Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue

Antes de Final Fantasy se aproximar de um gameplay mais voltado para a ação e batalhas em tempo real, Kingdom Hearts foi a franquia da Square Enix que apresentou a muitos fãs da empresa o mundo do RPG de ação. Com o iminente lançamento do extremamente aguardado terceiro título, a produtora lança a terceira coletânea da série. Após Kingdom Hearts 1.5 e 2.5, lançados originalmente no PS3 (e com versão já confirmada para o PS4), que compilavam os títulos principais, Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue chega para trazer os títulos restantes (Dream Drop Distance, até então exclusivo do 3DS, e a compilação da história do jogo mobile Kingdom Hearts χ Back Cover), além de nos apresentar um pouco do futuro da série com o jogo 0.2 Birth by Sleep -A fragmentary passage –. Mas será que o título vale a pena ou é apenas uma distração enquanto Kingdom Hearts III é concluído por Tetsuya Nomura e sua equipe?

Em Dream Drop Distance, a trama se passa logo depois de KH II, com Riku e Sora sendo chamados pelo Mestre Yen Sid para completarem o Mark of Mastery e se tornarem mestres Keyblade. Tal teste requer que ambos entrem no mundo dos sonhos, onde terão que encontrar todas as Keyholes of Sleep espalhadas em 7 mundos adormecidos. Os dois adotam o visual de quando eram crianças e vão parar no local onde tudo começou: Traverse Town.

Alguns mundos serão familiares para quem já jogou outros títulos da franquia, como o mencionado Traverse Town, o ponto de partida do primeiro jogo. Mas a maioria é composta por áreas completamente novas para a série. Novos mundos tirados de filmes Disney foram apresentados exclusivamente neste título, como Corcunda de Notre Dame, Fantasia e Tron: Uprising. Para os fãs dos clássicos do estúdio, é sempre um deslumbre ouvir temas e reconstruções de momentos-chaves das animações, como no caso do curta Aprendiz de Feiticeiro, do filme Fantasia.

Em um primeiro momento, a jogabilidade de 3D é muito semelhante aos primeiros Kingdom Hearts, especialmente o primeiro, já que metade do tempo você está jogando com Sora criança; mas essa impressão é rapidamente deixada de lado quando as novas mecânicas são apresentadas. Uma delas é o sistema de Flowmotion, que permite que o jogador se locomova muito mais rápido pelo cenário, pegando momento em postes e corrimões, e pulando de parede em parede. Essa habilidade também pode ser usada no combate, permitindo que o jogador arremesse inimigos ou destrua vários deles ao mesmo tempo. Os mapas do jogo são compostos pelas maiores áreas encontradas na franquia até então, justamente para dar espaço para o sistema de Flowmotion ser usado. Umas das melhores formas de movimentação já implementadas pela franquia.

Outra novidade fica para o sistema de Dream Eaters. Essas criaturas fofinhas servem como um tipo de companion que te auxiliam nas batalhas, encontram passagens secretas, curam o jogador e até mesmo oferecem um sistema similar ao dos Drive Form de KH II, chamado de Ability Links. Essas habilidades são oferecidas dependendo do nível e do rank de seu bichinho. Para melhorá-los ou criar novos membros para sua party, entra um modo de fusão que combina itens achados nos cenários e receitas para monstros pré-existentes. Para melhorar o nível de cada Dream Eater, o jogador deve não só utilizá-los em combate, mas também tratá-los como bichos de estimação, dando comida e brincando com eles em uma série de mini-games que, apesar de simples, não são necessariamente cruciais, sendo mais uma descompromissada alternativa para passar o tempo.

Tais criaturas também são os inimigos enfrentados no jogo. Nada de Heartless ou Nobodies reciclados, há uma variedade imensa de Dream Eaters encontrados em cada mapa, o que diversifica a dinâmica do combate à medida que se passa de mundo.

O ponto mais forte de Dream Drop Distance é o puro e simples gameplay. Ao evoluir e descobrir novas habilidades de Sora e Riku, seja encontrando nos baús dos cenários ou desbloqueando no Ability Links dos Dream Eaters, o jogo vai ganhando um dinamismo gigantesco e um gameplay variado que eleva os sistemas conhecidos da franquia e serão muito bem-vindos se forem adaptados para o próximo jogo principal (especialmente o Flowmotion).

O jogo teve seu visual retrabalhado para a versão de PS4. Por se tratar de um jogo de 3DS, o game recebeu novas texturas e modelos e, mesmo originalmente sendo um jogo portátil, é visualmente muito bem polido, rodando tranquilamente a 60 fps sem problemas de desempenho. A icônica trilha sonora deYoko Shimomura está presente em todos os títulos, além das versões adaptadas de temas dos filmes da Disney.

Por ter sido desenvolvido originalmente para um portátil, com um armazenamento limitado de memória, há diversos mini-games e repetições de cenário para preencher a duração do jogo, sendo essa uma das justificativas para as repetições de cenário e mundos com Sora e Riku. A duração final chega próxima de um Birth by Sleep, com mais ou menos 20 horas.

Mas a grande expectativa para esta coletânea estava para 0.2 Birth by Sleep -A fragmentary passage –, o primeiro gostinho de Kingdom Hearts III, pois utiliza da mesma engine do futuro jogo (Unreal Engine 4) e de alguns elementos de gameplay já confirmados para ele. A história se passa logo depois dos acontecimentos de Birth by Sleep, com Aqua acordando no reino das trevas e tentando achar uma saída para o reino da luz, onde estão os companheiros Ventus e Terra. Em sua viagem, Aqua irá se deparar com fragmentos de mundos clássicos da Disney, mas sem os icônicos personagens dos filmes. Vazios e abandonados, são apenas reflexo do mundo da luz, aqui habitados por Heartless.

O gameplay de 0.2 consiste de uma versão semelhante à encontrada em Birth by Sleep. Jogando com Aqua, os movimentos são os mesmos e a dinâmica de combate muda pouco. Há também adições como customizações estéticas na personagem e alguns pontos de travessia pelo cenário, mas basicamente é o Kingdom Hearts que já estamos acostumados, o que é ótimo e funciona perfeitamente. Enfrentar múltiplos Heartless é extremamente satisfatório e o combate é fluido e muito polido.

A duração fica entre 2 horas e meia e 3 horas, sendo que há um valor de replay com o desbloqueio de uma dificuldade mais alta e um New Game+ que carrega os Objetivos secundários e os itens adquiridos. Apesar de uma experiência curta, há muito tempo de combate com diversos tipos de inimigos para o jogador começar a se habituar ao ritmo e visual na nova engine.

Falando nele, o visual trabalhado na UE 4 é bonito e tem efeitos de partícula e iluminação impressionantes. É fascinante ver o visual de personagens icônicos da franquia desenvolvidos na geração atual de consoles. Porém, por talvez ainda ser uma espécie de demo ou versão menor, há ainda alguns detalhes a serem trabalhados, como a textura de modelos dos personagens, que parecem lavados, sem muitos detalhes.

E por fim temos o Back Cover, uma espécie de filme de 1 hora feito na engine de 0.2/KH III, que resume os acontecimentos do jogo feito para celular, Kingdom Hearts χ. A história se passa muito antes dos acontecimentos do primeiro KH, mostrando os fatos que acarretaram na lendária guerra Keyblade e nos seus primeiros usuários. O detalhe fica que nesta coletânea não há troféus para o terceiro título, ou seja, não espere ganhar alguns troféus de ouro por assistir algumas cutscenes como em 1.5 e 2.5. O jogador pode pausar o filme a qualquer momento e retomá-lo de onde parou na seleção de capítulos.

A história como as outras, é baseada em muitos conceitos pré-existentes do mundo da série. Ou seja, nada amigável para quem não conhece a fundo o lore da franquia. Os diálogos melodramáticos e as cenas de exposição aparecem em peso durante todo o longa. Os gráficos, se utilizam da Unreal Engine 4 para lindos efeitos de iluminação nos cenários, tecidos das roupas e indumentárias dos personagens. Porém, há uma dublagem um tanto inconsistente, com algumas vozes quase cômicas executadas em cenas sérias (como é o caso de algumas com o personagem Master of Masters).

No geral, é uma história interessante que, apesar de não ser fundamental para o entendimento da trama e ter um ritmo meio lento, mostra um universo antes da ruptura dos mundos da série, em uma época onde todos coexistiam pacificamente. Com novos personagens que podem ser importantes nos próximos títulos e muitos (e aqui eu devo enfatizar, MUITOS) mistérios a serem resolvidos a partir dessa história, o filme deixa um gostinho de quero mais.

Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue reflete também o grande problema da série: sua história. Por se tratar de 3 jogos spin-offs e intermediários da série principal, dá pra se sentir extremamente perdido com as explicações desnecessariamente complexas e o vai e volta de personagens e seus semelhantes. Em 0.2 e Dream Drop Distance, a história é mais um filler entre os capítulos principais do que algo extremamente relevante, servindo mais como um contexto, complementando mistérios dos títulos anteriores e preparando terreno para o próximo jogo, o que pode decepcionar os fãs que aguardavam algo mais substancial após tantos anos de espera por informações da continuidade da história e dos personagens. Se você procura detalhes nas tramas de Aqua, Xehanort e a formação da Organização XII, é um prato cheio. Mas pra quem não se interessa, a trama não movimenta muito o plot principal da franquia e, apesar de três títulos, parece que falta mais substância na história.

Se você nunca jogou nada da série e os nomes Birth by Sleep – A Fragmentary Passage –, e Dream Drop Distante não te assustaram o suficiente e ainda sim você quer começar a jogar algo da franquia antes da chegada do terceiro título, é mais vantajoso esperar o lançamento da coletânea ReMIX 1.5 + 2.5 no PS4 daqui alguns meses. Aos demais fãs da franquia, é um título que, apesar de ser menor às outras compilações, deve agradar tanto pelo que já foi lançado (Dream Drop Distance), quanto pelos novos conteúdos (0.2 e Back Cover)

P.S.: Até a data da postagem da análise havia um problema em relação a abertura inicial de Dream Drop Distance e o travamento do jogo antes dos créditos finais do mesmo título, após o encontro com o final boss. Pelo que averiguei, isso está ocorrendo com alguns jogadores e ainda não foi arrumado pela Square Enix. A alternativa encontrada é mudar a língua do console para Inglês ou Português de Portugal, assim tanto a abertura quanto os créditos voltam a aparecer. Iremos retirar este adendo se isso for corrigido em um futuro patch.

Veredito

Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue pode não ser a melhor coletânea da série ou o melhor título para quem nunca jogou nada dela, devido a sua história rebuscada e desnecessariamente complexa, até mesmo para os veteranos da franquia. Mas isso não afeta o game de ser divertido de se jogar, com a reunião de um dos gameplays mais interessantes da série com Kingdom Hearts: Dream Drop Distance, além de uma nova experiência com Kingdom Hearts 0.2, feita a partir da engine em que Kingdom Hearts III está sendo produzido, e fechando a coletânea com as cutscenes de Back Cover, que só quem é realmente aficionado pela história vai se importar em assistir. É claramente um título feito para os fãs mais fiéis da série, sedentos por novidades da franquia.

Jogo analisado com cópia digital adquirida pelo redator.


 

Veredito

82

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Veredict

Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue it’s maybe not the best compilation of the series or the best title for the people who never played anything because of it’s unnecessarily complex story, but this does not affect the fun of the gameplay, which reunites one of the most interesting of it (Dream Drop Distance), with some new and exclusive content in the form of the Kingdom Hearts 0.2, developed with the same engine of the future third game. It’s clearly a title made for the most hardcore fans of the franchise, thirsty for new content.