Dragon Ball Xenoverse

Dragon Ball Z. Provavelmente o mais influente anime da história da TV brasileira, um dos responsáveis pela popularização dos mangás no Brasil e uma série que, mesmo tendo se encerrado há vários e vários anos, ainda continua a cativar novas gerações de fãs. Com quase 30 anos tendo se passado desde a transmissão do primeiro episódio no Japão, os números da série continuam a assombrar, sendo uma das mais bem sucedidas franquias de todos os tempos e um ícone cultural em diversos lugares. Com todo esse sucesso, é natural que continuemos a ver jogos baseados na obra de Akira Toriyama.

Dragon Ball Xenoverse não é apenas uma adição. A maioria de nós se lembra com carinho dos jogos lançados para PS2, em especial as séries Budokai e Tenkaichi, e é fácil perceber que essas duas séries foram as principais influências da Bandai Namco no desenvolvimento de Xenoverse. O mais recente dos 57 jogos lançados até hoje da franquia dá um belo primeiro passo na nova geração e, se não serve como uma porta de entrada para aqueles que não conhecem as aventuras dos Guerreiros Z, é um bom presente para os fãs e traz uma nova perspectiva aos jogos da franquia.

Em Xenoverse, o jogador assume um papel único no universo de DBZ. Pela primeira vez na franquia, é possível criar seu próprio guerreiro, escolhendo entre cinco raças diferentes: Majin, Sayajin, Terráqueo, Namekuseijin e Frieza Clan. As opções de customização são um pouco restritas na criação, com opções de altura e tipo de corpo bem limitadas, mas com uma boa variedade de tipos de cabelo, roupas e acessórios. Além das opções no começo do jogo, é possível comprar acessórios e roupas, bem como desbloqueáveis com o desenrolar da campanha.

O protagonista do jogo é um Patrulheiro do Tempo: um dos guerreiros escolhidos pelo Supremo Kai do Tempo através do Trunks do Futuro para ajudar a corrigir distorções que estão acontecendo na linha do tempo, bem como procurar pelos responsáveis por essas alterações. O jogador passa então a lutar ao lado de personagens icônicos da franquia nas famosas batalhas contra Raditz, Vegeta, Freeza, Cell, Buu e alguns outros vilões conhecidos pelos fãs, mas que não farão muito sentido para o jogador que não conheça a série.

Batalhas essas que, felizmente, são o maior destaque do jogo. Os golpes e os ataques especiais são tão impressionantes visualmente quanto é de se esperar do poder do PlayStation 4. A visão em terceira pessoa e os enormes cenários do jogo ajudam a tornar as lutas o mais próximo possível do anime, sendo possível voar, correr e nadar por eles, bem como destruir partes do cenário arremessando o adversário ou sendo arremessado por ele. Acrescente a isso a possibilidade de participar de batalhas de até 3v3 simultaneamente (com dois membros da sua equipe controlados pela IA) e o jogador agradece pela possibilidade de travar a mira em um dos seus inimigos em meio ao caos de algumas batalhas.

Tanto os combos quanto os poderes (seja se teletransportar para trás do inimigo no meio de um ataque ou soltar um dos famosos Kame Hame Ha’s) é fácil e intuitivo, com uma simples combinação de dois ou três botões. O jogador ainda pode customizar seus poderes, desbloqueando ataques com o decorrer da campanha e com a evolução do personagem. Evolução essa que acontece da maneira mais “RPG” possível. Acumula-se pontos de experiência a cada nova batalha, sendo possível, então, distribuir 3 pontos de atributo em algumas das características do herói.

A evolução de personagens, aliás, não é a única influência que os RPGs tem em Dragon Ball Xenoverse. Há também a possibilidade de equipar itens que podem ser usados ao longo das lutas, desde itens que aumentam a força, a recuperação de Ki ou a defesa do personagem, até itens de cura, que são fundamentais em algumas das lutas mais desafiadoras do jogo. Isso se expande ainda com a possibilidade de realizar missões secundárias, que podem ser iniciadas por conversas com alguns personagens ou em uma das lojas da cidade aonde se passa o jogo.

É uma pena que, com tantas boas ideias e boas execuções, Xenoverse ainda falhe em alguns pontos que incomodam. Andar pela cidade do jogo, Toki Toki City, é cansativo e confuso no começo, parecendo uma versão mal planejada da Torre de Destiny, já que funciona como ponto de partida para as missões do jogo e como um hub social para interagir tanto com jogadores no modo online, quanto com personagens do jogo que aparecem por lá (dentre os quais o jogador pode escolher um mentor para aprender novas habilidades).

O modo online, aliás, poderia ser visto como uma das principais forças do jogo, se não fosse tão difícil se manter online. É difícil acessar os servidores em alguns momentos, mas, quando se consegue, é uma experiência muito boa, quase sem lag e com adversários de todo o mundo. As lutas se tornam ainda mais caóticas (ver dois ou três ataques especiais se cruzando em direção aos seus respectivos é algo visualmente muito legal) e Toki Toki City finalmente parece viva como a Dimps deve ter planejado. Lutar com outros jogadores no modo cooperativo substitui a IA fraca dos seus companheiros offline e não costumam te colocar em situações ruins, como o jogador diversas vezes vai se ver durante a campanha (e que deixam o sistema de trava de mira pulando de um adversário pra outro, o que pode dar ao jogador uma bela dor de cabeça).

O jogo é visualmente impressionante e os efeitos sonoros são ótimos, mas é uma pena que a dublagem brasileira não esteja presente. É estranho ouvir as vozes americanas e elas não parecem combinar com os personagens, soando mal. Já a dublagem japonesa, se um pouco melhor, não passa a mesma qualidade que costumamos ver em outros jogos. Por sorte, a presença de legendas em português tornam a experiência melhor e foram muito bem feitas, deixando o jogador mais confortável em alguns dos momentos da história.

Se não é revolucionário ou não é um bom meio para se conhecer a série, Dragon Ball Xenoverse é um dos melhores jogos feitos com a franquia nos últimos anos. Há um conjunto de boas mecânicas e bons conceitos que podem e devem ser aproveitados pela Dimps em jogos futuros e tornam a experiência de jogar Xenoverse uma das melhores possíveis para os fãs de Dragon Ball. Há uma boa quantidade de personagens disponíveis e mais devem ser acrescentados via DLC (com o já anunciado Season Pass). Mesmo com seus defeitos, Xenoverse é um bom e dinâmico jogo de luta, ideal para se jogar com os amigos no sofá de casa.

Veredito

Dragon Ball Xenoverse é um bom jogo de luta feito para os fãs, com algumas mecânicas interessantes de RPG misturados a ele. Com uma história que deve agradar aos fãs, belos visuais e um bom modo online, nem mesmo a dublagem fraca e a IA problemática tiram o brilho do melhor jogo da franquia nos últimos anos. As legendas em português ajudam a fazer o jogador brasileiro se sentir mais em casa com o jogo. Some-se a isso a possibilidade de criar seu próprio Guerreiro Z e já é o suficiente para se recomendar o jogo para os fãs das aventuras de Goku e Cia.

Jogo analisado com código fornecido pela Bandai Namco.

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80

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