Bug Fables: The Everlasting Sapling – Review

Bug Fables tem uma inspiração bastante aparente na série Paper Mario da Nintendo, especialmente no primeiro título de Nintendo 64 e sua sequência, The Thousand Year Door, no Gamecube. A inspiração é presente no estilo artístico, sistema de batalha, conteúdo opcional e em cada aspecto do jogo, inclusive mantendo boa parte dos prós e contras da fórmula desses RPGs clássicos. No entanto, Bug Fables não se limita a apenas imitar suas inspirações, mas também traz suas características únicas para se destacar.

A história acompanha a abelha Vi, o besouro Kabbu e o mariposa Leif que, após alguns acontecimentos, se juntam como um trio de aventureiros para procurar o broto da eternidade (tradução livre) por ordem da rainha das formigas. Vi é uma personagem agitada e que constantemente foca nos tesouros e recompensas das aventuras. Kabbu é um nobre besouro que procura ajudar a todos sempre que possível e tenta o possível para dar suporte aos seus companheiros de equipe. Leif tem uma personalidade sarcástica e excêntrica cujo desejo principal é descobrir seu passado perdido. Com personalidades tão distintas, a equipe funciona muito bem em seus diálogos, sejam eles em relação a busca pelo broto da eternidade ou comentários sobre as localidades em que se aventuram.

Por sinal, o mundo de Bug Fables é interconectado e tem uma variedade impressionante de diferentes biomas. Cidades de diferentes espécies, florestas, pântanos, desertos e muito mais estão presentes na aventura e é necessário também destacar os NPCs que aparecem durante a jornada. Apesar de não terem diálogos complexos, suas aparições em objetivos opcionais ou pequenos comentários sobre seu dia-a-dia ajudam a trazer um senso de vida para o mundo.

Explorar cada cenário com atenção é bastante recomendado, pois existem muitos segredos muito bem escondidos neste jogo seja atrás de pedras, mato ou em algum canto cuidadosamente escondido da câmera. Muitos desses segredos tornam-se necessários em quests opcionais, sendo que muitas dessas têm histórias e até mesmo calabouços completos para se explorar. O passado de Leif, por exemplo, é revelado por meio de uma quest opcional e não pela história principal. Um minigame completo de cartas está escondido em uma loja secreta. A variedade de segredos no título é fenomenal. No entanto, assim como sua inspiração, muitas side-quests adoram jogar a equipe de um canto isolado do mundo para outro na procura de um item absolutamente inútil e pentelho de ser encontrado com uma recompensa que se resume a uma enorme perda de tempo.Essas verdadeiras encheções de linguiça podem ser prontamente ignoradas sem consequência, felizmente.

Ao se avançar na aventura, cada personagem adquire habilidades dedicadas à exploração e que são utilizadas para navegar localidades antes inacessíveis e para resolver pequenos quebra-cabeças nestes locais. Os quebra-cabeças, em sua grande parte, são chatas distrações na aventura cuja solução não é difícil, no entanto, realizá-la torna-se um exercício de paciência e frustração. Por exemplo, muitos destes quebra-cabeças envolvem uma habilidade de Leif de congelar água e criar um bloco de gelo e utilizar o chifre de Kabbu para mover esse bloco até certo ponto. Saber onde é necessário colocar o bloco não é difícil, mas levá-lo até o ponto necessário é uma tarefa simplesmente tediosa. Em alguns locais, não é difícil que o bloco quebre ou caia de um abismo, forçando o jogador a repetir a tediosa tarefa do começo.Outros quebra-cabeças melhores envolvem o bumerangue de Vi e, felizmente, são mais rápidos de serem concluídos e prontamente esquecidos.

Quando não se está explorando, a equipe batalha outras espécies e demais inimigos que cruzam em sua aventura. A estrutura básica do sistema de batalha é semelhante aos Paper Mario clássicos, ou seja, um sistema de batalhas por turno, onde cada ataque pode ser melhorado por meio de um pequeno minigame que, normalmente, envolve apertar um botão no tempo correto, uma sequência, segurar e soltar, etc. Cada personagem tem sua vez no turno e é possível dar turnos para outro, possibilitando que um único integrante tenha duas ou mais ações. No entanto, múltiplas ações causam fadiga e, consequentemente, uma diminuição no poder de ataque. Cada personagem conta com suas próprias habilidades que utilizam dos “pontos de time” que são compartilhados pela equipe fazendo com que o jogador não possa abusar sempre das habilidades. Por último, cada personagem pode ser customizado por meio de medalhas que alteram seus status, trazem condições especiais e por aí vai.

Uma dessas medalhas, em especial, é o modo difícil do jogo e onde jaz a melhor experiência do sistema de batalha e cuja experiência teve um cuidado bastante grande em termos de balanceamento. Derrotar chefes principais e opcionais no modo difícil traz como recompensa novas medalhas que permitem customizar ainda mais os personagens e criar novas estratégias de batalha. Existem dois problemas estruturais na experiência que acabam atrapalhando o que é, essencialmente, um ótimo sistema de combate.

O primeiro é que não é fácil aumentar o ataque de sua equipe, sendo que o único método que encontrei para isso era por meio das medalhas. Eventualmente na aventura, os inimigos e chefes começam a ter mais pontos de defesa enquanto seu ataque permanece, virtualmente, estático. A consequência disso é que os numerosos combates tornam-se mais longos e o jogador irá focar em aumentar o ataque de um único personagem (Kabbu, provavelmente) e irá passar a jogar quase que somente com ele em combate com Leif e Vi servindo ocasionalmente de suporte. Como cada fase tem vários combates, não há uma recuperação fácil e qualquer dano e recurso gasto é importante, todo turno é bastante importante em definir a vitória ou derrota da equipe. Isso mantém o jogador bastante atento em desenvolver sua estratégia de batalha, mas também torna-se relativamente cansativo quando enfrentando o inimigo número 500 pela milésima vez.

O segundo problema é em relação aos chefes e, mais especificamente, quando estão para serem derrotados. Nos momentos finais da luta, o chefe simplesmente realiza várias ações em sequência e ignora toda lógica do combate. O resultado é que o chefe irá se buffar, chamar reforços, atacar, matar um ou dois integrantes de sua equipe e se recuperar em um único turno (aconteceu comigo e mais de uma vez). Em um combate onde cada ação é importante para o resultado final, essa sequência simplesmente destrói qualquer estratégia cuidadosamente montada pelo jogador em questão de segundos. A consequência é que a primeira batalha contra chefes simplesmente trata-se de entender seus padrões e quando essa sequência de ações ocorre para que, num segundo confronto, possa derrotá-lo. É um pico de dificuldade artificial que serve para simplesmente frustrar os jogadores e roubá-los de uma merecida vitória.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Dangen Entertainment.

Veredito

Nos seus melhores momentos, Bug Fables demonstra uma aventura protagonizada por um grupo de insetos amigos enfrentando os perigos de sua jornada para conseguir um grande tesouro. A expectativa de se encontrar um segredo bem escondido, o orgulho de conquistar um calabouço repleto de armadilhas e a excitação de se vencer uma dura batalha estão todos presentes na aventura. No entanto, para cada aspecto em que se sobressai, existem os poréns que, aos poucos, afetam o que poderia ter sido uma incrível e inesquecível aventura.

80

Bug Fables: The Everlasting Sapling

Fabricante: Moonsprout Games

Plataforma: PS4

Gênero: RPG

Distribuidora: DANGEN Entertainment

Lançamento: 28/05/2020

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim

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Veredict

In its best moments, Bug Fables shows an adventure led by a group of three bug friends facing the dangers of their journey to obtain a great treasure. The expectation of finding a well hidden secret, the pride of conquering a dungeon filled with traps and the excitement of winning a difficult battle are all present in the adventure. However, for each aspect that defines the title, there are some minor issues that mess up what could have been an incredible and unforgettable adventure.