Buried Stars – Review

Buried Stars foi uma grande surpresa para o mercado, principalmente ocidental, de visual novels. Desenvolvido pelo Studio Largo e publicado pela LINE games, ambas empresas sul-coreanas, o jogo foi lançado simultaneamente na Coreia do Sul, Japão e Ocidente, algo muito raro no mercado de visual novels, em que o mercado oriental é o mercado primário e localizações são negociadas após o lançamento original.

Buried Stars conta a história de cinco finalistas de um reality show de competição musical. Numa noite fatídica, durante uma apresentação desses cinco finalistas, o local em que se apresentavam ao público desaba em cima de todos. Com sorte, o público e a grande maioria dos funcionários conseguiram escapar durante a tragédia, porém os cinco finalistas e um funcionário ficam presos sob os escombros do desabamento.

Logo após o incidente, os sobreviventes tentam contato com o mundo externo e descobrem que a ajuda está a caminho, porém eles precisarão aguentar seis horas até que a equipe de socorro consiga escavar os escombros e resgatem todos. O grande problema é que seis horas talvez não seja tempo o suficiente, quando descobrem que um corpo é encontrado nos escombros, fazendo com que todos temam por suas vidas.

Apesar da história acompanhar apenas a noite enquanto todos estão presos sob os escombros, conflitos antigos vem à tona, seja entre os próprios participantes, seus passados turbulentos, brigas criadas no decorrer do programa e inclusive as reações do público, já que cada finalista tem seus próprios fãs e mesmo haters.

Esse público, por sinal, acaba participando da história também. Os participantes, através do uso de smartwatches fornecidos pela produção, são incentivados a usar as redes sociais para interagir com o público, momento esse que é refletido também nas conversas entre eles. A edição que o programa dá a cada um, pintando alguns como vilões, como arrogantes, ou até mesmo como vítimas ou heróis, influencia diretamente não só na reação do público, como entre os próprios competidores.

Buried Stars não funciona como uma visual novel tradicional. A todo momento, você, no controle do protagonista, interage com os demais personagens da história, seja para conversar sobre o que acabou de acontecer na história, para conhecer mais sobre o passado de cada um, ou mesmo para decidir qual rumo o grupo deve tomar.

Não é uma mecânica de jogo ruim para o gênero, muito pelo contrário. Entretanto, Buried Stars tem um sério problema de ritmo nesse aspecto. O jogo avança, em termos de narrativa, bem pouco, só para em seguida parar tudo com mais um segmento de conversas que duram o dobro de tempo do avanço na história. Praticamente nada acontece e mesmo assim, vamos lá conversar novamente com todo mundo para saber o que acham.

Outro aspecto do gameplay são escolhas realizadas durante a história, que, assim como as escolhas realizadas durante as conversas, influenciam diretamente em dois pontos: sua sanidade mental e a sua relação pessoal com cada personagem. Tentar enganar o outro pode afetar negativamente sua relação, mas encarar a realidade e jogar de forma sincera pode piorar a sua sanidade. As escolhas realizadas, a sua sanidade e a sua relação com os personagens acabam decidindo o final encontrado pelo jogador.

A arte do jogo lembra diretamente os jogos japoneses, inclusive parece ter tido um orçamento muito maior que os jogos que costumamos encontrar nos consoles. Os retratos dos personagens são expressivos, cenas do passado em preto-e-branco retratam bem o que cada personagem passou e as animações não deixam a desejar também.

O jogo é inteiramente dublado em japonês e coreano, podendo o jogador escolher livremente entre os dois. Também é legendado em inglês, japonês, coreano, chinês tradicional e chinês simplificado. As cenas da história são dubladas, porém as cenas de diálogos entre os personagens possuem apenas frases curtas.

O script em inglês é decente em comparação a alguns lançamentos do gênero, porém em algumas cenas, o diálogo cita personagens errados, e um problema pontual é que o script em inglês segue os nomes coreanos, porém o áudio japonês adaptou para nomes japoneses, então existem cenas com nomes que não batem se optar pelo áudio em japonês.

Após me surpreender com o anúncio repentino do jogo, de uma desenvolvedora que não conhecia e sendo o primeiro jogo de consoles pela LINE Games, parte de grande conglomerado coreano que além do aplicativo de conversas, também lança vários jogos mobile, não sabia o que esperar do jogo.

Com sua duração média entre 20 e 30 horas para conferir todos os finais, Buried Stars tem uma premissa ambiciosa, mas um desfecho humano, verdadeiro e um pouco previsível. O grande problema do jogo, porém, é o ritmo, que cansa o jogador ao barrar o avanço da história atrás de várias seções de conversas que pouco revelam o que já não estava claro para o jogador. É um promissor começo para essa parceria entre essas empresas, porém o valor alto afaste até alguns entusiastas do gênero.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela LINE Games.

Veredito

Buried Stars entrega uma premissa interessante e atual, porém com uma execução que poderia ser refinada a fim de tornar a experiência do jogador menos cansativa.

75

Buried Stars

Fabricante: Studio Largo

Plataforma: PS4

Gênero: Visual Novel

Distribuidora: LINE Games

Lançamento: 30/07/2020

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

Veredict

Buried Stars delivers an interesting and current premise, although with an execution that could be refined in order to make the player’s journey less tiresome.