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Digimon Story: Cyber Sleuth

Ao longo da rica história dos videogames, temos visto rivalidades surgirem entre diferentes séries, seja da clássica briga entre Mario e Sonic até os modernos e vultuosos embates entre Call of Duty e Battlefield. Uma das mais sonhadas por jogadores dos consoles da Sony talvez tenha sido a possível ascensão da franquia Digimon como um rival a altura para Pokémon. Se Digimon nunca ganhou a força e o impacto global que seu “rival” da Nintendo, a franquia continuou a lançar bons jogos e o mais recente, Digimon Story: Cyber Sleuth, é mais um deles que, mesmo com algumas falhas, diverte muito.

O primeiro (grande) problema que a comparação com Pokémon gera, injustamente, é quanto à função das criaturas que dão nome ao jogo. Se na maioria dos jogos da franquia portátil da Big N o foco está em capturar, Digimon sempre se focou mais no aspecto de criação dos monstros digitais. Por menor que essa diferença pareça ser, é mais do que suficiente para fazer com que Digimon seja um jogo único e entusiasmante.

Membro da linha “Story” da franquia (nascida no DS, cujos jogos lançados no Ocidente, Digimon DS e Digimon Dusk/Dawn, tiveram seu nome traduzido para Digimon World), Cyber Sleuth traz a parte que mais lembra um JRPG “clássico”: combate por turnos, foco no desenvolvimento de personagens e na história principal, fugindo daquilo que alguns jogadores ocidentais associam com a série (como as infames necessidades fisiológicas dos digimons) e, assim, sendo um jogo mais acessível.

Mecanicamente, o jogo brilha. Os combates por turnos, mesmo que repetitivos e nem sempre desafiadores (mesmo alguns chefes são apenas inimigos comuns com uma quantidade altíssima de HP), funcionam bem e tem animações variadas para golpes diferentes, mas é um dos raros jogos em que, mesmo no difícil, jogadores mais experientes não encontraram muito desafio, o que parece ter sido feito para tentar dar ao jogo mais acessibilidade a fãs mais novos, que podem vir a ser cativados com o lançamento de Digimon Adventure Tri e que não conheciam a série antes. A presença de um modo online se aproveita bem dessas mecânicas, mesmo que de maneira limitada (só é possível realizar batalhas aleatórias online pelo PS4 e enfrentar seus amigos apenas no Vita e via ad-hoc).

Inicialmente, o jogo faz um bom trabalho em ligar essas mecânicas à história. Se passando em uma versão alternativa de Tóquio, o jogador controla um protagonista (que raramente se expressa com palavras) em um mundo cada vez mais imerso em Realidade Virtual, na qual sua principal comunidade é conhecida como EDEN e cujos usuários tem passado a ser afetados por uma doença chamada “EDEN Syndrome” que os deixa em coma.

O protagonista é, logicamente, atacado pelo monstro responsável por causar esta doença logo depois de se tornar um “hacker”, como são conhecidos no EDEN aqueles capazes de utilizar programas especiais denominados como "Digital Monsters", ou Digimons. A partir daí, ele se torna um Cyber Sleuth, um Ciber-Investigador/Detetive, tentando desvendar os mistérios por trás dessa doença. A história é muito boa e cativante, mas sofre com um ritmo de jogo quebrado e uma estrutura de missões estranha, o que acaba cansando o jogador ao longo dos 20 capítulos e uma boa quantidade de missões secundárias.

A cereja do bolo, é claro, fica por conta da criação dos Digimons. Digivoluir e De-digivoluir os monstros é a única maneira de torná-los mais e mais poderosos e liberar digivoluções diferentes. Como Digimons não tem a mesma linha evolutiva estruturada dos Pokemons, é basicamente possível liberar os pouco mais de 200 Digimons usando as primeiras criaturas sincronizadas. Sim, sincronizadas. Não é necessário capturar nenhum digimon, por serem criaturas digitais, o jogo faz a sábia escolha de permitir que, após alcançar uma determinada porcentagem de sincronização, o jogador possa ir ao digilab e “baixar” aquele digimon para o seu digivice.

No próprio Digilab é possível acessar outra característica comum da franquia: as digifarms, onde é possível deixar alguns dos seus Digimons treinando e evoluindo. A boa utilização da digifarm é fundamental para alcançar as digivoluções mais fortes, já que algumas tem pré-requisitos de stats impossíveis de se alcançar sem ela ou a utilização de itens especiais.

Falando em Digivoluções, as ausências mais notórias ligadas ao anime são a dos protagonistas de Digimon Frontier e Digimon Xros Wars, bem como de algumas dos “Modos” (como o Burst Mode ou Crimson Mode vistos nos animes) e das linhas de evolução dos protagonistas de Dusk/Dawn, Coronamon e Lunamon. Nada muito grave, já que a maioria dos Digimons preferidos dos fãs estão presentes, como Agumon, Gabumon, Veemon, Terriermon, Guilmon e outros.

Em termos de performance, o jogo também brilha. Mesmo que o design do jogo se mostre voltado para o Vita, o port para PlayStation 4 roda muito bem, com poucos e rápidos loadings e o visual mais voltado para o anime funciona bem. É uma pena que a trilha sonora do jogo seja tão repetitiva, o que é especialmente irritante nas dungeons. O jogo conta apenas com dublagem em japonês e legendas em inglês o que pode ser uma barreira para alguns jogadores. No portátil, a performance é de igual qualidade, com a taxa de quadros caindo apenas em raros momentos em que existem vários personagens na tela.

É uma pena que o jogo peque em outros detalhes. O design das dungeons é extremamente repetitivo (melhora um pouco nas dugeons finais, mas não muito) e a navegação tanto nela quanto nas áreas normais (como em diversas localidades ao redor de Tóquio) é complicada, se tornando ainda pior pela bizarra decisão de dar o controle ao jogador de apenas um aspecto da câmera: a possibilidade de aumentar ou diminuir o zoom, sendo impossível rodar a visão no jogo.

A repetitividade das missões também é grande e não existe nada de muito especial no New Game+. Mesmo uma das adições mais engraçadinhas do jogo, a possibilidade de receber e responder mensagens de aliados e Digimons, acaba sendo cansativo, em alguns momentos só se respondendo por obrigação para não diminuir a moral do Digimon.

Digimon Story: Cyber Sleuth é um jogo muito divertido, mas em alguns momentos decepcionante. Nem a história nem as mecânicas o tornam especial, mas é o mais próximo que os fãs da série vão encontrar de um jogo essencial. Mesmo que falhe em alcançar o potencial que tinha para ser um dos melhores RPGs do Vita e um dos melhores desse começo de geração no PS4, ainda é um ótimo jogo.

Veredito

Sendo o primeiro jogo da franquia a chegar ao Ocidente em uma década, mesmo com suas falhas, Digimon Story: Cyber Sleuth vai ser mais do que suficiente para agradar a muitos fãs. Se não é marcante, é bom ver que, no mesmo mês em que Pokémon completa 20 anos, Digimon volta a estabelecer seus pés no Ocidente com um ótimo jogo e muito potencial pela frente.

Jogo analisado com código fornecido pela Bandai Namco.

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75

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