Batman: Return to Arkham

Quando Batman: Arkham Asylum saiu em 2009, fez algo que poucos ousaram fazer: quebrou a regra que definia que jogos baseados em super-heróis eram sinônimo de cópias baratas de genêros de sucesso. Arkham Asylum apresentou uma experiência inédita até então, com gráficos de ponta e gameplay exemplar, copiado por muitas franquias a partir dali. Arkham City, em 2011, fez o impensável e entregou um jogo que melhorava e ampliava os horizontes do título anterior. Desde então, ambos os jogos tornaram-se referências em seu gênero e agora, 7 anos após o início da franquia Arkham, eles retornam para os consoles atuais na coletânea Return to Arkham, prometendo melhoras nos gráficos e apresentando para uma nova geração de jogadores duas grandes experiências.


Para quem não conhece, a história de Arkham Asylum envolve a rebelião dentro da prisão psiquiátrica por parte do Coringa e diversos vilões do homem-morcego. Cabe a Batman recapturá-los nas diversas alas e prédios que compõem o Asilo. Já em Arkham City, Batman entra na prisão construída para substituir o Asilo e a prisão Blackgate, dirigida pelo insano psiquiatra Hugo Strange. Bruce entra na prisão para investigar as reais intenções da construção do local e o que isso pode significar para o futuro de Gotham, lidando mais uma vez com seus icônicos arquinimigos.


Para esta versão, os jogos foram portados para a Unreal Engine 4 pela empresa Virtuos, retrabalhando a iluminação, texturas, draw distance e efeitos do jogo, sendo que anteriormente eles rodavam na terceira versão da Unreal Engine. Comparando lado a lado com a versão original na mesma televisão, nota-se que o jogo realmente ficou mais definido e com um tom mais realista em suas texturas, especialmente Asylum, o que poderia ser ainda mais proveitoso se não fossem por alguns deslizes técnicos.

A maior diferença entre a nova versão e a anterior tem resultados mistos, com um bom trabalho de iluminação, definição e texturas ao longo dos cenários, porém contrastando com alguns efeitos mistos nos modelos dos personagens, resolução e framerate. Um gráfico mais limpo e definido não é sempre sinal de uma melhor experiência. Aqui, a parte mais sentida são os modelos dos rostos dos personagens que, devido à mudança de iluminação e saturação de cores, refletem o envelhecimento do gráfico mais do que no original, com alguns resultados em que o modelo de certos personagens parece mais "lavado" do que outros, como é o caso do Coringa e do Comissário Gordon, por exemplo.

Ambos têm a resolução 1080p, ao invés da 720 original no caso de Asylum. Porém, como testado em sites como o DigitalFoundry, há uma resolução dinâmica que faz a estabilidade variar constantemente. A constância dos 30fps em ambos os jogos também é afetada em alguns momentos, como em transições de cenários, momentos de muita ação (apesar de uma alteração menor nesse caso) e tomadas panorâmicas no local destacando o caminho a ser perseguido, o que é algo que incomoda se formos levar em conta a idade dos jogos. Lembrando também que nesta versão há apenas uma opção de controle, ao contrário das duas opções no original, que apenas alteravam a ordem do mapeamento dos gatilhos.

Arkham Asylum, o primeiro jogo, continua incrivelmente fluído e gostoso de se jogar. O primeiro que lançou a ideia de ser o Batman, com mecânicas de combate que oferecem um gameplay fluido e intenso, que se transforma em um balé rítmico de pancadaria e acerto no timing do controle do jogador. O mesmo pode se falar de Arkham City, que transformou a mecânica de planar do primeiro e criou uma das formas de travessia em mundo aberto mais interessantes e funcionais de seu tempo. É evidente que o gameplay foi sendo refinado ao longo dos títulos, assim, aqueles que jogaram Arkham Knight anteriormente podem sentir o combate um pouco duro e sem muitas abordagens no modo stealth, mas ainda assim entrega competentemente na proposta de cada título, nunca tendo um desempenho insatisfatório ou se tornando uma experiência maçante.

Uma das características mais marcantes da franquia, além do gameplay, é o extremo cuidado nos detalhes dos cenários e uma direção artística sublime, combinando com o visual que respeita a mitologia do personagem nos quadrinhos, filmes e desenhos, criando um tom que mistura tudo que o herói ficou conhecido em seus mais de 75 anos de história. Os gráficos continuam lindos em seus detalhes, sejam os corredores povoados por seus insanos moradores de Asylum, seja em fachadas com neon e violência de Arkham City, tudo tem um nível de detalhes e cuidado por parte da Rocksteady, escondendo centenas de referências do universo do personagem. Até hoje, poucos jogos chegam ao nível de polidez nos detalhes de tais games.

É notável como a Rocksteady conseguiu amarrar uma história coerente e interessante encapsulando diversas facetas de vilões, heróis e momentos icônicos em toda a franquia. O clássico conflito entre Batman e Coringa, dublados pelos lendários Kevin Conroy e Mark Hamill, é explorado no lado físico e psicológico, evoluindo através da história e se transformando em algo muito maior e complexo do que o mero herói e vilão. Outros inimigos como o Espantalho e o Dr. Freeze também têm seus momentos de brilharem em fases que diversificam o gameplay e, no caso do encontro com o segundo, chegam a ser verdadeiras aulas de gameplay e design. Paul Dini, criador da série animada do Batman, escreve a história dos dois games e entrega algo digno das melhores histórias do homem-morcego em qualquer mídia.

Apesar da atenção aos detalhes no mundo e nos vilões, a real estrela do jogo é o Batman. A todo o momento o jogador se sente como o herói, seja na investigação no Modo Detetive, na hora de cair na porrada contra os bandidos ou na abordagem mais silenciosa e não menos letal de acabar com um grupo inteiro de capangas armados. Todos os gadgets e upgrades que vão sendo adquiridos só aumentam a satisfação de cada momento sendo o homem-morcego. O personagem apresenta em suas cicatrizes e rasgos na roupa que não é um ser estático às mudanças naquele universo, que vai sendo alterado na mesma proporção.

O jogo inclui todos os DLC's lançados para a versão original. Dos 4 Challenge Maps, incluindo os do Coringa (exclusivos para o PS3 na época de lançamento do original) em Asylum, até as missões paralelas da Mulher-Gato e a Vingança de Arlequina, com todas as skins alternativas em City. São 119 troféus no total, os mesmos das versões originais.

Infelizmente não há nenhuma adição substancial no pacote, os jogos em sua essência são exatamente os mesmos lançados anos atrás. O que talvez não justifique o preço de lançamento do pacote para aqueles que já tiveram a experiência Arkham em outros consoles. Muitos podem se perguntar da ausência de Batman Arkham Origins (que curiosamente já tinha sido lançado em um bundle com os outros dois jogos em uma coletânea para PS3 na Europa) ou do Origins Blackgate, os prequels da série principal, não desenvolvidos pela Rocksteady.

Ambas as campanhas duram aproximadamente 10 a 15 horas para serem finalizadas, mas há muito mais há ser feito após terminá-las. Para os aficionados em coletáveis de plantão, o mundo de Arkham está recheado com troféus do Charada, que combinam coletáveis, exploração de cenários e puzzles engenhosos. Há também itens a serem destruídos e biografias de personagens, passando por missões secundárias muito bem executadas em City, que na época davam dicas de eventos que viriam a ter papel principal em Arkham Knight. Ambos os jogos tem tradução com legendas em português, algo inédito no caso de Asylum.

Veredito

Batman: Return to Arkham reúne dois dos melhores jogos de super-herói já feitos, entregando história, ação e a experiência definitiva de controlar o cavaleiro das trevas. A versão para PS4 mantém a qualidade do original, porém, o desempenho do jogo não é 100% consistente em sua taxa de quadros que varia constantemente e algumas alterações estéticas podem desagradar os puristas. Apesar disso, o estilo mais metroidvania de Asylum, combinado com o mundo aberto de City criam dois títulos que não se anulam, mas se complementam e tornam-se uma bela dupla dinâmica para os fãs de jogos de ação e aventura que ainda não tiveram a chance de adentrar o universo recheado de vilões e gargalhadas mortais da série Arkham.

Jogo analisado com o código fornecido pela WB Games.


 

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87

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