Novo ano, novo Call of Duty. Infinite Warfare é uma vítima do desgaste da série, sendo que, pelas minhas impressões, boa parte dos fãs está mais interessado em Modern Warfare Remastered do que no novo título da série. De fato, IW não faz quase nada de inédito que abale o sentimento de desgaste da série, no entanto, preza pela qualidade de todos os aspectos nos quais ela é conhecida.
O modo campanha detalha o conflito entre a UNSA e a SDF – essencialmente, Terra contra Marte. A SDF ataca as naves espaciais da Terra em um evento e isso inicia uma guerra na qual a SDF pretende eliminar ou escravizar todos os cidadãos da Terra. A história nesse CoD é simples e, francamente, ruim. Nunca são explicadas as razões por trás do extremismo da SDF e o conflito se reduz a um combate entre bem contra mal, liberdade contra tirania.
Algumas cenas do jogo criaram expectativas de que, em algum momento, a história fosse se aprofundar em discussões mais interessantes sobre o conflito, no entanto, esse momento nunca chegou e isso foi um tanto decepcionante. É uma questão simples de expectativa mal correspondida, portanto, caro leitor, não espere muito desses aspectos na campanha.
O modo campanha se destaca pela jogabilidade e pelos personagens. O jogador estará acompanhando a história pela perspectiva do Capitão Nick Reyes, comandando a nave Retribuição, uma das poucas que sobreviveu ao ataque da SDF. Dentro da equipe de Reyes, alguns personagens são muito bem desenvolvidos e, em particular, Ethan é um dos meus personagens favoritos no ano. Apesar da história simples, as pessoas que compõem sua equipe são o completo oposto, tornando boa parte desses personagens interessantes e memoráveis.
A jogabilidade de IW se assemelha muito à deBlack Ops 3, oCall of Duty do ano passado. Essencialmente, é um jogo de tiro com enfoque no uso de coberturas para se proteger dos tiros inimigos, com algumas opções de mobilidade como, por exemplo, pulos duplos, correr pelas paredes, entre outros. Apesar de a mobilidade ter mais opções, a dinâmica de jogo da série não foi alterada para utilizar esses sistemas em todo seu potencial, sendo mais importante no multiplayer e quando se pretende alcançar alguns lugares dos diferentes mapas.
O destaque da jogabilidade fica pelos diferentes cenários criados em cada fase. Além das missões principais, existem também algumas opcionais que podem melhorar as habilidades de Reyes se forem completadas. Em algumas delas você deverá matar o inimigo de maneira silenciosa, em outras estará combatendo em gravidade zero, e em mais algumas outras precisará pilotar sua nave no espaço.
As fases de pilotagem são excelentes, utilizando de comandos simples para tornar a experiência acessível e divertida para qualquer um. Você tem pleno comando de sua nave no espaço e o sistema de trava de mira garante bastante facilidade na hora de destruir os alvos. Ainda existe um pouco de estratégia no posicionamento, perseguições, mísseis e mais, mas tudo é bem simplório de se aprender e executar, portanto, não espere um Ace Combat dessas fases. A variedade de cenários da campanha a torna uma experiência interessante e possivelmente uma das melhores da série.
Comprovado de maneira empírica, eu sou um péssimo jogador do multiplayer de Call of Duty. O multiplayer utiliza uma variação do sistema “Pick 10” visto em BOPS3. Você tem classes para escolher, cada uma com seus equipamentos e habilidades específicos, e conforme vai adicionando novas partes e habilidades, elas vão consumindo os 10 pontos disponíveis para customização.
Uma vez preparado para o combate, existem vários modos de jogo, como os clássicos“matança entre times”, “cada um por si” e mais. Pessoalmente, sempre gostei mais do modo “cada um por si”, em que comprovei experimentalmente minha ausência de habilidade. A jogabilidade no multiplayer é rápida devido aos vários movimentos possíveis (correr pela parede, pulo duplo, etc.) e ao alto dano de cada arma (três tiros e você morre).
O modo zumbis também retorna, dessa vez se passando em um parque temático. No entanto, também mantém todas as características principais do modo: co-op para até quatro jogadores, armas espalhadas pelo cenário que custam dinheiro para serem utilizadas, locais que você usa para impedir o avanço de zumbis, etc. É uma experiência que mistura um pouco do gênero Tower Defense junto à jogabilidade Call of Duty e é altamente recomendado que se tenha uma equipe fixa para aproveitar o modo.
Minha maior reclamação do multiplayer, tanto o comum como o zumbis, é o sistema para se obter novas armas, equipamentos, etc. A cada partida o jogador ganha, em média, uma chave, sendo necessárias pelo menos cerca de 10 para abrir uma caixa com novos itens. O problema é que os conteúdos dessa caixa são aleatórios e tais chaves podem também ser compradas com dinheiro real. Isso afeta o balanceamento do jogo, em que pessoas com mais tempo de jogo irão, provavelmente, ter equipamentos muito melhores do que um iniciante. Testando algumas armas iniciais, essas variavam entre o “viável em uma partida” e o “completamente inútil”.
Veredito
Infinite Warfare me surpreendeu pela jogabilidade e personagens da campanha, apesar de ter deixado a desejar em sua história. O multiplayer continua similar ao que joguei em BOPS3 no ano passado, no entanto, o novo sistema para se obter novos equipamentos não me agradou. Fãs fiéis da série não devem se preocupar muito, pois é um produto completo visando esse público. Para todas as outras pessoas que já perderam interesse na série, digo que pelo menos a campanha vale a pena ser conferida.
Jogo analisado com código fornecido pela Activision.