Krinkle Krusher

Dia 7 de abril marca um momento histórico no universo gamer brasileiro. É neste dia que um jogo "made in Brazil", com cheirinho de pão de queijo, deu as caras no PS4 (disponível também para Vita e PS3 todos cross-buy). E a estreia não podia ser melhor: Krinkle Krusher, desenvolvido pela mineira Ilusis Interactive, é um tower defense viciante.

O jogo possui uma história que, embora simples, contextualiza suas mecânicas e objetivos. Era uma vez, em um reino muito distante, ocorria um festival em comemoração aos primeiros frutos de uma árvore muito antiga. E como toda comemoração, não poderia faltar um bolo… gigante. Entretanto, o aroma do bolo atiçou a fome dos Krinkles, seres famintos que vivem nas florestas ao redor do reino, que resolveram invadi-lo e "participar" da festa.

Diante da ameaça Krinkle, o mago Handalf (o jogo está recheado de referências a livros, séries e filmes) se disponibiliza a defender o reino. Entretanto, seus poderes são ineficazes sem alguém que o guie no campo de batalha. É aí que entra Mitty, uma luva mágica que você controla, auxiliando o mago onde lançar suas magias e qual a melhor a ser utilizada para cada situação, derrotando ondas e ondas de diferentes tipos de inimigos Krinkle.

Por meio do uso de anéis, o mago controla cinco poderes elementais (relâmpago, fogo, vento, lama e gelo), desbloqueados à medida que se avança no jogo. Além disso, há também um poder especial, o Grande Trovão, que gera descargas elétricas em toda área, mas precisa de um tempo para recarregar. A utilização de cada poder é realizada de modo bem intuitivo na tela touch do Vita, sendo mais ágil e responsivo quando comparado aos comandos no PS3/PS4.

O uso de elementos traz boa diversidade ao jogo. Alguns Krinkles também são baseados em elementos, possuindo forças e fraquezas dependendo do poder que os ataca. Lance um furacão em um Krinkle baseado em vento e veja seu tamanho e vitalidade aumentarem. Além disso, a exploração do ambiente também pode auxiliar ou enfraquecer o uso de um feitiço. Experimente usar fogo em montes de folhas secas para aumentar a área de incêndio.

Para adicionar ainda mais variedade à jogabilidade, existem fases noturnas, em que a lua, em um ritmo alucinante de revoluções, anula o efeito de um feitiço baseado em sua cor. Fora isso, alguns Krinkles surgem no cenário em cima de um barril, em cujo interior existe um item aleatório, podendo, por exemplo, dar mana infinita por certo tempo ou incluir um carro de comida no cenário para concentrar os Krinkles em um ponto. E eu nem mencionei os chefões… Tudo isso vai sendo adicionado gradualmente, possibilitando se familiarizar com cada novo elemento de jogabilidade.

Krinkle Krusher é dividido em fases, agrupadas em três grandes "regiões". A transição entre cada região é marcada por uma batalha contra um dos chefões e um pouco mais de história. As fases são curtas, o que torna o jogo muito atrativo no Vita. Ao final de cada uma, você recebe uma classificação de uma a três estrelas, de acordo com sua pontuação. Atingindo três estrelas, você ganha um diamante. Diamantes são utilizados para melhorias nos poderes e também fortificação (entenda HP) do castelo. Isso acaba estimulando o retorno às fases na busca de melhores pontuações e diamantes.

As telas de resultado, a classificação em três estrelas e a maneira em que as fases estão distribuídas lembram o formato de jogos mobile. Sim, Krinkle Krusher poderia muito bem ter sido lançado para tablets e celulares, mas não se deve olhar o jogo com preconceito por causa disso. Ele possui as qualidades principais de qualquer bom jogo, que justificam sua presença na biblioteca de títulos Playstation: muita diversão, desafio constante e incentivo com recompensas. O incentivo para o desenvolvimento de Krinkle Krusher através do Programa de Incubação da Sony deve ser visto, sim, com muito respeito, pois acaba estimulando outras desenvolvedoras brasileiras nesse mercado complicado. E outros jogos estão prestes a chegar.

Existe algo estranho com relação à dificuldade em Krinkle Krusher. Logo nos primeiros níveis se vê uma dificuldade alta, com hordas de inimigos para destruir e apenas o poder de relâmpago desbloqueado, ficando difícil de avançar. Isso pode afastar os jogadores mais impacientes. Para aqueles com perseverança, a partir do momento em que você consegue 10 diamantes, é desbloqueado o Laboratório Mágico, possibilitando a melhoria dos poderes, facilitando a vida nas fases avançadas.

Conforme os poderes e itens restantes são desbloqueados, a alta dificuldade do início passa. Veja bem, o jogo continua desafiante, mas não tão punitivo quanto nos primeiros momentos, passando a ser mais prazeroso, embora em alguns momentos bata o desespero e você faça os mais diversos gestos sem pensar. Vale mencionar que os poderes têm uso limitado; se você abusar, o anel se quebra e é necessário aguardar um tempo até que o poder fique disponível novamente. Talvez um melhor balanceamento da dificuldade nas primeiras fases tornasse o jogo mais receptivo.

Apesar da existência da pontuação ao final de cada fase, senti falta de um ranking online (ou pelo menos não o encontrei). Existe o estímulo a repetir fases, mas isso está mais relacionado em obter os diamantes do que melhorar a pontuação. A existência de um ranking seria um incentivo maior a explorar os pequenos segredos de jogabilidade de aumentam a pontuação (e eles existem).

Por fim, resta fazer uma comparação do desempenho do jogo entre Vita e PS4. No PS4, o jogo roda sem problemas. Entretanto, no Vita, é possível perceber loadings mais demorados, principalmente na hora de se navegar para escolher as fases. As animações ao final da fase também parecem um pouquinho mais lentas no Vita. Não é nada que afete o gameplay em si, mas é demorado o suficiente para ser notado.

Jogo analisado com código fornecido pela Ilusis Interactive.