Quando inFamous foi lançado, em 2009, dava muito a impressão de que a Sucker Punch estava desesperada para entrar no mercado de jogos de heróis, mas sem contar com franquias de grandes empresas como Marvel e DC. E a verdade é que de certa forma ela conseguiu produzir um jogo bastante interessante em um universo claramente inspirado em histórias em quadrinhos. E que se por causa dos seus defeitos não conseguiu ser um jogo excelente, pelo menos conseguiu ser marcante na biblioteca de títulos first-part da Sony.
inFamous 2 é a exata e instantânea seqüência da aventura de Cole MacGrath, o herói de inFamous. Agora que o conduíte (denominação do jogo para não utilizar a palavra mutante e correr o risco de ver Cole lutando ao lado de Wolverine ou Homem-Aranha) dotado de poderes elétricos sabe qual é o seu objetivo, ele ruma para New Marais, no sul dos Estados Unidos (claramente inspirada em New Orleans, tendo inclusive uma área inundada em virtude de um furacão) onde um cientista seria capaz de aumentar seus poderes. A história não é das melhores, e deixa brechas para dar e vender, mas cumpre a promessa de dar à aventura uma cara indiscutível de HQ.
O jogo segue a mesma fórmula de sand-box do jogo anterior, onde não temos tanta liberdade como em um GTA, mas ainda assim podemos realizar atividades como desejamos, e sempre livres para modos free roam. Entretanto, as missões são relativamente lineares, tendo que ser realizadas em certa seqüência específica. E as missões secundárias, como sempre abundantes em jogo deste estilo, têm a peculiaridade de serem absolutamente desnecessárias para o fluir do jogo. Embora elas sejam obrigatórias para a aquisição de alguns poderes específicos, você pode finalizar o jogo sem realizar uma delas sequer.
O que também é estranho é perceber que a alardeada característica de escolhas morais do jogo, que inclusive é o motivo de seu título, continua sem influenciar nem um pouco a jogabilidade e o que se é esperado do jogo. Sim, o seu nível kármico determina o fluxo da história, fornecendo finais diferentes. Mas tirando isso, o que você verá do nosso querido Cole Macgrath são apenas cores diferentes para a roupa e a pele do personagem.
inFamous 2 até tentar fazer com que as escolhas do personagem tenham alguma influência no fluir do jogo (por exemplo, garantindo poderes diferentes de acordo com as suas escolhas), mas as possibilidades acabam sendo tão semelhantes que faz pouquíssima diferença para a experiência do jogador qual perfil ele escolhe.
A forma como as escolhas morais são realizadas também continua um tanto quanto imatura. São simples escolhas binárias, com mínimas conseqüências, como salvar doentes para ser bom, e silenciar artistas de rua (apenas porque seu amigo Zeke não gosta deles, motivo mais sem-vergonha do planeta) para ser mal.
Outra opinião – Bruno Ferreira Machado
inFamous (o original) foi uma ótima surpresa para mim. Eu não esperava muito quando o joguei, e fui muito surpreendido com uma história legal, ótimos personagens e uma ambientação excelente (apesar de Empire City ser muito "cinza"). Em um ano repleto de grandes jogos como Arkham Asylum, Uncharted 2 e outros, inFamous conseguiu se destacar com louvor. Essa sequência, na minha opinião, conseguiu superar o original em todos os aspectos, menos na "inovação". inFamous 2 é um ótimo jogo, mas não tem o mesmo impacto do original.