BioShock Infinite é, sem exageros, um dos melhores jogos de todos os tempos. Uma frase dessas é pesada. Afinal, ser melhor em tudo requer que não tenha falhas, que seja completo. E BioShock Infinite consegue e diria que vai além.
Você controla Booker DeWitt, um ex-agente de Pinkerton que viu e fez muitas coisas ruins. Por causa disso, Booker acaba se envolvendo com apostas para cobrir o seu passado negro e fica devendo dinheiro para as pessoas erradas. Para poder pagar suas dívidas, ele recebe a proposta de ir para Columbia, resgatar uma garota (Elizabeth) e, assim, estará quite.
Mas acredite, este é apenas o início banal de uma história fantástica, com reviravoltas incríveis. Não quero e não posso entrar em detalhes para não estragar sua diversão, pois parte dela encontra-se em aproveitar a história ao máximo.
Se você jogou os outros dois BioShock, sabe como ela se desenvolve: não há cutscenes (no máximo algumas cenas não controláveis) e, agora, com a presença de Elizabeth em boa parte do game, você vê toda a evolução da narrativa na sua frente, e não em forma de áudio/rádio, como acontecia nos jogos anteriores. E finalizo: a história de BioShock Infinite é muito melhor que as dos dois outros jogos da série; só para você ter uma noção do quão boa e impactante ela é. E se você tem problemas com o inglês, não se preocupe: há legendas em português do Brasil.
Como dito anteriormente, BioShock Infinite acontece por volta de 1912 em Columbia, uma cidade flutuante e extremamente patriota (ela se considera os “verdadeiros” EUA). Assim que você chegar na cidade, poderá explorá-la e ver todas as atrações que acontecem. Ela é viva, lotada de NPCs (personagens não controláveis) fazendo coisas diferentes, cada um deles. Os gráficos são um show à parte, sem contar os efeitos sonoros. No entanto, na versão de PS3, principalmente neste início, você notará muito “screen tearing” e este é o único defeito de todo o jogo. “Screen tearing” é quando você move a tela rapidamente para uma direção e nota que determinadas linhas não conseguem acompanhar isso, deixando a imagem dividida e desincronizada. Há opções que podem configurar isso, mas nenhuma delas elimina totalmente o problema. Mas não se importe com isso: o “screen tearing” só é notável no início do jogo, quando está vendo com calma a cidade. Depois que a ação de fato começa, você nem perceberá isso mais – ainda bem, diga-se de passagem.
Mas sabemos que BioShock é um shooter e que é baseado em três pontos: “loot”, tiroteio e poderes sobrenaturais. Os três estão em Infinite mais fortes do que nunca. Você terá que explorar todo o canto do cenário para adquirir itens e garantir que não morrerá nas batalhas; terá que evoluir suas armas e usar a munição com consciência e deve usar os Vigors (os novos “Plasmids”, para quem jogou os outros da série) para, por exemplo, lançar bolas de fogo, corvos, água e até mesmo possuir (no sentido de controlar) objetos.
Os controles são intuitivos: o lado “L” controla os Vigors, enquanto que o “R” as armas. Triângulo é golpe físico, X pula, quadrado é o botão de interação com o cenário, O agacha, R3 é zoom, L3 corre e o D-Pad possui funções como indicar onde você deve ir ou escutar a última gravação de áudio que você encontrou. “Gravação” é apenas um dos inúmeros colecionáveis que BioShock Infinite possui, que variam desde o aumento de sua barra de vida/escudo/”fuse” (este último é a barra para usar os Vigors) até ver todos os caleidoscópios espalhados pelo jogo. Há também os “Gear”, itens que fornecem variadas estatísticas para o jogador (cause 50% de dano a mais em determinados inimigos, tenha 50% de chance de deixá-los em chamas com golpes físicos e muito mais), podendo carregar até quatro variações ao mesmo tempo.
Há outros elementos de gameplay envolvidos, como as “skylines”. Essas trilhas que podem ser navegadas pelo personagem fornecem uma novidade nunca antes vista nos outros FPS. Mesmo estando altas, você é sugado a elas devido a um efeito de magnetismo (basta apertar X olhando para elas) e começa a andar nelas como se estivesse em um trilho de trem. Enquanto navega, pode apertar O para pegar o caminho oposto ao que está andando, ou X e uma determinada direção para pousar. Não se preocupe que a ação é desenvolvida aos poucos neste sentido – no início os trilhos serão os mais básicos possíveis, sendo que no fim você já estará craque navegando neles.
Mas a verdadeira atração de BioShock Infinite é Elizabeth. Cerca de 75% do jogo você estará acompanhado dela. Quando se pensa na adição de uma personagem acompanhando o seu, sem dúvida há uma preocupação em como isso afetará a sua diversão, principalmente considerado o fato de que se precisaríamos protegê-la. E aqui justamente o contrário acontece: Elizabeth protege você. Ela jogará itens de tempos em tempos (como dinheiro, em momentos “calmos”, e munição/fuse/vida durante o combate) e não precisa ser protegida (o seu foco sempre será nas batalhas contra os inimigos, não há um momento que você deve se preocupar em ver onde ela está). Elizabeth inclusive adiciona elementos de gameplay nos combates – por ser uma pessoa especial, ela pode abrir o que chamamos de “Tear”: espécies de portais para um mundo paralelo e trazer, de lá, coisas que podem ajudá-lo, como turrets, munição/vida ou ganchos que você pode se pendurar.
Mas o charme de Elizabeth não acaba por aqui. Em vários momentos você se pegará vendo o que ela está fazendo pelo cenário. É incrível a sua programação: ela encostará em paredes enquanto espera pela sua coleta de itens, verificará papéis nas mesas e NPCs espalhados pelo cenário e muito mais. Isso sem contar os fatos “realmente” programados, para que a história avance. Sua expressão facial é simplesmente incrível, sem contar a excelente dublagem de Courtnee Draper.
A dublagem de Courtnee é tão boa, que inclusive há uma canção logo no início (que também acaba se tornando a música tema do jogo: “Will The Circle Be Unbroken”) que é simplesmente sensacional. A trilha sonora, de forma geral, é impecável. Alguns exemplos do que você escutará:
Will The Circle Be Unbroken:
Lacrimosa – Mozart:
Requiem Rex Tremendae (Karajan) – Mozart:
Mas não pára por aí. BioShock é conhecido por usar músicas antigas em seu repertório, e Infinite continua com essa característica. O vídeo abaixo mostra algumas delas espalhadas pelo jogo (não há spoilers, todas as seleções foram feitas das partes iniciais):
BioShock Infinite possui algumas coisas que você sente que foram reaproveitadas dos jogos anteriores: principalmente os inimigos. A movimentação deles é muito parecida com os que estavam presente em Rapture, assim como os Handyman são os novos Big Daddy mas sem suas Little Sisters (mas neste caso a comparação é injusta, Handyman possui animações únicas, o que queremos dizer é que é um inimigo grande, que não “sente dor” e com muita vida). Fora isso há os “Patriots” e alguns outros inimigos que usam Vigors. Apesar de serem pouco variados, você não se incomoda com isso, pois o cenário de combate é sempre diferente (sem contar a ambientação de Columbia ser totalmente distinta de Rapture), tornando a batalha também diferente. E a cada instante você adquire um novo Vigor ou uma nova arma. No fim, isso não se torna um ponto negativo. E fica o alerta: o jogo é bastante desafiador. Quando derrotar a Siren, você saberá do que estou falando.
A campanha de BioShock Infinite é relativamente longa para um FPS (cerca de 10 a 15 horas, dependendo do quanto você ficar “looteando”).
BioShock Infinite é simplesmente perfeito. Todos os aspectos técnicos são de fazer o seu queixo cair, a história é perfeitamente construída, possui diversão garantida (terminei o jogo ontem e já penso em jogá-lo novamente) e você se apaixonará por Elizabeth. A Irrational Games conseguiu novamente um jogo incrível. Merecem uma salva de palmas com todos nós de pé.
— Resumo —
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História/Narrativa/Enredo
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Todos os aspectos técnicos (gráficos, sons, jogabilidade)
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Elizabeth e sua inteligência artificial
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Desafiador
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Experiência única
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“Screen tearing” notável principalmente no início