Hellblade: Senua's Sacrifice é um projeto peculiar. A sua desenvolvedora, a Ninja Theory, o enquadra como um título AA, ou seja, algo entre um jogo de uma produtora independente e um com alto orçamento. Devido a isso, Hellblade tem cara de um game de alto orçamento, mas seu coração é de uma produtora independente.
É importante ressaltar isso pois, além de seu preço reduzido, Hellblade: Senua's Sacrifice é um pouco curto (leva cerca de 8 horas para finalizá-lo) e não oferece opções para quem o terminou, a não ser coletar todos os colecionáveis, caso ainda não tenha feito isso. Isso pode ser considerado um problema, mas a experiência que ele oferece nessas oito horas o torna obrigatório.
Em Hellblade: Senua's Sacrifice, você controla Senua, uma guerreira que parte para Helheim na esperança de ressuscitar o amor de sua vida. Para isso, Senua leva a cabeça decepada dele consigo.
A história toda se passa na mitologia nórdica. Senua escuta vozes em sua mente constantemente e, além disso, há uma escuridão que tenta impedi-la de alcançar seu objetivo. Essas vozes comentam o tempo todo o que está acontecendo no jogo: por exemplo, há uma porta fechada e as vozes dizem "ela não vai conseguir abrir" e "vai conseguir, sim". Há toda uma explicação dessas vozes em sua mente, assim como a tal escuridão. Não posso entrar em detalhes, pois parte da experiência é justamente entender o jogo.
Mas essas vozes merecem mais destaque do que uma simples mecânica de história. Você precisa jogar Hellblade: Senua's Sacrifice com um headset: é praticamente outra experiência. O próprio jogo recomenda que você faça isso.
Além dos sons, os gráficos são muito impressionantes. As expressões faciais de Senua e tudo o que ocorre no jogo é incrível, assim como seus movimentos. Isso nos leva ao sistema de combate.
Hellblade: Senua's Sacrifice é basicamente dividido em três diferentes momentos: um de solução de puzzles, outro de caminhada e um terceiro que é o combate. O combate é introduzido no início do jogo e se mantém praticamente idêntico até o fim, variando apenas as formas dos inimigos e sua quantidade.
O quadrado é o ataque rápido, mas fraco, enquanto que o triângulo é um ataque lento e forte. Você pode combiná-los para fazer diferentes combos. Senua trava a mira automaticamente no oponente, portanto você anda em círculos apertando para os lados e, dessa forma, X serve para desviar nessas direções (assim como avançar ou recuar na direção do inimigo). R1 é a defesa e, caso aperte no momento certo, pode servir de parry para contra-atacar. L1 é a corrida tanto no momento calmo do jogo quanto no combate, o que pode ser usado para outros movimentos. Por fim, R2 ativa um movimento especial (adquirido mais adiante) que deixa o tempo mais lento e ajuda a derrotar inimigos mais fortes.
O problema do combate é que ele não evolui. Apesar de ser muito bom e funcional, você fará as mesmas ações contra todos os inimgios do início ao fim. Faltou oferecer mais armas ou mais movimentos – qualquer que seja a variedade.
Depois do combate, temos o "andar" digamos assim. Senua caminha pelo ambiente e a história vai se desenrolando nesses momentos. Acaba sendo um "walking simulator", como muitos andam classificando certos jogos, o que pode tornar o game monótono para determinadas pessoas. Mas acredite, a história vale a pena ser conferida. Não é uma obra-prima, obviamente, mas é misteriosa e confusa o suficiente para prender o jogador.
Por fim, há a solução de puzzles. Em determinados momentos, Senua usa o seu foco (R2, basicamente um zoom no cenário) para procurar por símbolos que sejam iguais aos presentes da porta trancada. Por exemplo, um "H" precisa ser encontrado e pode estar na sombra de uma madeira próxima. É interessante, mas há vezes que você fica pasmo com a audácia dos desenvolvedores.
Vale ressaltar também que Hellblade não possui uma HUD. Ou seja, não há uma indicação de barra de vida ou mini-mapa. A única coisa presente é um símbolo na cintura de Senua que ajuda a saber quando pode usar o golpe com R2 no combate. Os símbolos dos puzzles mencionados anteriormente também ficam temporariamente na visão de Senua até serem achados. Mas fora isso é tudo limpo. Isso vale também para os comandos explicados acima: você deve descobrir sozinho o que fazer e quando fazer – não há um tutorial.
Outro ponto que podemos citar são os chefes. Seus combates variam um pouco dos inimigos comuns e são interessantes, mas não são memoráveis devido ao sistema de combate.
No fim, Hellblade possui alguns pequenos problemas que poderiam ter sido evitados, mas a experiência que fornece poderá marcá-lo bastante. Obviamente, se você não for uma pessoa paciente e busca ação em jogos, recomendaria que passe longe.
Veredito
Hellblade: Senua's Sacrifice possui um enredo interessante, uma mecânica de combate boa e gráficos excelentes. A qualidade do áudio, por sua vez, é de outro mundo. O problema está na variação do combate (no fim, você já estará enjoado dele) e, devido ao foco na narrativa, muitas pessoas podem achar o jogo monótono. No entanto, aqueles que derem uma chance encontrarão uma boa história.
Jogo analisado com código fornecido pela Ninja Theory.
Veredito
Veredict
Hellblade: Senua’s Sacrifice has an interesting plot, a good fighting mechanic and excellent graphics. The quality of the audio is out of this world. The problem is the combat variety (in the end, you’ll be bored) and due to the focus on the narrative, many people may find the game monotonous. However, those who give a chance will find a good story.