Preenchendo a lacuna de lançamentos para o PS4, DmC: Devil May Cry é mais um dos jogos remasterizados que chegam ao novo console da Sony. Há quem dispense a necessidade desta estratégia de reciclagem, principalmente por se tratar de um título multiplataforma. No entanto, a edição definitiva de DmC traz melhoras significativas em relação à versão PS3.
Conforme o divulgado até então, a performance foi o aspecto mais cuidado para essa nova versão. Entretanto, existem diversos detalhes inéditos e um rebalanceamento que deixam o produto da Ninja Theory ainda mais polido. O combate foi o foco dos aprimoramentos e os fãs “hardcore” parecem ser o público mais contemplado nesse projeto.
O maior upgrade foi a nova taxa de 60 quadros por segundo, implementação que proporciona um gameplay com animações mais fluidas e uma sensação de combates ainda mais rápidos. Tal taxa raramente cai durante o jogo, mesmo com a nova opção do turbo mode, que acelera a velocidade do game em 20%. Manter os constantes 60 fps e turbo mode simultaneamente já demonstram uma melhoria absurda quando comparada à versão PS3, que raramente conseguia fixar nos 30 fps.
A resolução também foi melhorada, agora em 1080p. A Ninja Theory havia prometido um aumento na qualidade das texturas, dos personagens e das cutscenes, contudo, visualmente esta edição não se difere muito da versão PS3. As cutscenes foram as mais aperfeiçoadas desse conjunto, embora as skins alternativas de Dante e Vergil não casem bem com a qualidade da padrão, além de não aparecerem nas cutscenes pré-renderizadas. Novos trechos foram incorporados nas cutscenes antigas e, consequentemente, alguns diálogos foram retrabalhados. O jogo tem, por exemplo, uma pequena nova passagem na cutscene final.
O maior problema nos gráficos da versão PS4 são as texturas. Elas não são boas e isso é decorrente de uma nova tendência de jogos multiplataformas no novo console da Sony – a falta ou péssimo uso de filtro anisotrópico (AF). A ausência desse recurso na versão PS4 ocasiona em texturas horríveis nos cenários do jogo, quando vistos de uma determinada perspectiva e distância. Talvez o AF seja o calcanhar de aquiles do PS4. Comparado a outros jogos para a plataforma, DmC é um dos casos mais vergonhosos, com superfícies a distância que parecem ter sido retiradas de um jogo de PS2.
O jogo não é pior que a versão PS3 nesse ponto, mas não deixa de ser um caso decepcionante, principalmente para uma edição “definitiva”. Provavelmente, só os jogadores com um olhar mais atento irão se incomodar com esse aspecto e, felizmente, a ótima direção de arte do jogo colabora para diminuir esse defeito.
Em suma, a história, personagens e o pilar que sustenta o gameplay são idênticos ao da versão original – existem os mesmos defeitos e os mesmos méritos. Além do já mencionado turbo mode, agora existem os novos Must Style Mode, Hardcore Mode, Bloody Palace de Vergil e a nova dificuldade “Gods Must Die”. É possível combinar diversos desses modos, como o hardcore, turbo e must style, para uma experiência intensa e desafiadora, proporcionando um alto valor de replay para o jogo.
Para os familiarizados com o DmC original, agora existe a possibilidade de travar a mira nos inimigos e ver a barra de energia de cada um. Há o novo “item finder” disponível na loja do game e os itens dentro das fases foram reposicionados. Existem, inclusive, pequenas novas áreas para acessar tais itens, que revigoram um pouco a exploração para os jogadores veteranos. A classificação das chaves (bronze, prata e ouro) que dão acesso a fases bônus foram eliminadas, demonstrando mais um dos detalhes modificados nessa versão.
Definitive Edition também inclui todos os DLCs previamente lançados, inclusive as skins de personagem e armas, além do capítulo extra de Vergil. O modo Bloody Palace de Vergil é equivalente ao de Dante no DmC original. Consiste em uma arena com hordas ilimitadas de inimigos que desafiam as habilidades do jogador. Existem novos troféus e a platina é ainda mais difícil de ser conquistada.
Veredito
Todo este pacote por US$40 (ou R$149 no Brasil) é tentador, especialmente por se tratar de um dos melhores jogos do gênero ação da geração passada. DmC: Definitive Edition é essencial para quem não teve a oportunidade de jogar a versão original. Para os veteranos de DmC, a nova edição oferece diversas pequenas melhorias que colaboram para uma experiência ainda mais satisfatória. A péssima implementação de AF e a ausência de notáveis avanços nos gráficos são decepcionantes, mas o gameplay ainda mais refinado e os novos modos de jogo fazem desse um produto altamente recomendado.
Jogo analisado com código fornecido pela Capcom.