Qual a sua tolerância para gimmicks e sadomasoquismo? Essa é a primeira pergunta que você precisa se fazer antes de pensar em jogar Criminal Girls 2: Party Favors, novo jogo da Nippon Ichi Software lançado no ocidente através da NIS America para o PlayStation Vita, que tem como principal “novidade” minigames com temática S&M.
A premissa básica de Criminal Girls 2 é bem simples: o jogador assume o papel de um homem sem memória, encarregado de ser o Instrutor de um grupo de sete garotas delinquentes, ou seja, jovens que estavam prestes a cometer crimes, mas que por causa desse programa são enviadas para serem “reformadas”, antes que suas almas sejam condenadas por toda a eternidade.
Para alcançar a salvação, essas garotas precisam alcançar o final da Espiral do Inferno, uma jornada feita para testar seus limites até que elas reconheçam os seus erros do passado e, assim, alcancem a salvação da alma. A premissa é simples e efetiva. As referências do jogo ficam claras desde o começo, desde a Divina Comédia a filmes de Prison Exploitation dos anos 80. No geral, a escrita é boa (apesar da quantidade enorme de texto), com diálogos interessantes e cheios de bom humor.
O grande problema é que essas referências nem sempre são bem utilizadas. Por mais que cada uma das garotas represente um dos sete pecados capitais e as “espirais do inferno” sejam alusões aos círculos do inferno da obra de Dante Alighieri e a história em si seja criativa (e melhor do que a do primeiro jogo), as garotas são mais estereótipos de animes ecchi/harém do que delinquentes (apesar de bem escritas e com personalidades bem desenvolvidas), e o heroísmo dos protagonista fica evidente logo nas primeiras horas, salvo por um outro comentário mais ácido direcionado a um dos personagens.
Falando no primeiro jogo, as referências se limitam a temática, em nada sendo necessário jogar o primeiro para se entender o segundo e a uma das mecânicas básicas do jogo, a punição. Assim como no primeiro, uma das principais funções do Instrutor/jogador é punir as delinquentes, e isso é feito através de diferentes minigames que fazem uso da tela de toque do Vita.
As diferentes maneiras através da qual o jogador disciplina as delinquentes por serem “meninas más” vão desde limpar ou tocar pontos específicos num determinado ritmo até “bater” nelas. Os minigames são divertidos, há mais variedade e qualidade do que no jogo anterior (inclusive, alguns com duas meninas) e o feedback é claro. O grande problema é que, por ser a única maneira de liberar as skills das personagens, a constante repetição acaba cansando.
O jogo brilha nas partes mais tradicionais, sendo um dos pontos mais elogiados na análise do jogo anterior (que você pode ler clicando aqui), esses elogios merecem ser repetidos aqui. O combate é por turnos, com cada uma das quatro meninas em combate dando sugestões diferentes daquilo que quer fazer e cabe ao jogador escolher a melhor para o momento, já que o jogador só age uma vez por turno, adicionando um constante desafio ao combate.
Existem algumas novidades que tornam o combate melhor do que o de Criminal Girls: Invite Only. Além da possibilidade de usar itens e rotacionar as quatro personagens ativas durante o combate, há ainda a possibilidade do instrutor de “incentivar” as meninas de quatro maneiras diferentes, concedendo boosts a depender da natureza delas. Cada uma das deliquentes reage de maneira diferente, sendo possível, inclusive, que algumas delas fiquem tristes por meio desse “coaching”.
Os minigames de punição refletem bastante no combate. Por mais que exista uma progressão de nível como em outros RPGs, as skills só são liberadas avançando “níveis de punição”, que vão de 1 a 5 em cada minigame diferente para cada personagem. Ao avançar cada nível é possível selecionar uma de duas skills divididas em dois ramos: S ou M.
As habilidades “Sádicas” favorecem o ataque e as “Masoquistas” são habilidades de defesa. Existem ainda “field skills”, que são utilizadas fora de combate e vão de descobrir quantos baús existem em determinada área (útil, já que existe um troféu por abrir todos os baús do jogo) a recuperar o HP de todos ou teleportar para o acampamento mais próximo. Escolher mais habilidades de cada tipo muda o “alinhamento” das delinquentes e, por consequência, no que é aplicado o bônus do “encorajamento” do jogador (S aumenta Attack e Special Attack, M aumenta Defense e Special Defense).
O pacote do jogo em si é bem superior ao original. O visual e o áudio são infinitamente superiores ao anterior, da arte melhor acabada aos sprites e animações. Não é um jogo que se destaque pela primazia audiovisual, mas demonstra claros avanços técnicos no que foi uma reclamação minha no jogo anterior. Tudo roda bem, apesar de alguns pequenos delays em algumas ações, mas nada que atrapalhe.
Há muito o que gostar em Criminal Girls 2: Party Favors, apesar do jogo ainda estar longe de ser obrigatório. É uma boa e divertida experiência que provavelmente não se encaixa naquilo que muitos esperam pela sua temática e conteúdo. Se nada disso te incomoda, e esse incômodo é completamente válido, e você anda procurando por um bom RPG por turnos que renda algumas dezenas de horas, CG2:PF é o jogo para você.
Veredito
Com personagens agradáveis, boa escrita e um ótimo sistema de combate, Criminal Girls 2: Party Favors é um jogo que se encaixa perfeitamente no Vita. A temática sadomasoquista e os minigames devem afastar alguns jogadores, mas, para o restante, há um bom e divertido RPG.
Jogo analisado com código fornecido pela NIS America.
Veredito
Veredict
With good characters, good writing and a very good combat system, Criminal Girls 2: Party Favors it’s a game tailor-made for the Vita. The bdsm themes and the minigames may keep some players away from it, but, for the rest of them, there is a good and fun RPG here.