ATENÇÃO: ESTA É A PARTE FINAL DA TRILOGIA DE OS PILARES DA TERRA. SE VOCÊ NÃO JOGOU OS LIVROS 1 E 2, RECOMENDA-SE DISCRIÇÃO
A terceira e última parte de Os Pilares da Terra, O Olho da Tempestade, traz a difícil tarefa de concluir a obra homônima escrita por Ken Follet, cobrindo um intervalo de vários anos de história.
O segundo livro mostrou os protagonistas em Kingsbridge, unidos no crescimento da cidade, impulsionado pela construção de sua nova catedral. Os meios para que a construção prosseguisse veio a duras custas, despertando a inveja e ira de William Hamleigh e do Bispo Waleran, que de vários modos tentaram barrar a obra, culminando no trágico saqueamento e incêndio de Kingsbridge perpetrado por William. Tal ato de violência deixou a cidade em ruínas e abalou profundamente Prior Philip.
Novamente enfrentando a pobreza e convivendo com uma promessa feita a seu pai de reaver as terras tomadas pelos Hamleigh, Aliena toma a dura decisão de abandonar Jack, com quem tinha começado um relacionamento, e se casar com Alfred, uma união de conveniência para que a jovem tivesse condições financeiras de cumprir suas promessas. Jack perde a cabeça, é preso e acaba fugindo da Inglaterra. O destino prega uma última peça em Aliena, que dá à luz a um bebê ruivo, filho de Jack.
O segundo livro encerra com poucas esperanças. Uma das torres da catedral em construção desaba. Prior Philip perde a fé e culpa seu orgulho e teimosia por todas as desgraças que acometeram Kingsbrigde. Jack está foragido e Aliena parte em sua procura, mesmo sem saber por onde começar. E, para finalizar, Alfred se alia a William e o Bispo Waleran para erigir uma nova catedral, agora em Shiring.
O terceiro livro mostra cada protagonista em caminhos separados, cada um enfrentando sua própria jornada. Ao mesmo tempo, a guerra civil continua assolando a Inglaterra, afetando a vida de toda a população. A história ruma a seu desfecho marcada por muitas provações e revelações, deixando o jogador ansioso, porém apreensivo, por um final feliz.
Com a importante missão de encerrar todos os arcos deixados em abertos, o jogo dessa vez investe bastante na parte narrativa, trazendo muitos diálogos, documentos e monólogos enquanto percorre vários anos de história. Isso tem grande impacto na parte interativa do jogo, dessa vez bem escassa. O jogador terá poucos momentos de exploração e grande parte de sua atuação será limitada a tomar decisões nos diálogos.
Próximo do final, o jogo apresenta um pouco mais de interatividade, incluindo uma mecânica de investigação que eu gostaria que tivesse sido utilizada muito antes, pois daria mais dinâmica ao gameplay.
Da mesma forma como foi visto no jogo anterior, nesta parte final existem eventos, relacionamentos e destino para alguns personagens diferentes do que é retratado nos livros, a maioria deles resultantes das decisões do jogador. Algumas decisões também criam ramificações na história, porém nada que impacte significantemente o enredo no geral.
Considero que a desenvolvedora tomou uma decisão corajosa ao adaptar a obra e modificar muito de seus eventos, principalmente nessa parte final. Avaliando a história como um todo, julgo que ela foi bem contada, dentro do escopo de um jogo, evocando diversos sentimentos no jogador. Minha única ressalva se mantém na história de Aliena, como apontado na análise anterior, que não foi tratada com toda a profundidade que a personagem merecia (no livro, sua história é muito mais trágica, com momentos que geram repugnância).
A parte artística foi um dos destaques do jogo desde o começo, e nesta última parte a desenvolvedora conseguiu ir além, trazendo diversos novos cenários e ambientações, todos ricos em detalhes e muito bem retratados, revelando como houve preocupação em entregar um bom trabalho. A representação e transição entre as cenas também foi bem feita, unido a um ótimo trabalho de dublagem, que conseguiu trazer boa carga dramática a cada momento.
Como um todo, avalio positivamente o jogo, embora não considere que ele seja voltado a todos os jogadores. Como escrito na análise da primeira parte, o jogo é como um livro interativo, que investe bastante na narrativa em detrimento do gameplay, o que afasta os jogadores acostumados com ação desenfreada ou estratégia e evolução de personagens. Para aqueles que gostam de história, esta adaptação de Os Pilares da Terra é recomendada e com certeza despertará seu interesse em conhecer o livro, se já não o tiver feito.
Veredito
A terceira e última parte da adaptação de Os Pilares da Terra investe bastante no aspecto narrativo, de modo a encerrar a história de maneira coesa, recheada de provações, revelações e emoção. Por outro lado, isso também resulta em pouca interatividade por parte do jogador, limitado mais a tomar decisões de diálogo e poucas oportunidades de exploração. Como um todo, o jogo é recomendado por sua parte artística muito bem feita e pela boa história, corajosamente adaptando a saga épica criada por Ken Follet com eventos e destino de personagens divergentes da obra original.
Jogo analisado com código fornecido pela Daedalic Entertainment.
Veredito
Veredict
The third and last installment of The Pillars of the Earth invests heavily in its narrative, bringing a cohesive closure to the story, filled with struggle, surprise and emotion. On the other hand, this also results in little interactivity for the player, limited to making dialogue decisions and a few opportunities for exploration. As a whole, the game is a positive recommendation due to the beauty in its art and good story, a bold adaptation to the epic saga created by Ken Follet, changing events and even the destiny of some characters when compared to the original work.