Quando a Square Enix anunciou que Hitman seria lançado em formato episódico, o receio tomou conta daqueles que tanto ansiavam por um novo jogo da série. Tal estratégia havia sido tomada em decorrência de seguidos atrasos em sua produção, o que se refletiu nos primeiros episódios lançados. Problemas de conexão, framerate instável e lentidão nas telas de loading eram os principais problemas apresentados então pelo jogo. Felizmente, ao longo do ano, em meio aos episódios que iam sendo lançados, a IO Interactive corrigiu, ou pelo menos amenizou, grande parte desses transtornos. E agora, tendo finalmente chegado o lançamento do jogo em mídia física, para aqueles que tanto o ansiavam, Hitman entrega uma experiência sólida e concisa.
A principal característica da série Hitman é, sem dúvidas, a liberdade garantida ao jogador para executar os contratos de assassinato. Isso, aliado a um level design não menos que excelente, possibilita as mais variadas formas de infiltração e execução. Entrar pela porta da frente, sem se importar com funcionários e câmeras de segurança, pode não ser a melhor opção, mas definitivamente é uma delas. Aguardar o momento exato em que o guarda dá as costas para apagá-lo e disfarçar-se como empregado do local são sempre opções mais inteligentes, ao passo que também são muito mais trabalhosas.
Por isso, estudar o local, explorando diferentes rotas de infiltração, observar os movimentos dos funcionários, localizar câmeras de segurança que podem futuramente vir a atrapalhar no objetivo, encontrar armas brancas ou venenos que possam estar escondidos, garantindo assim uma morte limpa e silenciosa, são fatores que aumentam inúmeras vezes as possibilidades de se jogar novamente cada missão, experimentando caminhos e meios diferentes a cada tentativa.
A quantidade de missões presentes em Hitman nem de longe é tão extensa como nos jogos anteriores da série. Ao todo são seis missões principais, mais o tutorial e algumas fases bônus, em que os cenários são levemente alterados, mas não o mapa como um todo. Por outro lado, não há nenhuma missão linear, o que foi sem dúvidas a principal reclamação daqueles que jogaram Hitman: Absolution. Os mapas, além de consideravelmente grandes, funcionam como pequenos mundos abertos, apresentando, portanto, maiores semelhanças com Blood Money e seus antecessores. Por conta disso, o fator replay é o grande trunfo de Hitman, que, para ser dominado, requer muita dedicação.
Cada uma das seis localizações são extremamente detalhadas, com destaque para os vilarejos à beira do Mediterrâneo em Sapienza, na Itália, os mercados populares de Marraquexe, no Marrocos, e a clínica médica no topo de uma montanha nevada em Hokkaido, no Japão. Entretanto, apesar da ótima atmosfera presente em cada um dos mapas, a imersão é drasticamente quebrada ao notar que, independente do lugar, seja nos Estados Unidos, na Tailândia, ou na França, os NPCs usam sempre o inglês para se comunicar.
A inteligência artificial, que foi talvez o ponto mais baixo quanto ao design de Hitman ao longo de sua primeira temporada, teve agora, com o lançamento do jogo em mídia física, a adição da dificuldade profissional, em que os saves são limitados, os inimigos, mais inteligentes, além de o Agente 47 ser mais vulnerável a dano. Porém, para liberar esse modo de jogo será preciso chegar até o nível 20 em cada missão, o que também libera novas armas e equipamentos para serem usados.
A criação de contratos, já presente em Hitman: Absolution, retornou de maneira mais robusta. Além daqueles criados pela comunidade, é possível jogar missões criadas pela própria IO Interactive, como os contratos de agravamento, no qual a cada nível é adicionado algum detalhe para aumentar sua dificuldade, como novos alvos, mais câmeras, guardas mais espertos, ou a impossibilidade de matar personagens que não façam parte do objetivo. A IO Interactive também prometeu continuar alimentando o jogo com novos alvos elusivos, que são contratos em que não há informações acerca da localização do alvo, além de ter apenas uma única oportunidade para completar a missão. Para o PlayStation 4 há ainda as missões exclusivas “Os Seis de Saraievo”, que adicionam novos contratos com novos alvos e uma diferente história como pano de fundo, o que garante mais algumas boas horas de jogo.
A parte gráfica do jogo apresenta algumas inconstâncias. Alguns detalhes, como efeitos de luz e construções em geral, são muito bem feitos, assim como alguns NPCs. Já outros personagens mais genéricos não apresentam tantos detalhes. A vegetação também deixa a desejar em muitos aspectos, sendo em sua maioria sem cor e sem vida.
O som do jogo também oscila em alguns aspectos. O design de som é bom, com cada efeito muito bem reproduzido, desde o som das armas, dos passos de Agente 47 ou de objetos caindo ou sendo arremessados. Já a mixagem de som em muitos momentos atrapalha a experiência. Praticamente o tempo inteiro o seu ouvido é bombardeado por diálogos de NPCs que, mesmo estando a dez metros de distância, parecem estar a apenas dois. Isso, misturado às constantes falas de Diana Burnwood, contato de Agente 47 na ICA, torna muitas vezes a experiência bastante confusa, parecendo uma maçaroca de sons aleatórios. Felizmente as informações em tela são sempre úteis. E com a excelente localização dos textos para o português brasileiro, adaptando tudo muito bem para o nosso idioma, o problema do áudio é amenizado.
Veredito
Com mapas imensos e abertos à exploração, sem a linearidade de seu antecessor Absolution, Hitman consegue resgatar seus tempos de glória com um mundo vivo e dinâmico, onde aproveitar as oportunidades pode fazer a diferença entre concluir ou não um contrato de assassinato. E mesmo não sendo tão bom quanto Blood Money, é sem dúvidas um dos melhores jogos, não somente da série, como de todo o gênero stealth.
Jogo analisado com cópia fornecida pela Square Enix.
Veredito
Veredict
With immense maps open to exploration and without the linearity of its predecessor Absolution, Hitman manages to bring back the times of glory of the series with a living and dynamic world, where taking advantage of opportunities can make the difference between concluding a murder contract or not. And even though it’s not as good as Blood Money, it’s undoubtedly one of the best games not just in the series, but in the whole stealth genre.