uma tela de parabéns. É um modo para matar o tempo (é possível jogá-lo enquanto espera um oponente online), mas que, novamente, poderia ser melhor.
Como podemos ver, o jogador solitário talvez não se anime com o jogo. Mas vamos ao que realmente interessa: o lado competitivo.
Antes ainda de falarmos das mecânicas, é preciso destacar o quão bom é o modo online de Marvel vs Capcom: Infinite. Em todos os nossos testes pré-lançamento, o online rodou liso com vários oponentes. Para não achar que fosse impressão exagerada minha, impressões no Reddit de pessoas que estavam com o game antes do lançamento também foram positivas. Claro, em lutas contra norte-americanos ocorreram alguns travamentos. Mas de forma geral, após várias decepções nesse sentido em jogos de luta, a Capcom está de parabéns. Street Fighter V, apesar de todo o ódio, possui um modo online bom também. Mas creio que MvC:I seja melhor ainda e isso é absurdo de se pensar ao lembrarmos que o jogo possui uma velocidade muito maior que SFV.
O modo online é dividido em partidas ranked (que são com oponentes aleatórios e que pode ter a busca definida por qualidade de conexão e nível do jogador), partidas casuais (idem ao anterior) e lobby. O lobby é diferente desta vez: até oito pessoas podem entrar e há quatro espaços para que quatro lutas ocorram. Em outras palavras, só fica parado quem quer – não é mais aquilo de dois jogam e seis assistem esperando sua vez. E você pode se posicionar onde quiser, para jogar com quem quiser, basta a luta que está ocorrendo terminar. Se não quer lutar, pode só assistir também. Os lobbies portanto foram renovados e merecem todos os elogios.
Funções como visualizar replays de suas lutas e configurar seu perfil público (título, etc) continuam presentes também.
Finalmente, vamos falar das mecânicas. Marvel vs Capcom: Infinite utiliza quatro botões de ataque: soco e chute fracos, soco e chute fortes. O soco forte agachado é usado, normalmente, como o launcher (que em UMvC3 havia se tornado um botão específico). Os combos simples continuam ainda seguindo a sequência dos mais fracos para os mais fortes, depois launcher, combo aéreo e um finalizador. Sem isso, não seria MvC, obviamente.
Os outros dois botões são para efetuar a troca de personagens da dupla e o outro para usar a Joia do Infinito selecionada. A troca é simples: em quase qualquer momento da luta você pode trocar de personagem. É um sistema novo e que gera inúmeras possibilidades, pois ele entra pronto para atacar – não é obrigatoriamente uma voadora como nos outros jogos. Já as joias são uma mecânica mais avançada do que a troca.
Após selecionar a sua dupla, você precisa escolher qual joia usar. Há seis opções disponíveis, com duas funções cada. Ao apertar o botão da joia na luta, você ativa a função primária e, quando uma barra secundária é preenchida, a tempestade pode ser ativada apertando o botão da joia e de trocar o personagem. Por exemplo, a joia Soul (alma) lança um projétil que, quando acerta o oponente, suga um pouco de sua vida, enquanto que a tempestade coloca os seus dois personagens na arena (você controla os dois simultaneamente e, se um deles estiver derrotado, ele é ressucitado com a joia). Já a Space (espaço) atrai o oponente para você e durante a tempestade cria um bloco que prende o oponente, impedindo-o de se movimentar livremente pela arena. As outras quatro joias deixarei para você mesmo descobrir e não estragarei sua surpresa.
Além de todas essas mecânicas, os Hyper Combos continuam existindo. Há duas ferramentas que buscam atrair os novatos, no entanto. A primeira é a possibilidade de fazer um combo básico apertando apenas quadrado. Já a outra é ativar um Hyper Combo apertando soco e chute fortes.
De uma maneira geral, todas essas mecânicas passam um ar de novidade para Marvel vs Capcom: Infinite. Por outro lado, o elenco do título é um pouco decepcionante. Apesar de finalmente termos Mega Man X, por exemplo, é notável a ausência de vários personagens, principalmente os X-Men. Além disso, os que retornam de UMvC3 continuam parecidos, mas pelo menos contam com golpes e combos novos.
Marvel vs Capcom: Infinite, portanto, foi feito para agradar o público competitivo e para quem acompanha transmissões ao vivo de campeonatos (aliás, em movimento o jogo fica muito bonito – você jamais reparará em defeitos gráficos no gameplay em si). O jogador solitário encontrará algo para passar seu tempo, mas pode se decepcionar, considerando que o verdadeiro foco de MvC:I é o online e competitivo. Finalizo com a crença de que Capcom obteve êxito nesses dois pontos.
Veredito
Marvel vs Capcom: Infinite provavelmente agradará aos jogadores competitivos, com seu online muito bom e mecânicas inéditas que conseguem trazer uma nova vida à consagrada série. No entanto, o elenco reciclado e a falta de capricho no conteúdo single-player poderá afastar os que não buscam competição.
Jogo analisado com código fornecido pela Capcom.
Veredito
Veredict
Marvel vs Capcom: Infinite will probably please the competitive players with its very good netcode and new mechanics that bring new life to the classic series. However, the recycled cast and the lack of polishment in the single-player content can push away the more casual players.