Goichi “Suda51” Suda é conhecido pelos seus jogos excêntricos, como killer7, No More Heroes, Lollipop Chainsaw e, agora, Killer is Dead.
Para gostar de Killer is Dead, você deve jogá-lo com a mente aberta. Você vai ser jogado em um mundo que nada faz sentido e demorará para entender a história e principalmente seu fluxo. Mas em relação ao gameplay, o jogo é bastante simples.
Killer is Dead acontece em um futuro próximo, no qual coisas como viagens à lua e humanos misturados com máquinas são comuns. Você controla Mondo Zappa, um assassino que trabalha na Bryan Execution Firm. Essa empresa tem como lema “nada é impossível” e é comandada por Bryan Roses. O seu negócio é receber contratos e matar o que a pessoa está pagando deseja. E acredite: isso é apenas a ponta do iceberg. A história vai se desenvolvendo aos poucos de forma muito confusa, mas quando terminar o jogo vai entender boa parte dela (muitas coisas ficam no ar para discutirmos). É difícil analisar quando a proposta da equipe era justamente essa: instigar o jogador a não entender nada para continuar jogando e juntar as peças (há até momentos que o protagonista “fala” com o jogador, como “os gamers esperam que essa batalha aconteça em um campo maior, não?”). Se você gosta de uma história mastigada, esqueça. Killer is Dead não será sua praia.
E mais: o lema “nada é impossível” é levado a sério. Os alvos de Mondo são extremamente bizarros e o caminho até chegar a eles também.
Caminhos esses que nos levam a discutir o gameplay. Killer is Dead é um hack and slash simples. Simples até demais, podemos dizer. Quadrado ataca com sua espada, principal arma de Mondo. Triângulo é um soco dado com seu braço cibernético (que já entraremos em detalhes) e que serve para abrir a defesa do oponente. Círculo é a defesa e, associado ao analógico, torna-se a esquiva também. Se você desviar no momento certo, “pausará” o jogo e poderá atacar rapidamente apertando quadrado várias vezes (pense em Bayonetta de forma bem simplificada). Se defender no momento certo, também fará um simples parry. Por fim, X é o comando de interação com o cenário.
Já o L1 e R1 servem para mirar e atirar, respectivamente, com o braço cibernético de Mondo. Esse braço usa como munição o sangue obtido dos inimigos (basicamente, o sangue que você tira com cada golpe da espada). Com o passar do jogo, você ganhará upgrades para o braço e destravará outros três tipos de armas, incluindo uma broca.
Você também pode receber rosas e diamantes (que recuperam o sangue e vida, respectivamente) espalhados pelo cenário. Há um terceiro colecionável que serve justamente para realizar upgrades nas habilidades de Mondo. Ou seja, colete o número suficiente e escolha qual upgrade deseja destravar. Eles variam de coisas úteis como a possibilidade de usar o sangue para recuperar a vida com o botão L2 até coisas mais inúteis como alguns golpes novos.
Isso nos leva rapidamente a um ponto negativo do jogo. A essência de um hack and slash são os combos variados. Killer is Dead não possui essa variação. É quadrado o tempo todo (triângulo, que é o golpe de abrir defesa, não dá para ser usado no meio). Ou seja, os combates se repetem infinitamente em quadrado e apertando bola para desviar quando você ver que o inimigo vai atacá-lo. Isso se conseguir ver o inimigo fazendo isso, pois o jogo possui uma câmera horrível. Muitas vezes ela estará exatamente na posição que você não queria que estivesse.
O gameplay das fases, portanto, é matar inimigos (que não variam muito ao longo do jogo) e, no final do episódio, matar o chefe. É claro que analisando cruamente, praticamente todos os jogos são assim, mas no caso de Killer is Dead, devido ao combate limitado, não é animador o processo. Mas não se engane: esse combate pode acabar agradando você.
Killer is Dead possui 12 episódios apenas. É um jogo curto, com uma campanha que dura cerca de 10 horas no máximo. Porém, há muitas missões a serem destravadas e com classificações máximas a serem antigidas. Tudo isso é escolhido no menu do jogo, que também inclui outras opções, como usar outras roupas destravadas para Mondo e a loja de itens. Nessa loja, você pode comprar desde itens para a jornada (como mais “tickets para reviver”) ou presentes para as garotas.
Um elemento de gameplay que está presente no jogo e que não mencionamos até agora são os encontros (as “Gigolo Mission”). Mondo encontrará diferentes garotas que precisam ser conquistadas. Conquistando-as, você recebe upgrades para o seu braço (as armas mencionadas anteriormente nesta análise). Você está num bar e deve ficar olhando para os peitos, pernas e rosto da garota sem que ela perceba para encher uma barra (que é o cérebro de Mondo e interpretamos como excitação). Enchendo, você poderá dar um presente a ela comprado na loja mencionada no parágrafo anterior. Se ela gostar, uma barra de conquista se encherá. Repita o procedimento e dê outro presente. Faça isso até encher a barra ou seus presentes acabarem. Se encher, você dormirá com a garota e receberá o upgrade.
Essas missões, além de serem sem graça, são muito deslocadas. Parecem fora de contexto e inseridas apenas para mostrarem mulheres semi-nuas.
Killer is Dead é um jogo único. Seus gráficos estilizados agradam e a trilha sonora de Akira Yamaoka também. A história fará sua cabeça trabalhar devido à forma que é contada. Por outro lado, o gameplay descompromissado pode desapontar aqueles que esperam um sistema de combate não necessariamente avançado, mas com mais opções do que apenas um botão de ataque. As missões com as garotas são tristes. E aqueles que buscam longevidade, encontrarão uma campanha com cerca de 10 horas, mas com missões, destraváveis e diferentes dificuldades para aproveitar o jogo um pouco mais.
Jogo analisado com código fornecido pela XSEED Games.
— Resumo —
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Único
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História
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Estilo gráfico e musical
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Jogabilidade simples
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“Gigolo Missions” (missões com as garotas)
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Sistema de combate simples pode frustrar muitas pessoas
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Câmera
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Repetitivo