Quando a Konami anunciou há alguns meses que, ao invés de lançar um eFootball PES completamente novo, a edição deste ano da sua tradicional franquia de futebol seria uma atualização de elenco com alguns ajustes de jogabilidade e balanceamento e por um preço menor, algumas diferentes ideias vieram a mente.
Primeiro, é claro, vem as já tradicionais piadas de que todo jogo de esporte anual é, em sua essência, apenas uma atualização de elenco. Mais do que isso, a ideia da Konami abraçar o conceito e aceitar a ideia de que não há muito mais que possa ser melhorado nessa geração, é uma admissão rara de se ver, mas bem-vinda.
Outras séries como Madden NFL e NBA 2K21 tentam balancear lançar dois títulos simultâneos para o PS4 e PS5, o que acabou resultando em versões problemáticas para a geração atual, enquanto os desenvolvedores tentam criar um produto que tire a maior vantagem possível das novidades implantadas com o próximo console (algo bem-vindo, visto o quanto o PS4 parece prestes a decolar ao rodar o jogo).
Já PES opta em não pular no barco já neste ano, dando um pouco mais de tempo para a sua equipe se preparar para o PS5, inclusive com a já anunciada migração de engine. É difícil imaginar como PES se comportará na Unreal Engine a partir da edição 2022, mas a verdade é que, PES 2020 e, por extensão PES 2021, tiraram o máximo da Fox Engine e isso fica especialmente mais claro neste ano.
Além disso, a ideia de lançar o jogo por um valor inferior é ótima, valorizando mais a comunidade dedicada a série do que fingir que o jogo tá trazendo grandes novidades, enquanto funciona, essencialmente, apenas como uma atualização de elencos. Isso é especialmente notório neste ano, com o jogo saindo no meio da janela de transferências e ainda precisando de algumas atualizações futuras para ficar totalmente alinhado.
Infelizmente, no Brasil o valor não ficou tão acessível assim, já que, enquanto lá fora a queda no preço em relação a 2020 foi de 50%, aqui ficou na faixa dos 30% (ou menos se você optar por uma das edições tematizadas de certas equipes). Ainda assim, qualquer economia é válida e, no geral, o pacote oferecido aqui vale a pena.
É claro, com o jogo sendo, essencialmente, uma atualização de elencos, o fato dos elencos não estarem 100% atualizados é um pequeno problema. Claro, parte disso é fruto dos problemas causados pela pandemia e as mudanças nos calendários das ligas, então o fato dos times estarem relativamente em dias é um bom indicativo. A promessa da Konami de que irá atualizar os elencos constantemente para mantê-los em dia também é um bem-vindo sinal para o futuro.
Outro quesito que precisa ser apontado é que, em termos de modos de jogo, não há qualquer novidade aqui. MyClub segue sendo um modo interessante, mas que, em comparação com outros modos de coleção de jogadores/cartas, ele tem ficado bastante defasado. A Master League ainda é o modo principal de jogo, mas a única adição realmente ficou por conta de novos técnicos.
Visualmente, eFootball PES 2021 segue sendo um dos mais impressionantes entre os jogos de esporte. Os modelos dos jogadores são bem fiéis e a reconstrução dos estádios é bem viva, merecendo todos os elogios possíveis. Narração, no entanto, ainda é um ponto fraco e você logo se verá a ignorando graças a constante repetição de linhas.
No que diz respeito a jogabilidade, PES 2021 traz alguns pequenos ajustes bem-vindos. Os controles estão mais responsivos, com os dribles em especial parecendo mais naturais e funcionando muito melhor em campo. O seu sucesso ainda depende da habilidade, posicionamento e toque na bola, mas as animações estão mais ágeis e a sensação de controle sobre suas ações é bem melhor.
Essas mudanças nas animações (e a adição de algumas outras) parecem também ter reduzido as infames animações de tropeço que sempre foram um grave problema em PES. Isso também é representado pelo quão mais fácil é ter total controle sobre suas ações, abrindo opções estratégicas de passe ou drible que são vistos no esporte real e outros jogos do gênero não costumam oferecer.
Parte do êxito disso também vem no ótimo trabalho que a Konami tem feito com a física da bola, com cada passe e cada chute realmente tendo peso, sem a ideia da bola estar flutuando, e você conseguindo sentir o impacto que cada ação sua tem (e é bem intrigante imaginar o que poderá ser feito com o DualSense nisso). Isso faz com que a interação entre a bola e o gramado e a bola e os jogadores também pareça mais natural e te faça realmente sentir uma simulação mais realista do esporte.
Os ajustes feitos neste ano também parecem ter servido para reduzir a influência que o estilo “tiki-taka” teve em PES, especialmente online, com uma menor prevalência de jogadores forçando passes rápidos graças à precisão dos toques de primeira. Agora é mais fácil errar passes (e o domínio de bola segue sendo uma arte a ser aprendida), com o seu posicionamento afetando um pouco mais força e direção, ainda que a Konami precise fazer um melhor trabalho nesse aspecto.
Por fim, um outro aspecto que chama a atenção é que parece ter ocorrido um esforço para desacelerar o jogo. É inegável que PES tem colocado maior ênfase no contato físico e em tentar forçar os jogadores a pensarem melhor os seus ataques. Isso faz com que as partidas também sejam um pouco mais realistas, sem aquele aspecto de “pingue pongue” que jogos anteriores da série possuíam.
Isso não é sem problemas. A detecção de colisão dos jogadores segue sendo um problema, uma vez que, para um jogo que coloca tanta ênfase no aspecto físico do esporte, muitas faltas bobas são marcadas e as animações após jogadores colidirem nem sempre é das melhores. Os juízes parecem melhores do que em anos anteriores, mas faltas bobas ainda são marcadas enquanto carrinhos violentos ou esbarrões dentro da grande área passam completamente despercebidos.
Trocar o controle dos seus jogadores na defesa ainda é mais complicado do que deveria, sem uma forma mais intuitiva para isso, já que é bem fácil sofrer gols por problemas com essas mudanças e não por um erro realmente seu. Isso acaba sendo notado até contra a CPU, já que a IA parece ter sofrido algumas melhorias bem interessantes, tornando as partidas mais disputadas.
A estrutura usada para as táticas segue sendo muito mais complicado do que o necessário, atrapalhando os ajustes do jogador. Fora isso, algumas delas são usadas a exaustão por times como um padrão, mesmo quando as suas contrapartes reais atuam de forma completamente diferente.
E, por fim, a estrutura online do jogo segue sendo um problema grave. O netcode do jogo parece uma bola confusa, com muitas das melhorias desse ano praticamente impossíveis de se perceber online graças ao lag, atraso na resposta aos comandos e dificuldade de conexão, mesmo que você esteja usando um cabo de rede para jogar.
Mesmo com tudo isso, eFootball PES 2021 Season Update é o melhor simulador de futebol que se pode encontrar no mercado. É claro, existem as limitações causadas pela falta de licença do jogo (e Data Packs estão aí pra isso) e os modos que seguem estagnados no tempo, mas no que diz respeito a parte mecânica, ele segue estabelecendo o parâmetro pelo qual outros jogos precisam ser julgados.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Konami.
Veredito
eFootball PES 2021 é, ironicamente, muito mais do que só uma pequena atualização de elenco, trazendo alguns importantes ajustes de jogabilidade que seguem fazendo da série um dos melhores simuladores esportivos do mercado, mesmo que a falta de licenças e os modos cada vez mais parados no tempo atrapalhem um pouco a diversão.
Veredict
eFootball PES 2021 is, ironically, much more than just a small roster update, bringing some very important gameplay adjustments that keep making the series one of the best sports simulators on the market, even though the lack of licenses and the games modes that feel frozen in time can hamper the fun.