Arizona Sunshine

Arizona Sunshine é um FPS desenvolvido exclusivamente para ser jogado em um ambiente de Realidade Virtual. Lançado em dezembro de 2016 para PC (HTC Vive e Oculus Rift), o jogo teve um ótimo recebimento tanto da crítica quanto dos jogadores. Desse modo, uma versão para PSVR era mais do que aguardada. No entanto, infelizmente, a versão de console falhou em entregar uma experiência equivalente à sua versão para PC.

Antes de começar, vale explicar que o PSVR e o hardware mais limitado do PS4 (quando comparado a um PC de última geração) detêm boa parcela da culpa nas falhas encontradas no jogo. Também vale mencionar que a análise é baseada no jogo rodando em um PS4 normal, sendo que a desenvolvedora recomenda o PS4 Pro para visuais melhorados.

Dito isso, já fica meio que claro que um dos primeiros defeitos encontrados em Arizona Sunshine são seus gráficos. Houve um bom downgrade visual para permitir um desempenho estável do jogo no PSVR, visto que é necessária uma taxa de quadros por segundo bem alta para evitar incômodos. O resultado não é um desastre completo, mas é algo que beira a gráficos de PS2, com texturas em uma resolução mais baixa e ambientes não tão detalhados.

Os inimigos também são bem genéricos, todos sendo baseados em um mesmo modelo (feio, por sinal) com diferentes skins aplicadas. O jogo inteiro gira em torno da matança de zumbis, sendo estes o único tipo de adversário a ser encontrado. Há somente uma diferença aparente entre eles: alguns são mais ágeis e correm atrás ao avistar o jogador, enquanto outros só demonstram algum tipo de reação ao se chegar muito próximo.

O segundo grande problema de Arizona Sunshine chega a ser até uma contradição, pois está atrelado a uma de suas características mais divertidas. Explico: o jogo é um FPS que, graças à realidade virtual e ao rastreamento de movimentos, consegue simular com realismo a sensação de estar atirando. Não existe um retículo para te auxiliar a mirar nos inimigos – você realmente tem que atirar como na vida real, aproximando a arma do seu rosto e alinhando o alvo dentro das miras existentes no cano da arma. É necessário inclusive fechar um olho para ter mais precisão no tiro.

O realismo no tiro, apesar de muito divertido (e extremamente prazeroso quando se acerta um headshot), sofre com as limitações de rastreamento do PSVR. A solução de realidade virtual utilizada no PS4 se baseia no rastreamento das luzes emitidas pelo capacete e pelos controles para o cálculo de profundidade e posição. Acontece que isso traz muita imprecisão quando a luz é bloqueada ou sofre interferência de outros meios luminosos, como lâmpadas ou até sobreposição de luzes dos controles e do capacete. Isso resulta em uma mão virtual que sofre com tremedeiras e deslocamentos esquisitos dependendo da movimentação do jogador, exigindo constante recalibração dos controles e um exercício de paciência em alguns momentos.

Houve um esforço da desenvolvedora em deixar o título acessível a diferentes configurações. É possível aproveitá-lo utilizando um par de PS Move, o DualShock 4 ou o PSVR Aim Controller (um controle personalizado para jogos FPS do PSVR, desenvolvido pelo time de Farpoint), cada um com suas vantagens e desvantagens. Infelizmente, não tenho o Aim Controller, então não sei dizer a respeito de seu desempenho no jogo.

O uso de um par de PS Move, como sempre, é o mais recomendado, pois deixa suas duas mãos livres para realizar tarefas diferentes e traz mais imersão, sendo possível inclusive sair atirando com uma arma em cada mão, algo muito válido em momentos de desespero. O deslocamento, entretanto, é melhor no DualShock 4, devido às duas alavancas que dão uma melhor resposta na movimentação. Apesar disso, não recomendo jogar no DualShock 4, pois a experiência é péssima, principalmente no quesito de mira, extremamente imprecisa.

Movimentação é outro aspecto bem explorado pela desenvolvedora para agradar a todo tipo de jogador. Como existe o problema de enjoo por movimento em realidade virtual, são oferecidas diferentes configurações para cada jogador testar e escolher aquela mais confortável. É possível se movimentar da maneira clássica, simulando o caminhar de um ser humano, ou usando de teleporte (apontando para um local dentro de um raio de alcance, sendo teleportado instantaneamente até ele). A câmera também pode ser rotacionada de maneira contínua ou em transições suaves com diferentes ângulos de rotação disponíveis.

Arizona Sunshine possui uma campanha com uma boa duração (cerca de quatro horas), misturando exploração com momentos de tensão. Os zumbis, no entanto, não são nem um pouco amedrontadores; sua adrenalina vai subir mesmo quando eles aparecerem em hordas e você se encontrar em um espaço limitado. Uma coisa que fez falta foi o jump scare, aqueles momentos em que você leva um susto, ausentes neste jogo.

Existe uma história na campanha, mas ela não tem tanta relevância, servindo apenas como suporte para se avançar pelos cenários. O protagonista se encontra sozinho nas terras áridas do Arizona, em um mundo pós-apocalíptico. Em uma de suas andanças ele encontra um sinal muito fraco sendo transmitido pelo rádio. Curioso diante da possibilidade de encontrar outros sobreviventes, ele parte em busca da origem da transmissão de áudio.

Como o protagonista vive sozinho provavelmente há muito tempo, na maior parte da campanha ele fica fazendo monólogos e comentários debochados a respeito da sua situação e também dos zumbis, carinhosamente apelidados de “Freddy”. Confesso que não gostei da atuação e fiquei desejando uma opção de se jogar sem ouvi-lo.

A campanha pode ser jogada em quatro dificuldades diferentes, sendo que na mais fácil existe uma retícula para auxiliar a mira. Não percebi mudança na quantidade e posicionamento dos zumbis a cada aumento de dificuldade. O que percebi foi que eles causam mais danos ao atingir o jogador e a munição começa a ficar mais escassa, com a última dificuldade sendo apenas para os que realmente apreciam um desafio.

Há quatro classes de armas de fogo, apresentadas com diferentes aparências, dando a falsa sensação de grande variedade. Além delas, há também granadas (infelizmente, o processo de jogá-las é ruim e impreciso). Em certos momentos é possível utilizar rifles com mira telescópica e metralhadoras com munição infinita, que são um dos pontos altos da campanha devido à imersão proporcionada no manejo do rifle e do simples prazer de obliterar hordas de zumbi com a metralhadora. Há também uma fase bem escura, em que uma de suas mãos fica ocupada com uma lanterna (opcional) iluminando apenas onde você apontar, o que traz bastante imersão e tensão.

Além da campanha, há um modo horda, que ocorre em um mapa específico, em que o jogador precisa se defender de ondas de zumbis. É um modo muito divertido e desafiador, que traz uma boa experiência com o uso da realidade virtual e do som 3D, fazendo com que você tenha que se preocupar com zumbis te atacando de todos os ângulos. Infelizmente, existe apenas um mapa, o que acaba enjoando no longo prazo. Há também um quadro de líderes com a pontuação de mortes e quantidades de ondas sobrevividas pelos jogadores, incentivando o replay.

Há ainda, exclusivamente para o PSVR e especificamente para o Aim Controller/DualShock 4, uma opção de se jogar a campanha utilizando armas de duas mãos. Como expliquei anteriormente, não possuo o Aim Controller e jogar no DualShock 4 é uma experiência horrível, então aproveitei muito pouco dessa exclusividade.

Tanto a campanha quanto o modo horda podem ser jogados online com outros jogadores. É possível jogar a campanha de maneira cooperativa com mais um jogador, enquanto o modo horda pode ser aproveitado com até mais três jogadores. Encontrar pessoas para jogar é bem tranquilo e não demora muito. Não entendo a razão, mas a movimentação dos outros jogadores muitas vezes é apresentada de maneira bizarra, com membros do corpo deslocando-se de maneiras impossíveis. É um defeito que acaba sendo mais engraçado do que problemático. Vale comentar que o contato com outros jogadores em um ambiente de realidade virtual é bem interessante e abre vários tipos de oportunidades de se comunicar por meio de seu corpo, tanto com gestos simpáticos como com ofensivos…

Arizona Sunshine é um título que garante diversão, mas que o jogador deve fazer algumas concessões em termos de gráfico e desempenho para se aproveitá-lo. É um jogo que sofreu com as limitações tecnológicas do PSVR e também com um mal timing de lançamento, muito próximo a Farpoint, outro FPS exclusivo de realidade virtual que entregou uma experiência muito superior (e que com certeza possuía um orçamento bem mais robusto e um apoio técnico direto da Sony). Infelizmente, o valor cobrado pelo jogo está muito elevado, portanto, embora recomendável, sugiro aguardar por uma baixa de preço.

Veredito

Arizona Sunshine foi um título para Realidade Virtual que teve um recebimento positivo nos PCs. Sua chegada aos consoles, no entanto, trouxe uma experiência inferior, em parte devido à tecnologia de rastreamento do PSVR, que sofre com problemas de oclusão e interferência de outras fontes luminosas. Um dos pontos altos do jogo é a maneira de mirar e atirar, muito próxima da vida real. O jogo possui uma campanha de boa duração, mas é no modo Horda, enfrentando ondas infinitas de zumbi, que o jogador irá se divertir e passar mais tempo.

Jogo analisado com código fornecido pela Vertigo Games.


 

Veredito

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Veredict

Arizona Sunshine is a game developed for Virtual Reality devices that was well acclaimed on PCs. The release for the Playstation VR, however, brings an inferior experience, partially due to the tracking technology of the PSVR, which suffers with occlusion problems and interference from other light sources. One of the highlights of the game is the way players aim and shoot, which is very similar to real life. The game has a campaign mode with a good length, but the player will probably enjoy and spend most of the time in the Horde mode, facing infinite zombie waves.